30 de dezembro de 2008

Tá acabando...

Está chegando o final de 2008.

Foi um ano tranquilo no aspecto pessoal e profissional, e muito instigante aqui no blog.

Afinal de contas, foi neste ano que a coisa realmente "pegou no breu". Apesar de algumas fases de inconstância nas postagens (pura preguiça, reconheço), foi este ano que a coisa resolveu fluir.

E mais importante do que isso, um pequenino mas dedicado grupo de leitores honrou-me com sua atenção e, às vezes, com as suas opiniões. (O Hermê fala de seus 4,5 leitores. Devo estar com 1,3 , mais ou menos...)

A cada um de vocês, obrigado por gastarem parte de seu precioso tempo neste espaço. A qualidade de vocês mereceria um escriba mais assíduo e mais inspirado, com certeza.

Feliz 2009 para cada um e para os seus.


E lá vou eu pro meio do mato...

29 de dezembro de 2008

Agora que o Natal passou...

Neste intervalo entre os dois feriados, vamos nós de novo:

- A CIA está usando o Viagra como arma na guerra no Afeganistão. Seus agentes tem buscado atrair os geralmente idosos chefes tribais para a luta contra o Taleban/Al Qaeda, especialmente como fonte de informações. As formas tradicionais de incentivo à cooperação são dar a esses chefes armas ou dinheiro. O problema é que as armas frequentemente caem nas mãos erradas, e o dinheiro é gasto rapidamente em brinquedos ostentatórios, um claro sinal para todos na região que o chefe tem um novo amigo rico (e que é rapidamente identificado como sendo a CIA), fazendo com que o chefe fique inútil como fonte de informações. A pequena pílula azul não deixa rastros visíveis, e muitas vezes os chefes (ansiosos para atender bem suas jovens esposas) querem mais, o que faz com que entrem no comércio de informações que a CIA deseja.

- Meses atrás, após anos e anos de discussões, foi anunciado pela Petrobrás que seriam construídas duas novas refinarias no Nordeste, sendo uma Ceará e outra no Maranhão. Pois bem, agora saiu um documento do Ministério das Minas e Energia colocando tudo em compasso de espera, mas sinalizando que provavelmente apenas uma das refinarias será construída. Sabendo-se que o Ministro de Minas e Energia é o senador maranhense Edson Lobão, e que existe uma figura chamada José Sarney, que dispensa comentários, adivinhem qual será o resultado? Vale ressaltar que até a chegada de Lobão ao ministério o Maranhão sequer aparecia entre os estados que concorriam para sediar a refinaria...

- Esta aqui é do The Best Article Every Day, via Antena Paranóica , e chama-se O Declínio da Civilização:


- E pra terminar: mudar direitos trabalhistas agora? No meio de uma crise?
Não é lindo...???



21 de dezembro de 2008

Overdose germânica

Por conta de meus hábitos televisivos, sempre assisti uma razoável quantidade de filmes europeus, especialmente documentários. Na maioria franceses ou alemães. O que para alguns (ou muitos) poderia ser uma chatice sem fim (e algumas vezes é...), para mim sempre foi algo que despertou bastante interesse. Óbvio que bom naco desses filmes remete aos acontecimentos da primeira metade do século XX. A 1ª Guerra, o surgimento do nazismo, a perseguição aos judeus, a destruição resultante da 2ª Guerra e a ascensão de governos comunistas no leste europeu são assuntos constantemente reiterados.

Nesses últimos dias, dois filmes alemães e um filme francês com temática alemã chamaram minha atenção.

O primeiro é A Vida dos Outros (Das Leben der Anderen), ganhador do Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira de 2007. O filme se passa na Alemanha Oriental do início dos anos 80 e tem como personagens principais um conhecido escritor, uma atriz (sua namorada), e um agente da Stasi, a temida polícia secreta, encarregado de vigiá-los. O modo como suas vidas vão se entrelaçando e os dilemas enfrentados pelo policial fazem do filme um dos mais instigantes dos últimos tempos. Recomendo.

Os outros dois são documentários. Um deles chama-se Berlim: Uma Praça, Um Assassinato e Um Comunista Famoso (Berlin Ecke Volksbühne), e é focado na história no século XX de uma pequena praça de Berlim que foi palco de inúmeros acontecimentos marcantes para a Alemanha. Por exemplo, lá se localizava a sede do Partido comunista alemão na época da República de Weimar, o que acabou tornando a praça local de constantes confrontos com as milícias nazistas. O filme retrata o auge e a decadência da região, sem esquecer do destino das famílias judias que lá habitavam. Interessante também é ver como um assassinato ocorrido no início dos anos 20 só vai ser solucionado mais de 60 anos depois.

O último é o documentário francês Idiomas não Mentem (La Langue Ne Ment Pas), que conta vida do filólogo alemão de origem judia Victor Klemperer, o qual apesar de convertido ao protestantismo e casado com uma alemã foi tragado pela perseguição nazista. Klemperer escreveu um longo diário (publicado no Brasil pela Companhia das Letras) em que relatou cada pequena agressão, privação e humilhação imposta pelos nazistas, e dava especial atenção ao modo como a língua alemã era maltratada e subvertida pelos nacional-socialistas. Uma das razões da importância desse relato é que o autor foi um dos raríssimos membros da comunidade judaica de Dresden que sobreviveu à guerra inteira e que nunca deixou à Alemanha, o que lhe dá uma posição ímpar como observador integral do processo.

Aliás, Klemperer é também uma das poucas pessoas que pode dizer que utilizou uma tragédia para escapar de outra ainda maior. Em 13 de fevereiro de 1945 os nazistas ordenaram que os últimos sobreviventes judeus em Dresden se preparassem para a deportação imediata. Naquela noite, entretanto, ocorreu o famoso bombardeio de Dresden pelos aviões aliados. Na confusão, Victor arrancou a estrela amarela das roupas e misturou-se aos demais refugiados em fuga.

13 de dezembro de 2008

12 de dezembro de 2008

Passando os olhos nas notícias

Uma passagem rápida por algumas notícias que despertaram a minha atenção nos últimos dias:

- A absolvição de um dos policiais envolvidos na morte do menino João Roberto, ocorrida no Rio em Julho deste ano, é daquelas notícias capazes de revirar qualquer estômago. Caramba, quer dizer que voltamos ao velho oeste, na base do atire primeiro e pergunte depois? Uma sentença como esta legitima todo tipo de exagero cometido por forças de segurança, ou seja, todos estamos correndo risco. Já não bastava o medo da ações dos marginais, agora temos que temer a polícia e seu despreparo?
E o que seria cômico (se não fosse trágico...) é que o júri absolveu o PM pela morte de João Roberto, mas condenou por lesão corporal contra a mão do menino e seu irmãozinho de 9 meses. Deu pra entender?

- Ronaldo Gord.., ops, Fenômeno, vai jogar no Corinthians. Como jogada de marketing, brilhante. Uniu um clube enorme, com torcida pra lá de apaixonada (às vezes meio delirante...), e um jogador ultra-conhecido e capaz de alavancar receitas as mais diversas. No campo puramente esportivo, é uma aposta de alto risco. Apesar de clinicamente recuperado, persiste a dúvida se Ronaldo voltará a ter condições de jogar futebol em nível competitivo. É esperar pra ver...
Ah! Não podemos esquecer que essa foi mais uma das diversas mancadas que a diretoria do Flamengo deu nos últimos tempos...

- Essa é uma daquelas notícias que quase passa batido pela mídia brasileira, ou quando muito tem divulgação restrita e atrasada. O comitê organizador das festividades de posse de Barack Obama na presidência dos EUA convidou para assistir às solenidades os remanescentes dos Tuskegee Airmen. Quem são eles? Apenas a primeira unidade 100% negra do Corpo Aéreo do Exército americano e que lutou nos céus da Europa e África do Norte na 2ªGuerrra Mundial. Sua destacada atuação em combate abriu as portas para que o Presidente Truman, em 1948, terminasse com a segregação nas forças armadas, o que se tornou (mesmo que naquela época não ficasse claro) a primeira conquista na luta pelos direitos civis dos negros.
De certa forma, é um ciclo se fechando. Os pouco mais de 300 sobreviventes poderão assistir até onde sua luta chegou: um negro na Casa Branca, sentado no Salão Oval.

