29 de novembro de 2008

O milagre aconteceu

Revertendo algo que mesmo a imensa maioria de sua torcida já considerava fato consumado, o Fortaleza escapou do rebaixamento para a série C.

Motivo para estarmos aliviados, mas sem direito a comemorar efusivamente.

A diretoria errou demais, desde o início do ano, e de quase todas as formas possíveis. Quase jogou pelo ralo o lento e, ao que parecia, seguro trabalho de reestruturação do clube, que já durava uns 8 anos.

Demos sorte, muita sorte. Os resultados dos adversários, nas últimas rodadas, foram exatamente o que precisávamos. E mesmo assim, quase colocamos tudo à perder.

Agora é levantar a cabeça e não repetir em 2009 os erros deste ano.

Porque a torcida tricolor não merece passar por esse sofrimento outras vezes.




(Post simultâneo com o Torcedor Obsessivo Compulsivo )

28 de novembro de 2008

Um prazer e uma honra

Ontem tive a oportunidade de transformar um conhecimento virtual em real.

Tomei uma geladas, acompanhadas de churrasco de carneiro, com um dos grandes da blogosfera brasileira.

Um grande abraço, Hermenauta.

Foi um prazer e uma honra.

27 de novembro de 2008

Eu estava quieto...

... aí o amigo Monsores começou a me catucar.Bem, lá vai:




Essa aí é a do Dylan que mais toca no meu carro...

26 de novembro de 2008

Casa de avó, chiqueiro de neto

Um dia desses, indo para o trabalho, ouvi no rádio o locutor afirmar que aquele era o Dia do Avô. Fiquei em dúvida se era isso mesmo, até porque não vi nenhuma outra menção ao assunto na mídia durante o dia.

De todo modo, desde lá fiquei com um pensamento recorrente: o que exatamente é ser avô.

Particularmente, quanto a esse tema, vivo em um certo limbo. Ainda não sou avô, se bem que já poderia ser (minha filha mais velha vai completar 24 anos e o do meio vai fazer 18 semana que vem...). E quanto aos meus avós, tive menos contato do que gostaria, pelo menos em 3/4 dos casos.

Explicando: os dois avós homens faleceram bem antes de meus pais se conhecerem. O avô paterno, de quem herdei o nome, foi levado pelo que provavelmente foi um dos últimos surtos de Gripe Espanhola, bem no início dos anos 40. E o avô materno, seu Júlio, que passou grande parte da vida administrando a construção de barragens sertão a dentro, viveu até o início dos anos 50, quando o que suspeito ter sido um câncer de pulmão o levou.

Quanto às avós, conheci as duas, mas em circunstâncias bastante diferentes. A avó paterna, Dona Cristina, morava no interior, em uma pequena cidade às margens do Rio Jaguaribe chamada Itaiçaba (esse nome já apareceu neste blog, procurem).

Aliás, esta semana, vendo as notícias da tragédia provocada pelas chuvas em Santa Catarina, lembrei de como Itaiçaba era vulnerável às enchentes. Várias vezes durante minha infância e adolescência ocorreram grandes inundações, com a água atingindo 5 ou 6 metros no centro da cidade (isso quer dizer mais de 10 metros acima do nível normal do rio).

Mas voltando à minha avó, tenho fotos de visitas que fizemos a ela quando eu tinha cerca de 1 anos de idade, e pude travar contato com a vida no interior, correndo atrás de bichos, andando de carroça, e por aí vai... Infelizmente, ela faleceu quando eu tinha apenas 3 anos, e por isso o contato foi muito limitado.

Quanto à avó materna, bem, a história é completamente diferente. Por um daqueles desencontros que a vida apresenta para todos nós, meus pais se separaram antes de eu completar 2 anos. e minha mãe voltou a morar na casa de minha avó. Resultado: desde então, e até o falecimento dela no meio da minha adolescência, Dona Júlia (esse nome...) foi presença marcante.

E olha que ela não foi aquele tipo de avó totalmente complacente com as atitudes do neto. Uma vida incrivelmente cheia de acontecimentos marcantes e dolorosos (acreditem, até hoje me arrependo de não ter gravado um depoimento dela) fez com que ela se tornasse uma mulher muito austera e ciosa de sua autoridade. Mas eu era o neto que morava com ela, logo tinha minhas regalias em relação às dezenas (isso mesmo, dezenas) de primos e primas que nos visitavam constantemente.

