26 de novembro de 2009

Ajudantes de Papai Noel - 2009

Está chegando o final do ano, aquela época de confraternizações e troca de presentes, freqüentemente por obrigação, não é ?

ERRADO !!!

Na realidade, está chegando a hora de mostrar o seu lado genuinamente bom (acreditem, todos temos um...), ajudando a fazer que o Natal de quem é menos favorecido seja um pouco mais alegre. Neste ano, principalmente, com a crise ainda cobrando seu preço e as tragédias naturais tendo feito um estrago pra lá de considerável, o apelo fica redobrado.

Muitas são as formas: fazendo trabalho voluntário em instituições que atendem crianças, idosos ou moradores de rua, doando bens ou dinheiro para essas instituições, etc.

Novamente, a minha sugestão é o programa "Papai Noel dos Correios".

É o seguinte: todos os anos os Correios recebem milhares de cartinhas que crianças enviam para Papai Noel. No início, muitos anos atrás, os funcionários dos Correios abriam as cartas e as respondiam. Aos poucos foram aparecendo casos em que as cartinhas eram tão tocantes que era impossível ficar só na resposta escrita, o que levava alguns desses funcionários a se cotizarem para adquirir presentes para entregar aos remetentes. Para isso, muitas vezes, um dos funcionários se vestia de Papai Noel, e o momento da entrega era de uma emoção sem paralelo. A notícia dessas ações foi se espalhando, o número de cartas foi crescendo, e a partir de 1994 a direção dos Correios resolveu institucionalizar a prática e possibilitou que o público externo pudesse "adotar" cartinhas, entregando os presentes nas agências dos Correios, o qual se encarrega de realizar a entrega.

Nem preciso falar mais. Tire seu traseiro (e o resto do corpo também) da frente do computador e vá procurar as agências onde estão as cartinhas. Escolha uma, ou então pegue sem olhar. Qualquer dúvida, este é o link da página com os telefones de contato em cada estado.

Corra que o prazo é curto.

Se por acaso você tem um blog ou página em um site de relacionamentos (Orkut, My Space, Facebook, etc.) , está intimado a ajudar a divulgar essa ação. Um toque via Twitter (ou correlatos) ou então por e-mail para seus amigos também é uma boa.

Papai Noel está recrutando voluntários. Por que não você?




P.S. Se você é um leitor atento e frequente deste espaço, deve ter notado que eu peguei o post dos anos passados, dei uns ajustes e republiquei. Não era preciso reinventar a roda, né?

22 de novembro de 2009

Levanta, socode a poeira e dá a volta por cima

Duas canções, para não ter que dizer mais nada (além do que disse bem ali):

When you walk through a storm
Hold your head up high
And don't be afraid of the dark
At the end of the storm
There's a golden star (sky)
And the sweet silver song of a lark

Walk on...
Through the rain...
Walk on...
Through the rain
Walk through the wind
And your dreams be tossed and blown...

Walk on... (walk on)
Walk on... (walk on)
With hope (with hope)
In your heart...
And you'll never walk alone
You'll never walk alone.
Alone...

Walk on... (walk on)
Walk on... (walk on)
With hope (with hope)
In your heart...
And you'll never walk alone
You'll never walk alone.
Alone...

You'll never...
You'll never walk alone...

Walk on... (walk on)
Walk on... (walk on)
With hope (with hope)
In your heart...
And you'll never walk alone
You'll never walk alone.
Alone...

You'll never walk...
You'll never walk alone...

(You'll Never Walk Alone)
(Rodgers e Hammerstein)




Amigo é coisa pra se guardar
Debaixo de sete chaves
Dentro do coração
Assim falava a canção
Que na América ouvi
Mas quem cantava chorou
Ao ver seu amigo partir
Mas quem ficou
No pensamento voou
Com seu canto que o outro lembrou
E quem voou
No pensamento ficou
Com a lembrança que o outro trancou

Amigo é coisa pra se guardar
No lado esquerdo do peito
Mesmo que o tempo e a
Distância digam não
Mesmo esquecendo a canção
O que importa é ouvir
A voz que vem do coração

Pois seja o que vier
Venha o que vier
Qualquer dia amigo eu volto
Pra te encontrar
Qualquer dia amigo
A gente vai se encontrar

(Canção da América)
(Milton Nascimento e Fernando Brant)


20 de novembro de 2009

A Palestina busca o seu Mandela

O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, está em viagem pela América do Sul, incluindo Brasil, Argentina e Chile. Aqui ele conversou com Lula na busca de apoio para a causa do povo palestino em sua busca por um estado independente.