- E pra terminar, faleceu aos 85 anos Bettie Paige, uma das mais famosas modelos dos anos 50, na época conhecidas como "pin-ups", e cujas imagens habitaram o imaginário de toda uma geração de marmanjos do mundo inteiro. Conhecida por sua ousadia, ela ficou especialmente famosa por participar de sessões de fotos e de filmagens em que um toque sado-masoquista era a tônica.
Se você não está ligando o nome à pessoa, segue uma amostra:







4 de dezembro de 2008

Ajudantes de Papai Noel - II

Está chegando o final do ano, aquela época de confraternizações e troca de presentes, freqüentemente por obrigação, não é ?

ERRADO !!!

Na realidade, está chegando a hora de mostrar o seu lado genuinamente bom (acreditem, todos temos um...), ajudando a fazer que o Natal de quem é menos favorecido seja um pouco mais alegre. Neste ano, principalmente, com a crise dando as caras e as tragédias naturais fazendo um estrago pra lá de considerável, o apelo fica redobrado.

Muitas são as formas: fazendo trabalho voluntário em instituições que atendem crianças, idosos ou moradores de rua, doando bens ou dinheiro para essas instituições, etc.

Novamente, a minha sugestão é o programa "Papai Noel dos Correios".

É o seguinte: todos os anos os Correios recebem milhares de cartinhas que crianças enviam para Papai Noel. No início, muitos anos atrás, os funcionários dos Correios abriam as cartas e as respondiam. Aos poucos foram aparecendo casos em que as cartinhas eram tão tocantes que era impossível ficar só na resposta escrita, o que levava alguns desses funcionários a se cotizarem para adquirir presentes para entregar aos remetentes. Para isso, muitas vezes, um dos funcionários se vestia de Papai Noel, e o momento da entrega era de uma emoção sem paralelo. A notícia dessas ações foi se espalhando, o número de cartas foi crescendo, e a partir de 1994 a direção dos Correios resolveu institucionalizar a prática e possibilitou que o público externo pudesse "adotar" cartinhas, entregando os presentes nas agências dos Correios, o qual se encarrega de realizar a entrega.

Nem preciso falar mais. Tire seu traseiro (e o resto do corpo também) da frente do computador e vá procurar as agências onde estão as cartinhas. Escolha uma, ou então pegue sem olhar. Qualquer dúvida, este é o link lá dos telefones de contato em cada estado.

Se por acaso você tem um blog ou página em um site de relacionamentos (Orkut, My Space, Facebook, etc.) , está intimado a ajudar a divulgar essa ação.

Papai Noel está recrutando voluntários. Por que não você?



P.S. Se você é um leitor atento e frequente deste espaço, deve ter notado que eu peguei o post do ano passado, dei uns ajustes e republiquei. Não era preciso reinventar a roda, né?

2 de dezembro de 2008

A febre da mudança se espalha

Responda sem pesquisar: qual o primeiro governo assumidamente socialista do continente americano?

Se você pensou naquele bando de barbudos entrando em Havana em 1959, errou. Até porque Castro só se assumiu socialista tempos depois...

Bem, a resposta correta é que foi o governo da província canadense de Saskatchevan, a partir da eleição em 1944, em que o Co-operative Commonwealth Federation (CCF) alcançou a maioria no parlamento provincial e seu líder, Tommy Douglas, tornou-se Primeiro-ministro.

Dentre as inúmeras medidas adotadas pelo governo do CCF, e que para a época foram consideradas revolucionárias, estavam a criação de diversas companhias estatais, sendo a principal a de energia elétrica, a criação de um seguro agrícola, a permissão para que os funcionários públicos se sindicalizassem e, principalmente, a extensão a todos os cidadãos da província do direito ao atendimento médico gratuito sem limites.

Aos olhos de hoje, medidas interessantes mas nada radicais. Mas para o final dos anos 40 e decorrer dos anos 50, com o mundo vivendo o auge do conflito leste-oeste, e com o macartismo ali do lado, convenhamos que não foi pouca coisa.

Agora os amigos podem perguntar: e porque você desencavou essa história?

Bem, o que me chamou atenção foram os fatos relatados neste artigo, que informa que os três principais partidos de oposição do Canadá (Partido Trabalhista, Novo Partido Democrático e o Bloco Quebecois) resolveram se unir e tirar do poder o Partido Conservador, que apesar de haver saído da última eleição como a maior bancada do parlamento, não conseguiu a maioria das cadeiras (ficou com 143 do total de 308).

O que é inusitado nessa ação, corriqueira em outros países, e certamente impulsionada pela deterioração da situação econômica e acompanhando um desejo de mudança externado pelos eleitores ao sul da fronteira americana, é que nunca houve um governo de coalizão a nível nacional no Canadá. Sempre foi permitido ao partido com maior bancada no Parlamento formar o governo, mesmo com minoria de parlamentares.

Dessa vez a oposição, juntando partidos de centro-esquerda, esquerda e os nacionalista de Quebéc, resolveu partir para o confronto, pediu à Governadora-Geral que permitisse a eles formar o governo. Ela ainda não se pronunciou, e pode negar o pedido, permitindo aos conservadores permanecer no governo.

Como era de se esperar, os conservadores estão furiosos, acusando os rivais de "golpe" (não parece familiar?). Ou seja, os próximos dias serão agitados no enorme irmão do longínquo norte...

Mas, vocês podem tornar a perguntar, afinal de contas onde está a ligação entre a primeira e a segunda parte deste post?

Bem, o CCF, que formou o governo socialista de Saskatchevan, uniu-se em 1961 aos principais grupos sindicais canadenses e deu origem ao New Democratic Party (Novo Partido Democrático), que é membro da coalizão que está tentando desalojar os conservadores. Pela primeira vez, o partido que foi pioneiro em diversos avanços sociais pode chegar ao poder à nível nacional, mesmo que como parte de uma coalizão.

Tommy Douglas, cuja vida foi objeto de uma mini-série intitulada "Gigante da Pradaria"(passou no Brasil pelo Hallmark Channel), esteja onde estiver, deve estar rindo à toa...

29 de novembro de 2008

O milagre aconteceu

Revertendo algo que mesmo a imensa maioria de sua torcida já considerava fato consumado, o Fortaleza escapou do rebaixamento para a série C.

Motivo para estarmos aliviados, mas sem direito a comemorar efusivamente.

A diretoria errou demais, desde o início do ano, e de quase todas as formas possíveis. Quase jogou pelo ralo o lento e, ao que parecia, seguro trabalho de reestruturação do clube, que já durava uns 8 anos.

Demos sorte, muita sorte. Os resultados dos adversários, nas últimas rodadas, foram exatamente o que precisávamos. E mesmo assim, quase colocamos tudo à perder.

Agora é levantar a cabeça e não repetir em 2009 os erros deste ano.

Porque a torcida tricolor não merece passar por esse sofrimento outras vezes.




(Post simultâneo com o Torcedor Obsessivo Compulsivo )

28 de novembro de 2008

Um prazer e uma honra

Ontem tive a oportunidade de transformar um conhecimento virtual em real.

Tomei uma geladas, acompanhadas de churrasco de carneiro, com um dos grandes da blogosfera brasileira.

Um grande abraço, Hermenauta.

Foi um prazer e uma honra.

27 de novembro de 2008

Eu estava quieto...

... aí o amigo Monsores começou a me catucar.Bem, lá vai:




Essa aí é a do Dylan que mais toca no meu carro...

26 de novembro de 2008

Casa de avó, chiqueiro de neto

Um dia desses, indo para o trabalho, ouvi no rádio o locutor afirmar que aquele era o Dia do Avô. Fiquei em dúvida se era isso mesmo, até porque não vi nenhuma outra menção ao assunto na mídia durante o dia.

De todo modo, desde lá fiquei com um pensamento recorrente: o que exatamente é ser avô.

Particularmente, quanto a esse tema, vivo em um certo limbo. Ainda não sou avô, se bem que já poderia ser (minha filha mais velha vai completar 24 anos e o do meio vai fazer 18 semana que vem...). E quanto aos meus avós, tive menos contato do que gostaria, pelo menos em 3/4 dos casos.

Explicando: os dois avós homens faleceram bem antes de meus pais se conhecerem. O avô paterno, de quem herdei o nome, foi levado pelo que provavelmente foi um dos últimos surtos de Gripe Espanhola, bem no início dos anos 40. E o avô materno, seu Júlio, que passou grande parte da vida administrando a construção de barragens sertão a dentro, viveu até o início dos anos 50, quando o que suspeito ter sido um câncer de pulmão o levou.