Só à guisa de exemplo: lembro perfeitamente quando, aos 5 ou 6 anos, pedi que ela me explicasse o que era o Jogo do Bicho (apesar de católica fervorosa, ela não abria mão de uma aposta de vez em quando). Ela fez melhor: explicou o jogo em linhas gerais, chamou o bicheiro que passava todo dia em nossa rua, e mandou que eu fizesse uma "fezinha". Não sei de quanto foi a aposta, nem lembro os números (acho que foi o da casa, mas não tenho certeza), mas não é que eu acertei na centena? Sei que o prêmio acabou ajudando minha mãe a pagar umas contas, minha avó comprar uns remédios, e para mim rendeu umas roupas novas e uns brinquedos.

Em outras palavras, aquela casa era mais ou menos o que o dito popular que usei como título deste post expressa: "casa de avó, chiqueiro de neto".

E volto à pergunta do início, porém sobre um ângulo mais pessoal: como serei eu como avô?

Bem, uma pista para a resposta está dentro de casa. Afinal de contas, quando se tem uma filha caçula bem mais nova do que os demais, e você está em uma idade em que netos já são uma possibilidade palpável, corre-se o risco de virar um pai-avô (o inverso é um avohai, como imortalizou Zé Ramalho...). Tem que se ter cuidado para a autoridade de pai não se esvair e a coisa degringolar...

Outra pista vem dos meus sobrinhos, diretos e indiretos. Sabem aquele tipo de tio meio palhaço, que quem todos gostam e com quem todos tem uma história interessante para contar? Pois esse sou eu.

Resumindo, tenho quase certeza que serei aquele avô totalmente contraproducente em termos de autoridade. Meus filhos é que dêem seu jeito...

19 de novembro de 2008

Mexendo com o meu patriotismo

Em algum lugar, sobre a carapaça de cidadão do mundo, ainda sobrevive em mim um naco considerável de patriotismo. E que costuma vir à tona quando escuta estes versos, especialmente num dia como hoje:

Salve, lindo pendão da esperança,
Salve, símbolo augusto da paz!
Tua nobre presença à lembrança
A grandeza da Pátria nos traz.

Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!

Em teu seio formoso retratas
Este céu de puríssimo azul,
A verdura sem par destas matas,
E o esplendor do Cruzeiro do Sul.

Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!

Contemplando o teu vulto sagrado,
Compreendemos o nosso dever;
E o Brasil, por seus filhos amados,
Poderoso e feliz há de ser.

Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!

Sobre a imensa Nação Brasileira,
Nos momentos de festa ou de dor,
Paira sempre, sagrada bandeira,
Pavilhão da Justiça e do Amor!

Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!


Hino à Bandeira Nacional
Letra: Olavo Bilac
Música: Francisco Braga


Disparado, esse hino tem a letra mais linda de todos. Mais do que o combativo porém antiquado Hino à Independência, e do que o Hino Nacional, de boa música e confusa letra.

Hoje é 19 de Novembro, Dia da Bandeira. E, disparado, esse hino tem a letra mais linda de todas. Mais do que o combativo porém antiquado Hino à Independência, e do que o Hino Nacional, de boa música e confusa letra.



P.S. Notaram como de uns tempos pra cá estou ficando especialista em desencavar efemérides? Será que isso tem cura?

18 de novembro de 2008

Eles estão de volta (se é que tinham partido...)

Se existe um tema do qual jamais pensei que fosse tratar neste espaço, esse é o da pirataria. Não aquela que ficou famosa nos últimos anos, a pirataria tecnológica, de conteúdo ou de equipamentos. Essa aí até me passou vez ou outra pela cabeça escrever algo.

Eu falo é da pirataria armada, aquela que aterrorizou os mares por milhares de anos. Milhares sim, pois desde os primórdios da antiga Grécia (1300 A.C.), ou nos mares da China e Japão, que o problema existia. Pirataria que teve seu auge no século XVIII, e o Caribe como seu principal teatro. E que desde então foi definhando até se transformar em atividade restrita a alguns portos mal policiados (Santos é constantemente citado...) e algumas regiões do Extremo Oriente.

Pois não é que, de uma hora para outra, descobrimos que a costa da Somália transformou-se em região de intensa atividade de piratas. Dezenas, talvez centenas de navios já foram atacados na região. Semanas atrás, um barco ucraniano carregado de armas para o Quênia foi tomado. Agora foi a vez de um super-petroleiro saudita. Tudo isso aproveitando-se de um governo que na prática não existe, e da passividade (pelo menos até agora) das chamadas grandes potências.