Abbas recentemente concordou em adiar as eleições palestinas, que seriam em janeiro de 2010, pela impossibilidade de realizá-las em Gaza de uma forma livre, muito por culpa do Hamas, mas também de Israel. As mesmas eleições para as quais ele próprio demonstrou a intenção de não concorrer.

Conhecido como um dos mais moderados líderes palestinos, e dotado de um carisma quase nulo, Abbas meio que reconheceu sua impotência para fazer andar as negociações de paz na região. Visto por boa parte de seu próprio povo como o "homem de confiança" dos Estados Unidos, ele provavelmente procura com seu gesto provocar algum tipo de atitude do Ocidente, especialmente no que trata da expansão dos assentamentos judeus na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.

Poucos meses atrás, li uma matéria que citava declarações do historiador israelense Tom Segev à revista alemã Der Spiegel, na quais ele demonstrava total desolação com o presente e o futuro das relações entre israelenses e palestinos. Adepto da convivência pacífica, Segev praticamente não vê como o atual impasse possa ser rompido.

A única saída que ele enxerga incluiria um passo absolutamente ousado por parte do governo israelense: libertar Marwan Barghouti e permitir que ele tome a frente das negociações pelo lado palestino. Sem exageros, seria algo similar a decisão tomada pelo governo sul-africano quando pôs Nelson Mandela em liberdade.

O maciçamente popular político, e que foi o lider militar do Fatah durante as duas Intifadas, está preso em Israel desde 2002 cumprindo 5 penas de prisão perpétua, acusado de ataques a civis e militares israelenses. Para se ter uma ideia da popularidade de Barghouti, cinco anos atrás, quando das últimas eleições presidenciais palestinas, mesmo de dentro da prisão ele liderava com folga todas as pesquisas de opinião, e teria sido eleito com uma maioria esmagadora sobre seus adversários. Porém, resolveu apoiar Abbas, que venceu. Recentemente, ele foi eleito para o comitê central do Fatah com votação consagradora, e é profundamente respeitado mesmo pelas facções rivais.

Dentro do movimento palestino, ele é a voz mais respeitada dentre aqueles que defendem a solução dos "dois estados", com respeito às fronteiras anteriores à 1967 (com uns poucos ajustes), e convivência pacífica daí em diante. Mas até esse dia chegar, ele insiste no direito dos palestinos resistirem à ocupação.

Esta semana foi publicada uma entrevista de Barghouti para a Reuters, feita por escrito e contrabandeada para fora da prisão por seus advogados.

Eis alguns dos principais pontos da entrevista:

- A divisão entre Fatah e Hamas é uma tragédia. Na atual situação política da região, as diferenças entre os dois grupos não são fundamentais, especialmente na ausência de um parceiro israelense para a paz.
- O Hamas precisa aderir de fato a iniciativa egípcia de reconciliação, o que garantiria as eleições legislativas e presidenciais.
- Se ocorrer a reconciliação das facções palestinas, e consequentemente as eleições, ele tomara uma decisão sobre concorrer ou não.
- Ele pediu uma "campanha popular' contras a expansão dos assentamentos, a "judaização" de Jerusalém Oriental, o bloqueio de Gaza, o confisco de terras e o Muro de separação.
- Essa campanha não incluiria ataques contra civis israelenses, nem lançamento de foguetes contra o território de Israel, o que Barghouti condena já faz um bom tempo.

A expectativa vem aumentando nas últimas semanas tendo em vista o avanço nas negociações para a libertação do soldado israelense Gilad Shalit, sequestrado por militantes palestinos em 2006 e até hoje preso em algum lugar em Gaza.

O preço para sua libertação incluiria a saída das prisões israelenses de um bom número de palestinos. O nome de Marwan Barghouti encabeça todas as listas de possíveis libertados.

Resta saber se o atual (ou qualquer outro) governo de Israel teria coragem e a vontade política para dar o passo decisivo.