Quanto às avós, conheci as duas, mas em circunstâncias bastante diferentes. A avó paterna, Dona Cristina, morava no interior, em uma pequena cidade às margens do Rio Jaguaribe chamada Itaiçaba (esse nome já apareceu neste blog, procurem).

Aliás, esta semana, vendo as notícias da tragédia provocada pelas chuvas em Santa Catarina, lembrei de como Itaiçaba era vulnerável às enchentes. Várias vezes durante minha infância e adolescência ocorreram grandes inundações, com a água atingindo 5 ou 6 metros no centro da cidade (isso quer dizer mais de 10 metros acima do nível normal do rio).

Mas voltando à minha avó, tenho fotos de visitas que fizemos a ela quando eu tinha cerca de 1 anos de idade, e pude travar contato com a vida no interior, correndo atrás de bichos, andando de carroça, e por aí vai... Infelizmente, ela faleceu quando eu tinha apenas 3 anos, e por isso o contato foi muito limitado.

Quanto à avó materna, bem, a história é completamente diferente. Por um daqueles desencontros que a vida apresenta para todos nós, meus pais se separaram antes de eu completar 2 anos. e minha mãe voltou a morar na casa de minha avó. Resultado: desde então, e até o falecimento dela no meio da minha adolescência, Dona Júlia (esse nome...) foi presença marcante.

E olha que ela não foi aquele tipo de avó totalmente complacente com as atitudes do neto. Uma vida incrivelmente cheia de acontecimentos marcantes e dolorosos (acreditem, até hoje me arrependo de não ter gravado um depoimento dela) fez com que ela se tornasse uma mulher muito austera e ciosa de sua autoridade. Mas eu era o neto que morava com ela, logo tinha minhas regalias em relação às dezenas (isso mesmo, dezenas) de primos e primas que nos visitavam constantemente.

Só à guisa de exemplo: lembro perfeitamente quando, aos 5 ou 6 anos, pedi que ela me explicasse o que era o Jogo do Bicho (apesar de católica fervorosa, ela não abria mão de uma aposta de vez em quando). Ela fez melhor: explicou o jogo em linhas gerais, chamou o bicheiro que passava todo dia em nossa rua, e mandou que eu fizesse uma "fezinha". Não sei de quanto foi a aposta, nem lembro os números (acho que foi o da casa, mas não tenho certeza), mas não é que eu acertei na centena? Sei que o prêmio acabou ajudando minha mãe a pagar umas contas, minha avó comprar uns remédios, e para mim rendeu umas roupas novas e uns brinquedos.

Em outras palavras, aquela casa era mais ou menos o que o dito popular que usei como título deste post expressa: "casa de avó, chiqueiro de neto".

E volto à pergunta do início, porém sobre um ângulo mais pessoal: como serei eu como avô?

Bem, uma pista para a resposta está dentro de casa. Afinal de contas, quando se tem uma filha caçula bem mais nova do que os demais, e você está em uma idade em que netos já são uma possibilidade palpável, corre-se o risco de virar um pai-avô (o inverso é um avohai, como imortalizou Zé Ramalho...). Tem que se ter cuidado para a autoridade de pai não se esvair e a coisa degringolar...

Outra pista vem dos meus sobrinhos, diretos e indiretos. Sabem aquele tipo de tio meio palhaço, que quem todos gostam e com quem todos tem uma história interessante para contar? Pois esse sou eu.

Resumindo, tenho quase certeza que serei aquele avô totalmente contraproducente em termos de autoridade. Meus filhos é que dêem seu jeito...

19 de novembro de 2008

Mexendo com o meu patriotismo

Em algum lugar, sobre a carapaça de cidadão do mundo, ainda sobrevive em mim um naco considerável de patriotismo. E que costuma vir à tona quando escuta estes versos, especialmente num dia como hoje:

Salve, lindo pendão da esperança,
Salve, símbolo augusto da paz!
Tua nobre presença à lembrança
A grandeza da Pátria nos traz.

Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!

Em teu seio formoso retratas
Este céu de puríssimo azul,
A verdura sem par destas matas,
E o esplendor do Cruzeiro do Sul.

Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!

Contemplando o teu vulto sagrado,
Compreendemos o nosso dever;
E o Brasil, por seus filhos amados,
Poderoso e feliz há de ser.

Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!

Sobre a imensa Nação Brasileira,
Nos momentos de festa ou de dor,
Paira sempre, sagrada bandeira,
Pavilhão da Justiça e do Amor!

Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!


Hino à Bandeira Nacional
Letra: Olavo Bilac
Música: Francisco Braga


Disparado, esse hino tem a letra mais linda de todos. Mais do que o combativo porém antiquado Hino à Independência, e do que o Hino Nacional, de boa música e confusa letra.

Hoje é 19 de Novembro, Dia da Bandeira. E, disparado, esse hino tem a letra mais linda de todas. Mais do que o combativo porém antiquado Hino à Independência, e do que o Hino Nacional, de boa música e confusa letra.



P.S. Notaram como de uns tempos pra cá estou ficando especialista em desencavar efemérides? Será que isso tem cura?

18 de novembro de 2008

Eles estão de volta (se é que tinham partido...)

Se existe um tema do qual jamais pensei que fosse tratar neste espaço, esse é o da pirataria. Não aquela que ficou famosa nos últimos anos, a pirataria tecnológica, de conteúdo ou de equipamentos. Essa aí até me passou vez ou outra pela cabeça escrever algo.

Eu falo é da pirataria armada, aquela que aterrorizou os mares por milhares de anos. Milhares sim, pois desde os primórdios da antiga Grécia (1300 A.C.), ou nos mares da China e Japão, que o problema existia. Pirataria que teve seu auge no século XVIII, e o Caribe como seu principal teatro. E que desde então foi definhando até se transformar em atividade restrita a alguns portos mal policiados (Santos é constantemente citado...) e algumas regiões do Extremo Oriente.

Pois não é que, de uma hora para outra, descobrimos que a costa da Somália transformou-se em região de intensa atividade de piratas. Dezenas, talvez centenas de navios já foram atacados na região. Semanas atrás, um barco ucraniano carregado de armas para o Quênia foi tomado. Agora foi a vez de um super-petroleiro saudita. Tudo isso aproveitando-se de um governo que na prática não existe, e da passividade (pelo menos até agora) das chamadas grandes potências.

Fico pensando se esse ressurgimento, com tal força, não é mais um subproduto da desastrada administração Bush. Afinal, a administração que está (felizmente) em seus estertores cometeu, dentre seus incontáveis erros mundo afora, equívocos cruciais ao tratar com aquela região. Tendo recebido do governo Clinton uma situação já calamitosa, com o poder na Somália dividido entre senhores da guerra, o governo Bush, sempre obcecado pela luta contra os extremistas islâmicos, deixou passar várias oportunidades de unificar e pacificar a região, apenas porque o poder passaria para um governo com alguma orientação islâmica, mesmo que moderada.

Pois é, os piratas estão de volta às manchetes, e não é por causa de nenhum longa da Disney...

11 de novembro de 2008

Ecos de um conflito quase esquecido

Responda rápido: que dia é hoje?

A maioria vai lembrar rápido da data: 11 de novembro de 2008.

Mas, e daí? O que essa data significa? Não vale olhar a Wikipedia...

Admito que, como fanático por história, essa é uma data da qual sempre soube o significado. Mas esse ano quase passei batido. Ouvindo o rádio hoje pela manhã um locutor indiretamente me refrescou a memória: hoje é o Dia do Armistício.

Que bicho é esse? Bem, é em comemoração à assinatura do cessar-fogo que pôs fim a 1ª Guerra Mundial, em 11 de novembro de 1918. Ou seja, exatos 90 anos.

Se você não é também um tarado por história, e especialmente por temas militares, tenho certeza de que acha essa data apenas mais uma daquelas milhares que estão nos livros didáticos e que não representam basicamente nada. Aliás, representam sim: mais uma brecha para aqueles antigos professores de história que gostavam de obrigar os alunos a decorar fatos e datas sem explicar a verdadeira importância dos mesmos.

É quase um consenso de que a 2ª Guerra foi o último conflito de grande porte onde os lados estavam perfeitamente caracterizados. Sabíamos que estava certo e quem estava errado, quem representava o bem (vá lá...) e quem era a imagem do mal, quem era o agressor e quem era o agredido. E ao final da guerra estava lá o preço pago: aproximadamente 70 milhões de mortos, entre militares e civis.