Fico pensando se esse ressurgimento, com tal força, não é mais um subproduto da desastrada administração Bush. Afinal, a administração que está (felizmente) em seus estertores cometeu, dentre seus incontáveis erros mundo afora, equívocos cruciais ao tratar com aquela região. Tendo recebido do governo Clinton uma situação já calamitosa, com o poder na Somália dividido entre senhores da guerra, o governo Bush, sempre obcecado pela luta contra os extremistas islâmicos, deixou passar várias oportunidades de unificar e pacificar a região, apenas porque o poder passaria para um governo com alguma orientação islâmica, mesmo que moderada.

Pois é, os piratas estão de volta às manchetes, e não é por causa de nenhum longa da Disney...

11 de novembro de 2008

Ecos de um conflito quase esquecido

Responda rápido: que dia é hoje?

A maioria vai lembrar rápido da data: 11 de novembro de 2008.

Mas, e daí? O que essa data significa? Não vale olhar a Wikipedia...

Admito que, como fanático por história, essa é uma data da qual sempre soube o significado. Mas esse ano quase passei batido. Ouvindo o rádio hoje pela manhã um locutor indiretamente me refrescou a memória: hoje é o Dia do Armistício.

Que bicho é esse? Bem, é em comemoração à assinatura do cessar-fogo que pôs fim a 1ª Guerra Mundial, em 11 de novembro de 1918. Ou seja, exatos 90 anos.

Se você não é também um tarado por história, e especialmente por temas militares, tenho certeza de que acha essa data apenas mais uma daquelas milhares que estão nos livros didáticos e que não representam basicamente nada. Aliás, representam sim: mais uma brecha para aqueles antigos professores de história que gostavam de obrigar os alunos a decorar fatos e datas sem explicar a verdadeira importância dos mesmos.

É quase um consenso de que a 2ª Guerra foi o último conflito de grande porte onde os lados estavam perfeitamente caracterizados. Sabíamos que estava certo e quem estava errado, quem representava o bem (vá lá...) e quem era a imagem do mal, quem era o agressor e quem era o agredido. E ao final da guerra estava lá o preço pago: aproximadamente 70 milhões de mortos, entre militares e civis.

A 1ª Guerra não teve esse caráter claramente estabelecido, nem durante e principalmente após seu encerramento. A luta entre as potências imperialistas parecia inevitável no final do século XIX e início do século XX, com cada uma procurando se preparar da melhor forma possível, incluindo uma política de alianças que tirava quase qualquer margem de manobra dos defensores da diplomacia. A "paz armada" era a tônica, e bastaria um estopim para abrir a caixa de Pandora...

Quando chegamos à novembro de 1918, depois de 4 anos de lutas e atrocidades (não esqueçam o genocídio contra os armênios...), em que grande parte dos armamentos hoje utilizados (e até alguns que foram posteriormente proibidos...) tiveram sua origem, que destruíram totalmente qualquer ideal romântico-nacionalista que grandes parcelas das populações tinham quando da eclosão das hostilidades, e depois de quase 20 milhões de mortos, o mundo havia mudado mais profundamente do que nos 50 anos anteriores, e as marcas do conflito e dos tratados de paz que o seguiram acabariam dando o mote para a matança subsequente.

Ou será que alguém imagina que aquele austríaco que serviu como cabo no exército alemão teria conseguido realizar toda aquela "obra" sem que existisse na Alemanha dos anos 20 um terreno fértil para as suas pregações extremistas? Ou que os totalitarismos italiano, japonês e, de certa forma, o stalinismo, são em boa medida filhos da chamada Grande Guerra ?

Em meados dos anos 90, alguns analistas diziam que o século XX começou e terminou no mesmo lugar: Sarajevo. Das balas que mataram o arquiduque austríaco em 1914 até o conflito entre sérvios, bósnios e croatas por nacos da então Iugoslávia, parece que realmente as mudanças não foram tantas assim.

Se bem que, sobre o real fim do século XX, a Al-Qaeda tem opinião diferente...


5 de novembro de 2008

Presidente Barack Hussein Obama



Parabéns ao presidente eleito, ao povo americano e a todos os habitantes do planeta.

Esperemos que, de fato, a esperança na mudança se materialize.



P.S. Belo presente de aniversário que eu e o PD ganhamos...

4 de novembro de 2008

E eles estão votando...

Chegou o dia ansiosamente esperado pelos americanos e, gostemos ou não, pelo resto do mundo. Hoje os eleitores dos Estados Unidos escolhem seus novos dirigentes, em especial seu novo presidente.

Barack Obama ou John McCain?

Se as últimas pesquisas estiverem certas, Obama leva essa sem dramas exagerados. O que parecia 90 dias atrás ser uma disputa acirrada transformou-se em provável vitória folgada dos democratas. A grave crise econômica tirou o chão sob os pés dos republicanos, e jogou o americano médio nos braços de Obama. Junte-se a isso o descalabro dos últimos oito anos de era Bush e o cenário está montado.

