29 de maio de 2009

Massafeira Livre, 30 anos depois, e a morte de seu guru

No período compreendido entre 15 e 19 de março de 1979, no Teatro José de Alencar, em Fortaleza, um grupo de artistas cearenses (principalmente músicos, mas também artistas plásticos, fotógrafos, poetas e grupos teatrais) organizou e participou de um dos movimentos culturais mais relevantes (se não o mais relevante...) da segunda metade do século XX no estado, o Massafeira Livre.

O movimento se estruturou ao redor de um núcleo de músicos que vinha buscando seu espaço no cenário nacional desde o final dos anos 60, e que havia sido batizado pela crítica de Pessoal do Ceará, e onde se destacavam Ednardo, Belchior e Fagner. Eles resolveram aproveitar o início daquele que (apesar de ninguém saber ainda) seria o último governo da ditadura para chacoalhar o predominantemente conservador cenário cultural cearense.

Ednardo, Belchior, Fagner, Rodger Rogério, Teti, Petrúcio Maia, Manassés, Amelinha, Ricardo Bezerra, Caio e Graco Sílvio, e por aí vai a lista de participantes, apenas para citar alguns da parte musical. Dentre os poetas, a principal participação foi do essencial Patativa do Assaré.

Como vocês podem imaginar, foram quatro dias de loucuras e transgressões, e onde o número de artistas que queria um espaço para mostrar seu trabalho foi tão grande que a anarquia total quase tomou conta e pôs tudo a perder. A coordenação do evento, girando ao redor de Ednardo, teve que comprar brigas homéricas para que movimento não se desintegrasse ainda durante as apresentações, mas no fim a coisa acabou bem.

Apenas durante esta última semana de maio é que estão ocorrendo as comemorações de 30 anos do evento. O atraso aparentemente deveu-se a questões logísticas, mas acabou fazendo com que a festa quase coincidisse com o falecimento, em 15 de maio, de um dos principais organizadores do movimento.

Augusto Pontes era músico, poeta, publicitário e, principalmente, agitador cultural. Frasista conhecido pela contundência, teve diversas expressões cunhadas por ele aproveitadas em composições de outros artistas. Por exemplo:

"Sou apenas um rapaz latino-americano sem dinheiro no banco e sem parentes importantes."

Ele era considerado uma espécie de guru para o grupo que montou a Massafeira, e foi um dos seus coordenadores principais. Estava trabalhando ultimamente na organização do show comemorativo dos 30 anos, que ocorrerá nesse dia 29 na principal (e mais central) praça de Fortaleza, a Praça do Ferreira, reunindo alguns dos principais expoentes do movimento.

Um dos principais resultados do movimento foi a gravação em estúdio de um álbum duplo chamado Massafeira Livre, com as principais músicas apresentadas durante os shows. A única faixa trazida diretamente das apresentações foi a que trazia Patativa do Assaré nos mostrando sua arte pela primeira vez em um teatro.

Neste link, do ótimo site Um Que Tenha, podemos ter acesso ao download do álbum Massafeira Livre.

E neste outro link, temos acesso a um conjunto de fotos que misturam os shows e a gravação do álbum.

28 de maio de 2009

Um tradutor, por favor !!!

Existe aqui na terrinha um grupo político chamado Crítica Radical. A maioria dos seus membros já vagou, desde os tempos da ditadura até algum tempo atrás, por várias denominações de esquerda e extrema-esquerda, e sempre arrumando confusão com as lideranças desses partidos e/ou tendências.

Para efeito de situar melhor essa organização, digamos que o rosto mais conhecido do grupo é a socióloga e ex-prefeita de Fortaleza Maria Luiza Fontenelle, e eles defendem posições radicalmente anti-capitalistas, sem porém se identificarem com as posições do mainstream da esquerda atual.

Uma visita ao site do grupo pode ser muito elucidativa. Ou não.

Eles estão convocando para Janeiro de 2010 um Fórum Transnacional Antifetichista, e para tanto lançaram um documento convocatório. Dei uma lida nesse documento e juro que estou boiando até agora.

Alguns trechos:

"Um fórum que tem como fundamento a revolução teórica da crítica radical do valor-dissociação. Um fórum que vai desencadear o processo de construção de um movimento social emancipatório que transcenda o sistema produtor de mercadorias e inaugure uma nova relação social. Um fórum que possibilite o encontro do impensável com o impossível para ultrapassarmos a história das relações fetichistas. Um fórum que tem como objetivo a conquista da sociedade da emancipação humana."