A 1ª Guerra não teve esse caráter claramente estabelecido, nem durante e principalmente após seu encerramento. A luta entre as potências imperialistas parecia inevitável no final do século XIX e início do século XX, com cada uma procurando se preparar da melhor forma possível, incluindo uma política de alianças que tirava quase qualquer margem de manobra dos defensores da diplomacia. A "paz armada" era a tônica, e bastaria um estopim para abrir a caixa de Pandora...

Quando chegamos à novembro de 1918, depois de 4 anos de lutas e atrocidades (não esqueçam o genocídio contra os armênios...), em que grande parte dos armamentos hoje utilizados (e até alguns que foram posteriormente proibidos...) tiveram sua origem, que destruíram totalmente qualquer ideal romântico-nacionalista que grandes parcelas das populações tinham quando da eclosão das hostilidades, e depois de quase 20 milhões de mortos, o mundo havia mudado mais profundamente do que nos 50 anos anteriores, e as marcas do conflito e dos tratados de paz que o seguiram acabariam dando o mote para a matança subsequente.

Ou será que alguém imagina que aquele austríaco que serviu como cabo no exército alemão teria conseguido realizar toda aquela "obra" sem que existisse na Alemanha dos anos 20 um terreno fértil para as suas pregações extremistas? Ou que os totalitarismos italiano, japonês e, de certa forma, o stalinismo, são em boa medida filhos da chamada Grande Guerra ?

Em meados dos anos 90, alguns analistas diziam que o século XX começou e terminou no mesmo lugar: Sarajevo. Das balas que mataram o arquiduque austríaco em 1914 até o conflito entre sérvios, bósnios e croatas por nacos da então Iugoslávia, parece que realmente as mudanças não foram tantas assim.

Se bem que, sobre o real fim do século XX, a Al-Qaeda tem opinião diferente...


5 de novembro de 2008

Presidente Barack Hussein Obama



Parabéns ao presidente eleito, ao povo americano e a todos os habitantes do planeta.

Esperemos que, de fato, a esperança na mudança se materialize.



P.S. Belo presente de aniversário que eu e o PD ganhamos...

4 de novembro de 2008

E eles estão votando...

Chegou o dia ansiosamente esperado pelos americanos e, gostemos ou não, pelo resto do mundo. Hoje os eleitores dos Estados Unidos escolhem seus novos dirigentes, em especial seu novo presidente.

Barack Obama ou John McCain?

Se as últimas pesquisas estiverem certas, Obama leva essa sem dramas exagerados. O que parecia 90 dias atrás ser uma disputa acirrada transformou-se em provável vitória folgada dos democratas. A grave crise econômica tirou o chão sob os pés dos republicanos, e jogou o americano médio nos braços de Obama. Junte-se a isso o descalabro dos últimos oito anos de era Bush e o cenário está montado.

Não dá para esquecer o fato de que Barack pode ser o primeiro não-branco a chegar ao comando da Casa Branca, algo impensável até bem pouco tempo. Prova que o país mudou muito desde os conflituosos anos 60, onde a luta pelos Direitos Civis atingiu seu ápice. Óbvio que nem todos mudaram, como bem sinalizaram diversos episódios desta campanha. Mas que as coisas estão em mutação no Grande Irmão do Norte não dá para negar...

Este blog, bem lá atrás, deixou clara sua simpatia pelo candidato democrata. Um pouco por ideologia pessoal e muito por achar que o resto do mundo merece lidar com um líder americano minimamente decente e esclarecido.

As próximas horas mostrarão se teremos essa chance.

1 de novembro de 2008

Está tudo lá em "West Wing"...


Dando uma espiada nos jornais on-line esses dias, dei de cara com este artigo do NYT. Bastou ler os primeiros parágrafos para ficar impressionado no modo como aquele velho bordão de que "a vida imita a arte" pode ser estar sendo novamente reiterado.

"Quando Eli Attie, um redator da série "The West Wing", preparava-se para escrever alguns episódios na sexta temporada sobre a improvável candidatura presidencial de um jovem congressista democrata, ele pegou o telefone e ligou para David Axelrod.

Attie, um ex-redator de discursos para Al Gore, e Axelrod, um consultor político, haviam cruzado caminhos anteriormente em campanhas políticas. "Eu telefonei-lhe e disse: 'Fale-me sobre Barack Obama'", disse Attie.

Dias depois de Obama, então um senador estadual em Iliinois, fazer um elogiado discurso na Convenção Nacional Democrata de 2004, os dois homens tiveram várias e longas conversas sobre a recusa dele em ser definido por sua raça e suas aspirações em ultrapassar a barreira partidária. Axelrod estava então trabalhando na campanha de Obama para o Senado dos Estados Unidos. Agora ele é o estrategista-chefe da campanha presidencial de Obama.

Quatro anos mais tarde, os escritores de "The West Wing" estão assistindo espantados como a eleição está se desenvolvendo. O paralelismo entre as duas temporadas finais da série (que terminou sua exibição pela NBC em maio de 2006) e a atual campanha é inconfundível. A ficção, mais uma vez, prenunciou a realidade.


Resumindo (mais ou menos...), para quem não quiser ler o artigo original, ou não conhece bem a série (particularmente, adorava essa série, mas as duas últimas temporadas não pude acompanhar com deveria):

- O personagem Matthew Santos, interpretado por Jimmy Smits, é um congressista novato, de origem hispânica, carismático, bom de mídia, com duas filhas pequenas, e que, frustrado com a polarização que encontrou em Washington, resolve entrar na disputa pela indicação democrata à presidência e, contra todos os prognósticos, vence os candidatos mais conhecidos do partido.
- No anúncio da candidatura, Santos diz a seus apoiadores: "Estou aqui para dizer que a esperança é real... Numa vida de escolhas, em um mundo de desafios, a esperança existe". (Só faltou a plateia gritar "Yes, we can.")
- O candidato republicano é o senador Arnold Vinick, interpretado por Alan Alda, com seus cabelos brancos, firmemente contra impostos, com fama de falar o que pensa e capaz de atrair os moderados.
- Santos escolheu para vice um veterano democrata capaz de somar experiência em política externa, enquanto Vinick escolheu um governador ferozmente conservador.
- Da mesma forma que na campanha real, os democratas usaram contra Vinick o argumento da idade e da falta de familiaridade com as novas tecnologias. Ao mesmo tempo, o candidato republicano era acusado por setores de seu partido de não ser "conservador o suficiente".
- Apesar de procurar ser um candidato acima das barreiras raciais, Santos fez, em um momento crítico da campanha, um discurso sobre o tema, e reservadamente se preocupava se os eleitores iriam votar em um candidato vindo de uma minoria.
- Semanas antes da eleição, o presidente de então, Jed Bartlet, interpretado por Martin Sheen, convoca os dois candidatos até a Casa Branca para discutir uma grave e inesperada crise.

Bem, no final, Santos venceu apertado. Será esse um sinal para o que esperar da eleição real? Saberemos em breve.

Mas um blog do jornal inglês The Independent (a série continua no ar na Inglaterra e é muito popular) já estampou: "Barack Obama will win: It’s all in ‘The West Wing.’ "

28 de outubro de 2008

Concentração de craques



Didi, Bobby Charlton, Falcão, Garrincha, Lev Yashin, Pelé, Maradona, Van Basten e Fritz Walter.

O que estes craques tem em comum, além do talento indiscutível? Todos nasceram no mês de Outubro.

Achou pouco? E se acrescentarmos Figueroa, Maspoli, Perfumo, Deyna, Pagão, Kopa, Sívori e George Weah ?

Deve existir alguma razão para tantos jogadores extraordinários (incluindo os três maiores) nascerem na mesma época do ano. Deve ser algo nos astros, dirão alguns. Simples coincidência, dirão os céticos.

E claro, você pode argumentar: Dunga também é de Outubro... Exceção que confirma a regra, caro amigo.

Ocorre que, porém, existe outra corrente de pensamento. Ela não olha para o mês e sim para o signo do zodíaco. Os nascidos entre 23 de outubro e 22 de novembro são do signo de Escorpião, segundo os adeptos da Astrologia.

Pelé, Maradona, Van Basten, Fritz Walter, Figueroa e Deyna, dentre os citados acima, nasceram no final de Outubro.

E a relação dos nascidos no início de Novembro também não é fraca: Gerd Muller, Paolo Rossi, Vavá, Ademir, Domingos da Guia, Uwe Seeler e Heleno de Freitas. Uma mistura de cracaços com artilheiros consagrados.