Não dá para esquecer o fato de que Barack pode ser o primeiro não-branco a chegar ao comando da Casa Branca, algo impensável até bem pouco tempo. Prova que o país mudou muito desde os conflituosos anos 60, onde a luta pelos Direitos Civis atingiu seu ápice. Óbvio que nem todos mudaram, como bem sinalizaram diversos episódios desta campanha. Mas que as coisas estão em mutação no Grande Irmão do Norte não dá para negar...

Este blog, bem lá atrás, deixou clara sua simpatia pelo candidato democrata. Um pouco por ideologia pessoal e muito por achar que o resto do mundo merece lidar com um líder americano minimamente decente e esclarecido.

As próximas horas mostrarão se teremos essa chance.

1 de novembro de 2008

Está tudo lá em "West Wing"...


Dando uma espiada nos jornais on-line esses dias, dei de cara com este artigo do NYT. Bastou ler os primeiros parágrafos para ficar impressionado no modo como aquele velho bordão de que "a vida imita a arte" pode ser estar sendo novamente reiterado.

"Quando Eli Attie, um redator da série "The West Wing", preparava-se para escrever alguns episódios na sexta temporada sobre a improvável candidatura presidencial de um jovem congressista democrata, ele pegou o telefone e ligou para David Axelrod.

Attie, um ex-redator de discursos para Al Gore, e Axelrod, um consultor político, haviam cruzado caminhos anteriormente em campanhas políticas. "Eu telefonei-lhe e disse: 'Fale-me sobre Barack Obama'", disse Attie.

Dias depois de Obama, então um senador estadual em Iliinois, fazer um elogiado discurso na Convenção Nacional Democrata de 2004, os dois homens tiveram várias e longas conversas sobre a recusa dele em ser definido por sua raça e suas aspirações em ultrapassar a barreira partidária. Axelrod estava então trabalhando na campanha de Obama para o Senado dos Estados Unidos. Agora ele é o estrategista-chefe da campanha presidencial de Obama.

Quatro anos mais tarde, os escritores de "The West Wing" estão assistindo espantados como a eleição está se desenvolvendo. O paralelismo entre as duas temporadas finais da série (que terminou sua exibição pela NBC em maio de 2006) e a atual campanha é inconfundível. A ficção, mais uma vez, prenunciou a realidade.


Resumindo (mais ou menos...), para quem não quiser ler o artigo original, ou não conhece bem a série (particularmente, adorava essa série, mas as duas últimas temporadas não pude acompanhar com deveria):

- O personagem Matthew Santos, interpretado por Jimmy Smits, é um congressista novato, de origem hispânica, carismático, bom de mídia, com duas filhas pequenas, e que, frustrado com a polarização que encontrou em Washington, resolve entrar na disputa pela indicação democrata à presidência e, contra todos os prognósticos, vence os candidatos mais conhecidos do partido.
- No anúncio da candidatura, Santos diz a seus apoiadores: "Estou aqui para dizer que a esperança é real... Numa vida de escolhas, em um mundo de desafios, a esperança existe". (Só faltou a plateia gritar "Yes, we can.")
- O candidato republicano é o senador Arnold Vinick, interpretado por Alan Alda, com seus cabelos brancos, firmemente contra impostos, com fama de falar o que pensa e capaz de atrair os moderados.
- Santos escolheu para vice um veterano democrata capaz de somar experiência em política externa, enquanto Vinick escolheu um governador ferozmente conservador.
- Da mesma forma que na campanha real, os democratas usaram contra Vinick o argumento da idade e da falta de familiaridade com as novas tecnologias. Ao mesmo tempo, o candidato republicano era acusado por setores de seu partido de não ser "conservador o suficiente".
- Apesar de procurar ser um candidato acima das barreiras raciais, Santos fez, em um momento crítico da campanha, um discurso sobre o tema, e reservadamente se preocupava se os eleitores iriam votar em um candidato vindo de uma minoria.
- Semanas antes da eleição, o presidente de então, Jed Bartlet, interpretado por Martin Sheen, convoca os dois candidatos até a Casa Branca para discutir uma grave e inesperada crise.

Bem, no final, Santos venceu apertado. Será esse um sinal para o que esperar da eleição real? Saberemos em breve.

Mas um blog do jornal inglês The Independent (a série continua no ar na Inglaterra e é muito popular) já estampou: "Barack Obama will win: It’s all in ‘The West Wing.’ "