É aí que pode e deve entrar o governo americano, pressionando por soluções que atendam verdadeiramente os interesses dos Estados Unidos, e não apenas os de uma minoria radical que mistura direitistas em Israel e nos Estados Unidos.


18 de novembro de 2009

Jaques Vergès, o Advogado do Terror

Como já falei anteriormente, faz um bom tempo que, por diversas razões, quase não saio de casa para ir ao cinema. A principal é o comodismo. Prefiro esperar que os filmes passem na TV por assinatura. Em alguns casos, quando o interesse é um pouco maior, alugo o DVD. Reservo a ida ao cinema apenas para obras muito relevantes, sempre pela minha ótica bem particular. Por exemplo, este ano fui ao cinema apenas uma vez, audaciosamente indo...

Neste espaço já tive a chance de comentar interessantes obras que encontrei acidentalmente na grade de programação das emissoras de TV. Digo acidentalmente porque não costumo sair vasculhando guias de programação ou coisa do tipo. No máximo, quando vejo a chamada de algo interessante, me programo para assistir.

Alguns dos melhores filmes que assisti nos últimos tempos coincidiram de ser europeus, tanto de ficção quanto documentários. Houve até uma fase pesadamente alemã, a que se somaram filmes ingleses e espanhóis. Confesso que o cinema de ficção francês nunca me interessou particularmente, sempre me soou meio arrastado, com atuações forçadas. Às vezes uma ou outra cinebiografia ou então um semi-documentário chamam minha atenção, e só.

Desta vez, confesso, fiquei realmente impressionado. Um documentário francês de pouco mais de 2 horas sobre um personagem que mereceria muito mais, talvez uma série (na França existe uma verão em DVD com quase 4 horas).

Falo de "O Advogado do Terror", filme de 2007 dirigido por Barbet Schroeder, e que tenta jogar uma luz sobre um dos mais intrigantes personagens da segunda metade do século XX e do início do século XXI. Falo de Jaques Vergès, um advogado francês, de ascendência vietnamita por parte de mãe, e famoso por ter um dos portfólios de clientes mais controversos da história do Direito.

Para que vocês possam ter uma ideia, ele ficou famoso nos anos 50 defendendo militantes argelinos que participavam da luta armada anticolonialista contra a França. Depois disso, ele defendeu, dentre outros: militantes palestinos presos em Israel e na Europa, membros do grupo alemão Baader-Meinhof, o famoso terrorista Carlos, o Chacal (além de outros membros do grupo), o Ayatollah Khomeini, o carrasco nazista Klaus Barbie, os líderes do Khmer Vermelho e meia dúzia de ditadores africanos, além de ter se oferecido para defender Slobodan Milosevic e Saddam Hussein. Por isso tudo a mídia costuma chamá-lo de "O Advogado do Diabo", e ele parece se divertir com isso.

O filme é particularmente instigante porque tenta (e consegue) não fazer nenhum juízo de valor sobre Vergès, deixando totalmente a cargo do espectador fazê-lo. Há uma enorme quantidade de depoimentos contra e a favor, além de alguns que deixam mais coisas subentendidas do que claras.

Por exemplo, um membro dos serviços secretos franceses deixa transparecer que Vergès poderia ter sido, em certo período, colaborador dos órgãos de segurança da França. Outros depoimentos, apesar de não confirmarem, não conseguem apagar a suspeita de que ele tenha ficado certo período no Cambodja assessorando Pol Pot, o líder máximo do Khmer Vermelho e responsável, direta ou indiretamente, por mais de 1 milhão de mortes.

Outra boa faceta do filme é que ele permite que conheçamos melhor alguns episódios que nunca foram bem explanados aqui no Brasil, ou em alguns casos são quase desconhecidos.

Vale a pena destacar dois deles. O primeiro mostra como o governo Mitterand foi chantageado pela organização do Chacal para que libertasse dois de seus membros que estavam presos. Para conseguir seu intento, eles promoveram uma campanha de atos terroristas, quase sempre atentados á bomba, que mataram dezenas de inocentes.