E aí? Qual será a teoria correta (se é que alguma delas está correta)?


E se alguém lembrar de mais algum destacado jogador nascido nessa época, por favor...


Atualização: Bem no dia em que decido citá-lo, Maradona foi escolhido novo técnico da Argentina. Imaginem, ele e Dunga na beira do mesmo gramado...

25 de outubro de 2008

O Barco

Uns dias atrás, batendo papo na caixa de comentário do PD, falei que um dos filmes do qual mais gostava era o alemão Das Boot, que ganhou o título em português de O Barco - Inferno em Alto Mar.

Dirigido em 1981 por Wolfgang Petersen, é com certeza um dos 5 melhores filmes de guerra já realizados (muitos consideram que é o melhor) , e mostra a vida dentro de um submarino alemão durante a 2ª Guerra Mundial com imenso realismo. Posteriormente, todo o material gravado foi transformado em uma mini-série para TV, com 6 episódios de 50 minutos.

Procurei no YouTube vídeos que dessem uma amostra do que é o filme. Não encontrei nenhum totalmente adequado, porém escolhi três.

O primeiro é o trailer da mini-série:




O segundo é praticamente o início do filme, com o capitão chegando para conhecer seu submarino e sua tripulação, e o começo da viagem. A qualidade da imagem é bem superior ao primeiro, mas falta a ação.




E o terceiro é um clipe da música Das Boot, do genial grupo Kraftwerk, um dos pais da música tecno.



Aproveitem.


Atualização: Nos comentários, o Bruno corrigiu uma informação do post relacionada ao terceiro vídeo.

"O remix baseado na trilha sonora original do filme não foi de fato criada pelo Kraftwerk, mas sim pelo U96. Aliás, essa versão é de 1991, muuuuito depois de nossos amigos da Usina de Força terem se firmado como um dos pais da música eletrônica. A confusão é comum pois em algum VMA aí (que eu não lembro exatamente qual o ano, mas nada muito antigo), eles resolveram fazer uma homenagem aos seus conterrâneos fazendo um "remix do remix", já que a música fez relativo sucesso na sua determinada época. Junto com a confusão coletiva de programas nojentos como eMule e derivados, fica estabelecida a dúvida."

17 de outubro de 2008

90 anos de glórias - Salve o Fortaleza Esporte Clube


Hoje a metade tricolor e cearense do meu coração completa 90 anos.

Em 18 de outubro de 1918 um grupo de jovens fortalezenses entusiastas do futebol, liderados por Alcides Santos, fundou o glorioso FORTALEZA ESPORTE CLUBE, aquele que viria a se tornar o maior vencedor na história futebolística do estado e que hoje é dono da maior torcida do estado (segundo pesquisa do Datafolha).

Difícil e até desnecessário listar todas as conquistas do Leão do Pici, do Clube da Garotada, do dono do Parque dos Campeonatos, afinal, do Tricolor de Aço.. O site oficial faz isso de forma mais eficiente.

Por mim, fico com a lembrança do dia em que passei a torcer pelas cores do Leão. Foi no distante ano de 1969, na decisão do campeonato cearense daquele ano. E sei que fui apenas mais um dos garotos mal saídos das fraldas e que foram capturados pela onda de emoção que percorreu a cidade.

Atualmente, por uma série de erros administrativos, a equipe atravessa uma fase muito complicada, com real ameaça de rebaixamento na Série B do Brasileiro. O coração apertado de cada torcedor tricolor acredita piamente que isso não acontecerá, e que sairemos ainda maiores desta fase negra. Porém, se o destino nos mostrar sua face mais áspera, nenhum dos milhões de admiradores do Leão deixará de estar ao seu lado, aconteça o que acontecer, pois o amor incondicional e infinito que dedicamos ao FORTALEZA estará, sempre, acima de momentos de maior ou menor felicidade.

Salve o meu, o nosso Leão do Pici, o indestrutível FORTALEZA.




P.S. 1- Se você ficou curioso sobre a outra metade do meu coração, leia isto aqui. Verá que uma honra a outra.
2- O dia 18 de outubro deve ser realmente mágico. Afinal de contas, um Anjo nasceu nesse dia. O único a se aproximar do Rei.

Santíssima Trindade do tênis feminino

Eu sempre gostei de Tênis. Alguns dos atletas que mais admiro, do presente e do passado, são deste esporte. Roger Federer, Marat Safin, Boris Becker, Bjorn Borg, Martina Navratilova, para ficar nos estrangeiros. Guga e Fernando Meligeni, dos de casa.

Como se não bastasse, tem um caminhão de jogadoras que são um ... colírio. Fiquemos com esse adjetivo, simples porém exato.

Querem um exemplo?


Maria Sharapova, Ana Ivanovic e Daniela Hantuchova.

Uma russa, a outra sérvia e a terceira eslovaca.

Perfeitas.


Alguma dúvida? Então lá vai...






13 de outubro de 2008

Cordiais saudações aos amigos d'além-mar

Desde o início das atividades deste blog, sempre tivemos um pequeno porém significativo número de visitas originadas em Portugal. Em média é a 3ª maior fonte de visitantes, atrás apenas do Brasil e dos Estados Unidos, ficando entretanto bem a frente de todos os demais países.

Nos últimos dias, entretanto, detectei um muito expressivo aumento das visitas vindas de Portugal. Procurei identificar a razão, porém não fui bem sucedido.

Seja lá qual o motivo desse incremento, mando desde este cantinho do Atlântico Sul que olha diretamente para o norte um mui fraternal abraço aos amigos da pátria-mãe, e os convido a deixar suas impressões sobre as irrelevâncias aqui tratadas.

10 de outubro de 2008

Um conservador com bom-senso e clareza

Se você acompanha este blog sabe que encontrará aqui posições que podem ser enquadradas como, no mínimo, progressistas. Raramente concordo com as correntes conservadoras do pensamento, político e econômico, apesar de respeitar alguns de seus expoentes pela honestidade e clareza.

Exatamente por isso, considero importante transcrever este artigo de David Brooks, colunista do The New York Times, onde ele analisa a situação atual do Partido Republicano à luz de suas ações nas últimas décadas. Óbvio que não se precisa concordar com tudo que ele escreveu, mas certamente é um retrato claro e honesto da situação dos conservadores americanos.

Aviso: se o seu inglês for pelo menos mediano, vá direto ao artigo original. Poupe-se de ter que digerir o trabalho de um tradutor de quinta categoria (este que vos escreve)...


O conservadorismo moderno começou como um movimento de intelectuais dissidentes. Richard Weaver escreveu um livro chamado, "As idéias têm conseqüências." Russell Kirk colocou Edmund Burke em um contexto americano. E William F. Buckley cunhou a célebre frase em que ele disse preferir ser regido pelos 2000 primeiros nomes na lista telefônica de Boston do que pela faculdade de Harvard. Mas ele não acreditava que aquelas eram as duas únicas opções. Sua vida toda foi uma celebração dos valores urbanos, da sofisticação e da aplicação rigorosa e constante do intelecto.

Impulsionada por uma necessidade de envolver os formadores de opinião, os conservadores tentaram construir uma alternativa intelectual ao sistema com grupos de reflexão e revistas. Eles desprezavam as idéias liberais dos acadêmicos, mas não desprezavam a idéia de uma mente cultivada.

Ronald Reagan não era nenhum intelectual, mas ele tinha uma fervorosa fé em idéias e passou décadas trabalhando através delas. Ele tinha raízes no Centro-Oeste, mas também amava Hollywood. E por um tempo, parecia que o Partido Republicano seria uma ampla coligação – valores das pequenas cidades do interior unidos à força das regiões costeiras.

Em 1976, em uma eleição apertada, Gerald Ford ganhou toda a Costa Oeste, juntamente com estados do nordeste, como Nova Jersey, Connecticut, Vermont e Maine. Em 1984, Reagan ganhou todos os estados, exceto Minnesota.

Mas, nas últimas décadas, o Partido Republicano afastou as pessoas que vivem nas grandes cidades, em regiões altamente educadas e nas regiões costeiras. Este afastamento teve muitas causas. Mas a principal é essa: estrategistas políticos republicanos decidiram mobilizar a sua coligação para uma forma de guerra de classes. Como os democratas continuaram nomeando candidatos ligados às áreas costeiras, como Michael Dukakis, logo os republicanos atacaram tudo que tivesse origem nessas áreas.

Ao longo dos últimos 15 anos, o mesmo argumento foi ouvido de milhares de políticos e de centenas de apresentadores de televisão e de rádio. A nação estaria dividida entre os Zé-Ninguém do interior e os ultra-sofisticados, super-educados e hiper-secularizados imigrantes das grandes cidades costeiras.

O que tinha sido um desprezo pelos intelectuais liberais escorregou para um desdém com a classe instruída como um todo. Os liberais tinham apoio das áreas desenvolvidas, de forma que os conservadores desenvolveram o seu próprio anti-elitismo, com suas próprias categorias e ressentimentos, mas com o mesmo efeito corrosivo.

Os Republicanos desenvolveram seu próprio estilo liderança. Se os líderes Democratas prezavam deliberação e auto-exame, os republicanos iriam governar a partir do intestino.

George W. Bush refreou alguns dos excessos populistas de seu partido - o fervor anti-imigração, o isolacionismo - mas estilisticamente ele encaixou-se perfeitamente. Como Fred Barnes, escreveu em seu livro, "Rebel-in-Chief," Bush "reflete a opiniões políticas e gostos culturais da grande maioria dos americanos que não vivem ao longo das Costas Leste ou Oeste. Ele não é alguém sofisticado e não gasta o seu tempo livre com pessoas sofisticadas. Como a Primeira Dama Laura Bush disse uma vez, o presidente e ela não vieram a Washington para fazer novos amigos. E eles não fizeram... "

Os efeitos políticos dessa tendência tem sido evidentes. Republicanos alienaram as regiões fortemente educadas - Silicon Valley, norte da Virgínia, os subúrbios de Nova York, Filadélfia, Chicago e Raleigh-Durham. A Costa Oeste e Nordeste, em grande parte, se foram.

Os republicanos também alienaram todas as profissões. Os advogados agora doam para o Partido Democrata a mais que ao Partido Republicano na proporção de 4 para 1. Com os médicos, é 2 para 1. Com os executivos da área de tecnologia, é 5 para 1. Com trabalhadores do setor financeiro é de 2 para 1. Foi preciso talento para os republicanos perderem a comunidade bancária...

Os conservadores são tão raros na elite universitária e nos principais meios de comunicação como eram há 30 anos. Os jovens americanos mais inteligentes são educados em um ambiente esmagadoramente liberal.

Este ano as coisas poderiam ter mudado. O G.O.P. tinha três candidatos presidenciais de origem urbana. Mas os clichês radicais assumiram o controle. Rudy Giuliani desdenhou dos cosmopolitas na convenção republicana. Mitt Romney fez um discurso atacando as "elites do leste." (Logo Mitt Romney!!!) E John McCain escolheu Sarah Palin.

Palin é inteligente, politicamente qualificada, corajosa e amável. Seu desempenho na convenção e no debate foi impressionante. Mas nenhum político americano usa a carta do radicalismo tão constantemente como Palin. Ninguém tão inexoravelmente divide o mundo entre os "João-Ninguém americanos normais" e as elites.

Ela é mais um passo na mudança de personalidade Republicana. Antigamente, os conservadores admiravam Churchill e Lincoln acima de tudo - homens de origens e formações completamente diferentes, que se prepararam para a liderança através de constante leitura, compreensão histórica e pensamento sofisticado. Agora, esses atributos caíram de joelhos frente ao senso comum.

E assim, politicamente, o G.O.P. é espremido em ambas as extremidades. O partido está perdendo a classe trabalhadora por omissão - porque não têm desenvolvido políticas para tratar ansiedade econômica. E ele perdeu a classe instruída por ação - por dizer aos seus membros para ir embora.

8 de outubro de 2008

Para não dizerem que ninguém lembrou

Soy loco por ti, América
(Capinam - Gilberto Gil)
(Gravação original: Caetano Veloso)

Soy loco por ti, América
Yo voy traer una mujer playera
Que su nombre sea Marti
Que su nombre sea Marti...

Soy loco por ti de amores
Tenga como colores
La espuma blanca
De Latinoamérica
Y el cielo como bandera
Y el cielo como bandera...

Soy loco por ti, América
Soy loco por ti de amores...(2x)

Sorriso de quase nuvem
Os rios, canções, o medo
O corpo cheio de estrelas
O corpo cheio de estrelas
Como se chama amante
Desse país sem nome
Esse tango, esse rancho
Esse povo, dizei-me, arde
O fogo de conhecê-la
O fogo de conhecê-la ...

Soy loco por ti, América
Soy loco por ti de amores...(2x)

El nombre del hombre muerto
Ya no se puede decirlo, quién sabe?
Antes que o dia arrebente
Antes que o dia arrebente...

El nombre del hombre muerto
Antes que a definitiva
Noite se espalhe em Latino américa
El nombre del hombre
Es pueblo, el nombre
Del hombre es pueblo...

Soy loco por ti, América
Soy loco por ti de amores...(2x)

Espero o manhã que cante
El nombre del hombre muerto
Não sejam palavras tristes
Soy loco por ti de amores
Um poema ainda existe
Com palmeiras, com trincheiras
Canções de guerra
Quem sabe canções do mar
Ai hasta te comover
Ai hasta te comover...

Soy loco por ti, América
Soy loco por ti de amores...(2x)

Estou aqui de passagem
Sei que adiante
Um dia vou morrer
De susto, de bala ou vício
De susto, de bala ou vício...

Num precipício de luzes
Entre saudades, soluços
Eu vou morrer de bruços
Nos braços, nos olhos
Nos braços de uma mulher
Nos braços de uma mulher...

Mais apaixonado ainda
Dentro dos braços da camponesa
Guerrilheira, manequim, ai de mim
Nos braços de quem me queira
Nos braços de quem me queira...

Soy loco por ti, América
Soy loco por ti de amores...(4x)


Sim, "el nombre del hombre muerto"...

Hoje é 08 de outubro.

Passados 41 anos, você realmente acha que ele morreu?


28 de setembro de 2008

Pequeno pedaço de um mundo perfeito



Será que sou apenas eu que acho essa foto muito representativa do que poderia ser o normal da humanidade?

Que ela deveria ser a regra e não a exceção?


(Via FiveThirtyEight )

25 de setembro de 2008

Sacanearam legal...

Uma das minhas poucas fixações (Ok, nem tão poucas assim...) diz respeito a Star Trek, popularmente conhecida em terras tupiniquins como Jornada nas Estrelas. Tudo ligado às séries de TV ou filmes da saga me atraem feito formiga por açúcar, ou coisa do tipo.

Por isso, quando soube que estava sendo preparado um novo longa-metragem, me animei todo. Acompanhei a escolha do elenco, primeiros detalhes do enredo, etc. Entretanto, quando saiu a data provável de lançamento do filme, para o Natal de 2008, resolvi fazer algo diferente. Deixei de buscar informações e resolvi que queria ser surpreendido pela obra. Nada de sites oficiais ou oficiosos, e mesmo alguma notícia em portais procurava não ler. Ia ser o meu presente particular de fim-de-ano.

Estava resistindo bem, mas hoje, enquanto navegava na Web e tentei acessar um site na minha lista de favoritos, acidentalmente cliquei no link do site oficial da saga. Já que estava lá, bati os olhos rapidamente para ver ser havia alguma novidade relacionada às series televisivas. Porém, lá no final da página, dei de cara com um pequeno banner e nele uma informação terrível:

Star Trek the Movie - 05.08.09

Traduzindo, vou ter que aguardar até maio do ano que vem para assistir o filme?

Olha, dessa vez fiquei realmente p... da vida. Sacanagem tem limite, mermão...

23 de setembro de 2008

O poeta vive

A exatos 35 anos nos deixava Pablo Neruda.

Um câncer o poupou de ter de assistir seu amado Chile ser pisoteado quase até o limite pela ditadura que se instalara 12 dias antes.

Poucos anos depois, talvez por volta de 1976, me caiu às mãos a sua autobiografia, Confesso que Vivi. Marcou-me de maneira indelével, apesar de eu ser jovem demais para compreender o personagem em sua totalidade.

Uma pequena homenagem:


Tuas mãos

Quando tuas mãos saem,
amada, para as minhas,
o que me trazem voando?
Por que se detiveram
em minha boca, súbitas,
e por que as reconheço
como se outrora então
as tivesse tocado,
como se antes de ser
houvessem percorrido
minha fronte e a cintura?