O segundo é mais remoto, porém ainda mais trágico. Trata-se dos acontecimentos ocorridos no dia 8 de maio de 1945 (e nos seguintes) na cidade argelina de Setif e em mais algumas das proximidades. Embalados pela vitória aliada contra os nazistas (lembrem: 8 de maio foi o dia exato da rendição alemã), uma multidão de argelinos foi às ruas em comemoração e pedindo mais liberdade em seu país. A manifestação, que era autorizada, começou de maneira pacífica, com a multidão cantando músicas nacionalistas. Entretanto, aos poucos foram aparecendo bandeiras argelinas, o que era proibido. A polícia tentou confiscá-las de maneira violenta, e acabou atirando contra a multidão, matando grande número de manifestantes. A multidão, que passava por um bairro habitado por colonos franceses (os pied-noir), resolveu revidar violentamente contra os civis europeus, matando várias dezenas.

A reação do governo colonial, e aprovada por De Gaulle, foi brutal. Tropas do exército e da polícia, auxiliados por milícias formadas pelos colonos franceses, e com apoio de bombardeios aéreos e, pasmem, navais, fizeram um banho de sangue. O número exato de vítimas jamais será conhecido, mas as estimativas mais acreditadas, feitas por estudiosos franceses, variam entre 6000 e 20000 mortos. O consulado geral americano chegou a falar em 45000 vítimas, mas parece ser um número exagerado. Foi este episódio que pavimentou o caminho para a insurreição geral contra a ocupação francesa que começaria 9 anos depois.

Voltando ao filme, recomendo com ênfase. Mas aviso: não é uma obra fácil de digerir.

12 de novembro de 2009

Fechando um ciclo

(A partir de agora, sempre que quiser falar sobre esportes, o farei usando o Torcedor Obsessivo Compulsivo, um blog alternativo. Algumas vezes, quando considerar que o assunto transcende os limites do puramente esportivo, replicarei o post aqui no De Olho. O que é o caso deste.)



É bem comum, além de claramente compreensível, que muitos de nós usem como flagrante da passagem dos anos o crescimento dos próprios filhos. Acompanhar cada etapa da evolução deles acaba nos fazendo relembrar os nossos próprios momentos.

Olhar para os meus indomáveis rebentos em suas lutas e descobertas de cada dia mexe bastante comigo. Óbvio que quase todo pai pode (e deve) dizer a mesma coisa, Mas no meu caso a diversidade de idades, especialmente entre a caçula e os dois mais velhos, torna tudo mais colorido e desafiador.

Mas do que eu realmente gostaria de falar hoje não tem a ver com eles (pelo menos não diretamente). Tem a ver com a minha própria infância e adolescência, e como a paixão pelo futebol me impregnou de modo definitivo.

O que desencadeou essa vontade de tocar no tema foi um acontecimento triste. No último dia 09 faleceu, aos 58 anos, Francisco Gomes de Sousa, o Chinesinho, vítima de complicações advindas de uma hepatite.

Quem não é aqui da terrinha, ou não acompanhou o futebol cearense dos anos 70, provavelmente nunca ouviu falar desse volante de futebol clássico e de um pulmão invejável. Quando eu falo volante, por favor não queiram visualizar essa enxurrada de brutamontes que povoou a cabeça-de-área do futebol mundial e brasileiro nos últimos 25 anos, especialmente após a derrota da seleção de 82. Chinesinho era daqueles marcadores que raramente apelava para as faltas. Ele antecipava as jogadas, tirando partido da velocidade.

Para mim, o ponto alto de Chinesinho coincidiu com o ápice de uma das melhores equipes que o Fortaleza já formou, aquela que conquistou o bicampeonato de 1973/1974. O técnico Moésio Gomes adotou um esquema que acabou batizado por Quadrado de Ouro, por utilizar no meio-de-campo 4 jogadores diferenciados: Chinesinho, Zé Carlos, Lucinho e Amilton Melo. Um volante tipo "carregador de piano" (Chinesinho), outro volante com excelente capacidade de sair jogando e chutar em gol (Zé Carlos), um meia muito habilidoso mas também rápido (Lucinho) e outro meia para o qual o adjetivo craque não era exagerado (Amilton Melo). Tudo isso servindo dois atacantes, que poderiam ser um centro-avante ágil (como Marciano), ou um tipo "rompedor" (como Beijoca), ou ainda dois do tipo veloz (como Geraldino ou Haroldo).

Chinesinho era o último remanescente vivo daquele meio-de-campo. Todos os outros faleceram relativamente jovens.