Sua maciez chegava
voando por sobre o tempo,
sobre o mar, sobre o fumo,
e sobre a primavera,
e quando colocaste
tuas mãos em meu peito,
reconheci essas asas
de paloma dourada,
reconheci essa argila
e a cor suave do trigo.

A minha vida toda
eu andei procurando-as.
Subi muitas escadas,
cruzei os recifes,
os trens me transportaram,
as águas me trouxeram,
e na pele das uvas
achei que te tocava.
De repente a madeira
me trouxe o teu contato,
a amêndoa me anunciava
suavidades secretas,
até que as tuas mãos
envolveram meu peito
e ali como duas asas
repousaram da viagem.



Fantasia feita realidade

Esta é uma daquelas notícias que são quase irresistíveis e precisam ser propagadas. Até que ponto ele é totalmente verdadeira, bem, isso é outra conversa...

Dêem uma olhada na foto abaixo:


Essas são as gêmeas argentinas Marisa e Liliana Kuegler, de 25 anos, iniciantes na carreira de modelo e que moram na cidade misioneira de San Vicente.

Até aí nada de mais. Porém, conforme declarações dadas pela dupla, a conhecida e estreita ligação que costuma ocorrer entre gêmeos chegou a um novo patamar.

Elas afirmaram dividir tudo, inclusive um único noivo. Sim, um felizardo mantêm um relacionamento com as duas ao mesmo tempo. E quando eu falo ao mesmo tempo, é em sentido bem abrangente...

E aparentemente essa não é a primeira vez que as irmãs repartem um mesmo homem. Um outro rapaz passou por essa insólita experiência, mas achou melhor pular fora...

Sendo verdade (e não golpe publicitário), e apesar das irmãs não serem nenhuma coisa do outro mundo, fica a constatação:

Tem uns caras com uma sorte realmente inacreditável...



(Dica do
Antena Paranóica)


18 de setembro de 2008

Imagem irretocável

De vez em quando este espaço traz imagens que dispensam maiores explicações. Falam por si.

A de hoje, roubada lá do Hermenauta, é da Governadora do Alasca, Sarah Palin, em seu gabinete.


16 de setembro de 2008

Ainda o inferno no Chile

(Dica do Diogo nos comentários do post anterior)

Este é um documentário sobre o inferno em que se tornou o Estádio Nacional de Santiago entre Setembro e Novembro de 1973.



As partes restantes: Parte 2, Parte 3, Parte 4, Parte 5, Parte 6, Parte 7, Parte 8, Parte 9 e Parte 10.

11 de setembro de 2008

Um aniversário infame. Não aquele, o outro.

Quando se fala em 11 de setembro, quase qualquer pessoa no mundo automaticamente pensa nos atentados de 2001 contra alvos americanos e que deixaram cerca de 4.000 mortos. Foi o ato brutal que, de fato, iniciou o novo século, e junto com ele uma nova fase de medo, ódio e desconfiança, tudo misturado, entre o Ocidente e parte do Oriente. Papo pra outra hora.

Para grande parte dos latino-americanos com mais de 40 anos, porém, a data, antes de 2001, era lembrada por outra tragédia, que provocou um número bem superior de mortos (cálculos variam de 15.000 a 30.000), e marcou de maneira indelével a história do Chile, em particular, e da América Latina como um todo.

Claro que estou falando do infame golpe militar que, com o apoio e colaboração dos Estados Unidos, derrubou em 1973 o governo legitimamente eleito do socialista Salvador Allende, que liderava uma coalizão de forças de esquerda, e que acabou vindo a falecer em circunstâncias ainda não totalmente esclarecidas. Pode ter sido suicídio (provável) ou assassinato. Talvez nunca tenhamos certeza.

Além dos democratas chilenos de todos os matizes, a repressão assassina executada pelos comandados daquele cujo nome me recuso a escrever buscou atingir o grande número de cidadãos de outros países que tinham buscado refúgio no Chile fugindo das ditaduras de seus respectivos países. Muitos pagaram com a vida. Milhares tiveram que fugir às pressas.

Domingo passado, assistindo o jogo da seleção brasileira em Santiago, a lembrança do campo de concentração em que se tornou o Estádio Nacional me turvou a vista.

Hoje completam-se 35 anos daquele dia trágico. As cicatrizes ainda não fecharam por completo, apesar dos novos tempos vividos pelo país andino e por quase todo o continente, e é dever de todos os amantes da liberdade não deixar que essa data seja esquecida, como um alerta contra o facismo obscurantista e sanguinário.


P.S. Ia esquecendo: de maneira indireta, o golpe apressou a morte do genial Pablo Neruda.


30 de agosto de 2008

Um mestre e seu pai



Momento raro: mestre Cartola e seu pai.

E ele toca "O mundo é um moinho".

Genial.

28 de agosto de 2008

Pra não deixar dúvidas


A foto acima elimina quaisquer dúvidas sobre o porquê deste blog torcer pela eleição de Barack Obama para a presidência do Grande Irmão do Norte.

25 de agosto de 2008

Cara de pau olímpica

Acabaram as Olimpíadas e, de novo, o Brasil teve desempenho bisonho, quaisquer que sejam os parâmetros de medição (população, PIB, gastos com a preparação, etc.). Mas isso não foi surpresa pra ninguém. Um país como o nosso que trata tão mal seus esportistas, em qualquer nível, não pode esperar coisa melhor. Quando mesmo um medalhista de ouro, como o César Cielo, tem queixas ( o cara tá ali porque foi "paitrocinado"), o que dizer da grande maioria dos abnegados que foram a Pequim e do exército de desvalidos que não teve essa chance? Um país onde a educação como um todo, e a educação física em especial, é jogada às traças não poderia mesmo ter números olímpicos diferentes.

Aí chega uma figura patética como a do presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, e vem tentar dar uma de joão-sem-braço e dizer que estamos avançando. Tenta justificar os gastos enormes e sem transparência, mas se enrola todo.

O homem é um cara de pau a toda prova. Tortura os números, mas nem assim eles confessam o que ele gostaria. A verdade é que novamente fomos muito mal, e a quase totalidade das medalhas veio como fruto de esforços individuais de atletas diferenciados e/ou do trabalho sério de raras confederações desportivas. Se fossemos depender do COB ou da grande maioria das entidades envolvidas, inclusive do Ministério dos Esportes, a coisa seria pior ainda. Ou a coisa muda desde a base, nas escolas e centros esportivos públicos, ou vamos ficar marcando passo por muito tempo ainda.


Enquanto isso, a direção do COB (e muita gente mais) só pensa em Olimpíada no Rio em 2016, apesar das absolutas carências estruturais das quais a cidade e o país são acometidos.

Advinha o por que ?


19 de agosto de 2008

Uma imagem, dois assuntos


A imagem acima (fonte:AP) serve muito bem para tratar de dois temas.

O primeiro, e óbvio, é a discussão sobre o uso de algemas. Tem gente vendendo a idéia de que a restrição ao uso das mesmas é um grande avanço no campo dos direitos individuais, e que confronta a prepotência e o abuso policiais. Interessante como o tema só apareceu quando alguns endinheirados e políticos passaram a freqüentar, mesmo que rapidamente, o xilindró. Enquanto era o povão, muito bem sintetizado nos 3 P (preto, pobre e p...ta), o alvo quase único das forças policiais, o assunto dormia em berço explêndido. Ah! meu Brasil brasileiro... A foto prova que na "terra da liberdade" a coisa é sem exceções...

O outro tema é que a foto mostra uma das explicações da total perda de condições emocionais e de raciocínio, especialmente nos últimos dias, do treinador Dunga. 3 X 0 pra Argentina teria que ter uma explicação justa...


***

Dica da Nhé!

12 de agosto de 2008

Georgia on my mind (or sight...)

Nesse momento, o assunto mais tratado por aí, depois das Olimpíadas, é o arranca-rabo entre Geórgia e Rússia, com Ossétia e Abcássia (ou Abicássia ou Abkhazia) como panos de fundo (epa!!!)

Não estou com muito ânimo para tratar do assunto, especialmente em profundidade, mas estava matutando aqui com meus botões se aqueles territórios valem uma guerra. Ok, quase nada justifica uma guerra, principalmente terras.

Daí, resolvi dar uma olhada nos dados geográficos e históricos da Geórgia, Ossétia do Sul e Abcássia, e descobri alguns números dignos de nota, por várias razões.

Primeiro a Geórgia. O país todo (incluído as províncias rebeldes) mede 69.700 km quadrados. Para efeito de comparação, é pouca coisa maior que a Paraíba. A população é estimada em 4.660.000 habitantes. De novo, um pouco maior que a da Paraíba. Sentiram o drama ?

A Ossétia do Sul tem 3.900 km quadrados e cerca de 70.000 habitantes. Ou seja, é menor que o Distrito Federal e tem população de menor que a bairro onde eu moro.

Já a Abcássia mede 8.600 km quadrados e tem 250.000 habitantes. Alguns bairros de porte médio em São Paulo tem mais gente ...

Procurando as origens históricas das duas regiões conflagradas, achamos também fatos interessantes. Por exemplo, parte da Abcássia situa-se na área ocupada pela antiga Cólquida. O nome parece familiar? Você já leu ou assistiu "Jasão e os Argonautas"? Pois é, aquela terra no fim do mundo onde os heróis foram procurar o Velocino de Ouro chamava-se Cólquida...

E você por acaso imaginava que os ossétios podem ser considerados nossos primos distantes? Explico: a origem do povo ossétio vem do povo alano, que habitava as estepes russas até ser expulso pelos hunos. Parte desse povo deslocou-se para o Cáucaso e fixou-se no que hoje é a Ossétia. Outra parte uniu-se a outras tribos bárbaras na invasão do Império Romano e foi parar, junto com suevos e vândalos, numa região chamada ... Ibéria. A sede do reino alano ficava onde hoje é a cidade de Beja, Portugal.

Logo...


****

Agora falando sério, aqui e aqui duas boas análises do conflito.

8 de agosto de 2008

Tocando a bola

Depois de 3 semanas de férias e mais alguns dias colocando o trabalho em ordem, é hora de retomar as atividades nesta bodega. Aliás, é melhor eu recomeçar logo, porque ela e ele estão me cobrando, e eles não pedem, mandam.

Pitacos rápidos:

- Hoje é a abertura das Olimpíadas de Pequim (escrevo exatamente durante a festa, espetacular). Estou começando a concordar, mesmo que parcialmente, com alguns que levantam paralelos entre esses Jogos e os de Berlim, em 1936. Claro que, apesar de todos os defeitos do autoritário regime chinês, ele não se iguala à tirania nazista. Mas a obsessão em vender uma imagem que, sabemos, é essencialmente de fachada abre espaço para as comparações.

- O STF tomou esta semana duas decisões relevantes, ainda que polêmicas. Primeiro foi a garantia de registro das candidaturas de políticos que respondam a processos judiciais ainda sem decisão definitiva. Depois foi a restrição ao uso de algemas por autoridades policiais. Sem entrar no mérito da correção jurídica das decisões (que até aceito existir), ambas passam uma mensagem ruim para a população de que as leis no Brasil protegem especialmente os poderosos, se não na sua letra, pelo menos em sua aplicação.

- Também nesta semana tive uma agradável surpresa, daquelas que a Internet proporciona de vez em quando. Descobri que um dos blogueiros que mais admiro, e que é minha leitura diária obrigatória, o ainda não devidamente exaltado Hermenauta, foi aluno de uma instituição de ensino e formação profissional que eu também frequentei, com alguns anos de diferença. Eu sempre achei que naquele estilo de escrever tinha algo familiar...

- E vimos ressurgir das profundezas um monstro digno dos piores filmes trash. Nada menos do que o cabo Anselmo resolveu dar o ar de sua (des)graça, e anunciou que pretende se candidatar à Presidência da República com um discurso de extrema-direita. seria cômico se não fosse trágico...

- E pra terminar por agora, alguém por favor me indique um pai-de-santo com retrospecto invejável e que possa assumir o encargo de salvar dois (eu disse dois) times do rebaixamento. Um na Série A e outro na Série B. Peço agilidade na informação e depois no serviço, pois a coisa já está pra lá de desesperante...

24 de julho de 2008

Dama de Negro

Interrompemos o curto período de férias deste blogueiro para postar outra preciosidade, em nossa humilde opinião:



Lady in Black
(Uriah Heep)

She came to me one morning
One lonely sunday morning
Her long hair flowing
In the midwinter wind
I know not how she found me
For in darkness I was walking
And destruction lay around me
From a fight I could not win
Ah ah ah ...

She asked me name my foe then
I said the need within some men
To fight and kill their brothers
Without thought of love or god
And I begged her give me horses
To trample down my enemies
So eager was my passion
To devour this waste of life
Ah ah ah ...

But she wouldnt think of battle that
Reduces men to animals
So easy to begin
And yet impossible to end
For shes the mother of our men
Who counselled me so wisely then
I feared to walk alone again
And asked if she would stay
Ah ah ah ...

Oh lady lend your hand outright
And let me rest here at your side
Have faith and trust
In peace she said
And filled my heart with life
There is no strength in numbers
Have no such misconception
But when you need me
Be assured I wont be far away
Ah ah ah ...

Thus having spoke she turned away
And though I found no words to say
I stood and watched until I saw
Her black coat disappear
My labour is no easier
But now I know Im not alone
I find new heart each time
I think upon that windy day
And if one day she comes to you
Drink deeply from her words so wise
Take courage from her
As your prize
And say hello from me
Ah ah ah ...

16 de julho de 2008

Nunca dantas na história deste país ...

Antes que o nojo me impeça de raciocinar direito e acabe falando besteiras, é melhor reproduzir esse texto do Hermenauta:

_ Ô, Protógenes!

Protógenes levantou a cabeça por cima da parede do seu cubículo e avistou o seu chefe fumegando em sua direção. “Malditas segundas feiras”, pensou.

_ Porra, Protógenes!

Junto com o expletivo, aterrisou na mesa de Protógenes um enorme calhamaço, jogado pelo seu chefe de uma distância que em outro lugar valeria uma cesta de 3 pontos.

_ Qual o problema, chefe? _ murmurou um acuado Protógenes.

_ Tu ainda me pergunta qual é o problema?? Qual é a tua? Depois de quatro anos de investigação, milhares de horas homem de trabalho, cinquenta grampos autorizados pela Justiça…tu me aparece com isso?

O chefe pegou o calhamaço e o agitou na frente de seu rosto, de modo que Protógenes só conseguia ver o título do documento _ “Investigação acerca da eventual culpabilidade de Daniel Dantas: o Poder de Polícia, seus Limites e Possibilidades” _ encimado por um par de olhos vermelhos e coléricos.

_ Que porra é essa, Protógenes???

_ Bom, chefe, é o relatório final da operação Satiagraha e…

_ Porra, Protógenes! Isso não é um relatório de um inquérito, é uma tese de doutorado!

_ É, chefe, eu aproveitei e…

_ Aproveitou uma ova! Teu relatório tem dedicatória, Protógenes! DE-DI-CA-TÓ-RI-A! Quer que eu leia pra você?

Antes que Protógenes pudesse dizer que não, que ele conhecia a dedicatória muito bem, afinal havia sido ele quem a escreveu, o chefe começou a berrá-la a plenos pulmóes:

_ “Gostaria de dedicar este relatório a meus filhos, minha mulher, meu professor de lógica modal e a Daniel Dantas, sem cuja colaboração este relatório jamais poderia ter sido escrito”…

_ Mas, chefe, é verdade, veja bem que…

_ PORRA, Protógenes, eu sei que você é cuidadoso, todo mundo neste maldito prédio sabe, mas agradecer o suspeito já é demais, você não acha não?

_ Tecnicamente, chefe, o Daniel Dantas não é bem um suspeito, porque tecnicamente, dependendo do valor de verdade…

_ CALABOCA, Protógenes!

_ Mas chefe, o fato é que o Dantas é fruto do seu meio, uma típica personalidade criada por um mundo materialista que…

_ Protógenes, enfia essa sua filosofia no cu! Eu quero é saber se o juiz vai prender o Daniel Dantas ou não vai, cacete!

_ Chefe, o sistema jurídico, tal como plasmado em nossa sociedade…

_ PORRA, Protógenes! Eu quero saber o seguinte: você fez o Dantas tocar o piano ou não?

_ Chefe, o Sr. sabe muito bem que não dispomos destas amenidades aqui na delegacia e…

_ Não fode, Protógenes!

O chefe saiu zunindo, sabendo que daí a meia hora teria que se haver com um furioso Ministro da Justiça. Protógenes sentou no seu cúbiculo, coçou a cabeça um pouco, e retomou a leitura do seu exemplar de “After the Fact”, do Clifford Geertz.



P.S. Título do post inspirado por Juca Kfouri .