Eu sei. Para muitos de vocês que não são fãs de futebol esse texto deve estar parecendo algo como um tratado arqueológico sobre as primeiras povoações humanas no Himalaia do Leste (desafio alguém a matar de onde tirei isso...). Um pouco de paciência, por favor, pois neste caso o futebol é apenas um meio, não um fim.

Voltando a aquela equipe de 73/74, ela me pegou bem na pré-adolescência. Eu já torcia pelo Fortaleza desde bem pequeno, mas até ali nunca havia sentido uma emoção daquele tipo que deixa marcas. O título de 73 foi gostoso, mas nada comparável ao que aconteceu em 1974.

Para ser sucinto: o grande rival venceu o 1º turno e foi para o último jogo do 2º turno jogando pelo empate. Ou seja, o bicampeonato transformou-se em algo quase inatingível.

Quase. Porque o Fortaleza venceu 3 vezes em sequência (4x0, 1X0 e 3X1), tudo no espaço de uma semana.

Imaginem agora o efeito que algo assim teve sobre aquele garoto gordinho, baixinho, de fala rápida, introspectivo e, como até hoje, passional. É daquelas coisas que ajudam a moldar que tipo de pessoa você será, e que ensina que o impossível quase nunca é tão impossível assim.

Além de ser o tipo de coisa que ajuda a apreciar aqueles momentos em que o filho homem está junto comigo, no sofá de casa, torcendo alucinadamente frente à televisão, às vezes varando a madrugada.

Para encerrar, dói um pouco escrever sobre isso nas vésperas de um possível (e provável) rebaixamento para a Série C.

3 de novembro de 2009

Atuk, ou a maldição de um roteiro de cinema

Era uma vez um escritor canadense chamado Mordecai Richler, que publicou em 1963 um livro contando as divertidas peripécias de um esquimó na cidade grande.

O livro, The Incomparable Atuk, fez relativo sucesso na América do Norte, e despertou a atenção de Hollywood, que viu no material a possibilidade de servir de base para uma boa comédia.

O roteirista Peter Gzowski tratou de fazer uma adaptação no início dos anos 80 e deu ao roteiro o nome de Atuk (Avô, em Inuit).

E é aqui que começa a nossa história, no mínimo inusitada.

Gzowski escreveu o roteiro tendo em mente um ator específico para o papel principal, seu amigo John Belushi. Belushi leu o roteiro e entusiasmou-se com o projeto.

Entretanto, em 05 de março de 1982, ainda durante os estágios iniciais de pré-produção, Belushi foi encontrado morto vítima de overdose.

O acontecimento paralisou o projeto por alguns anos, até que em 1988 o comediante Sam Kinison aceitou fazer o papel principal. A produção avançou, e as filmagens chegaram a ser iniciadas. Entretanto, Kinison começou a demonstrar insatisfação com o roteiro e exigiu que fosse parcialmente reescrito, o que levou a paralisação da produção e desencadeou uma disputa judicial que se arrastou por vários meses, até que Kinison foi demitido.

Pouco tempo depois, em 10 de abril de 1992, Kinison morreu em um acidente de carro.

No início de 1994, depois de algumas sondagens, o roteiro foi enviado para o também comediante John Candy, que demonstrara interesse no papel.

Inesperadamente, Candy sofreu um fulminante ataque cardíaco em 04 de março de 1994.

As coisas tornaram a ficar paradas até 1997, quando outro comediante conhecido, Chris Farley resolveu ler o roteiro e entrou em negociações para aceitar o papel.

Porém, Farley seguiu o caminho de seu ídolo, John Belushi, e morreu vítima de uma overdose em 18 de dezembro de 1997.

Antes de falecer, porém, Farley mostrou o roteiro para um amigo, o também comediante Phil Hartman, e o convidou a participar do projeto em um dos papéis coadjuvantes.

Alguém quer advinhar o que aconteceu? Facil. Hartman foi assassinado pela esposa em 28 de maio de 1998.

De lá para cá o roteiro está dormindo em algum arquivo em Hollywwod, e nenhum comediante gordinho fala mais em levá-lo às telas encarnando o protagonista.

Maldição, lenda urbana, apenas coincidência, seja lá qual for o nome que se deseje dar, está é uma daquelas histórias que reforçam o velho ditado espanhol:

Yo no creo en las brujas, pero ...