"Mas há um obstáculo quase intransponível a este projeto emancipatório - a abstração real do valor- dissociação que se constitui como uma matrix apriórica sob a qual o ser humano submetido não sabe, mas faz. "

"O quase intransponível reside no fato de que a forma social da abstração real do valor é comum às classes sociais e a causa do conflito de seus interesses. Tal forma é fetichista porque constitui uma estrutura sem sujeito por trás das costas dos envolvidos. Nesta estrutura, as pessoas humanas são submetidas ao eterno processo automático da transformação da energia humana abstrata em dinheiro. "

"O quase intransponível também reside no fato de que a forma social da abstração real do valor vem da sua determinação essencial lógica junto com a dissociação sexualmente determinada. Essa dissociação dos momentos de reprodução social material, sócio-psíquica e cultural-simbólica não se vincula diretamente à valorização do valor. No entanto, essa dissociação surge como aspecto essencial abrangente, transversal a todas as esferas, porque está sediada no plano da lógica básica ou da própria matrix."


Olha, apesar de não ser nenhum especialista, também não me considero um total analfabeto em temas sócio-político-filosóficos.

Mas, repito, juro que estou sem entender praticamente nada.

Alguma alma boa pode traduzir para mim ?

24 de maio de 2009

Dois toques sobre o Santos

Em um domingo, dois toques rápidos sobre o time do coração:

- O Marco, comentarista do Pandorama, postou um texto excelente sobre um jogo entre Santos e Palmeiras em 1958.

Mesmo alguém que não goste de futebol ou não torça por um dos dois times vai gostar.


- Na direção contrária: acabo de ouvir no rádio uma discussão sobre salários de alguns jogadores de futebol, os quais já faz tempo estão descolados da realidade do país.

Para ficar só no Santos, vocês sabem quanto ganha mensalmente o zagueiro Fabiano Eller (um jogador apenas razoável)? A bagatela de R$ 200.000,00. E ele nem é o jogador mais caro do elenco do Peixe.

O também zagueiro Fabão e o atacante Kleber Pereira (nenhum dos dois também é craque) recebem em torno de R$ 350.000,00. E o goleiro-brigão Fábio Costa recebe acima de R$ 400.000,00.

Mais que irreal: surreal.

Agora respondam: quanto deveriam receber os craques citados no post do Marco se jogassem nos nossos dias?

20 de maio de 2009

Autodeclaração de raça

A Câmara pode estar votando hoje (ou nesses dias) em uma comissão especial o Estatuto de Igualdade Racial.

Não é minha intenção discutir aqui o mérito do Estatuto e sua principal consequência, a política de cotas raciais. Até um tempo atrás eu era claramente favorável ao projeto, mas hoje tenho minhas dúvidas.

Quanto às cotas sociais, continuo um entusiasta.

Mas como eu disse antes, não quero aprofundar (pelo menos hoje) a discussão.

Quero é contar um episódio acontecido 2 dias atrás.

A empresa onde trabalho se prontifica em pagar treinamentos externos para os funcionários, desde que ligados às funções de cada um.

Apareceu um curso interessante, oferecido por um órgão do Sistema SESI-SENAI, e eu pedi para ser inscrito. A área de RH da empresa aprovou e me enviou uma ficha de inscrição emitida pelo órgão.

Comecei a preencher a ficha, e notei a quantidade de informações pessoais que eram solicitadas. Até o número da Carteira Nacional de Habilitação eles queriam saber...

Aí dei de cara com um item que pedia que eu declarasse minha Raça/Côr (assim mesmo...) e davam as seguintes opções: Branca, Negra, Parda, Amarela, Indígena e Não Identificada.

Colocando de lado que o significado da opção Não Identificada permaneceu para mim um mistério, o que me bateu na hora foi: Eu tenho que responder uma pergunta dessas? Porquê?

Primeiro, para que esse tipo de pergunta? Sua resposta não faria a menor diferença para o órgão nem para o curso.

Depois, e mais importante: acho este tipo de questionamento totalmente desrespeitoso, ofensivo mesmo.

Sou um cidadão brasileiro que paga seus impostos e não quer nenhum tipo de privilégio nem aceita nenhum tipo de preconceito baseado na cor da pele. Nesse assunto, sou o que sou e ninguém tem nada com isso. Não dou a ninguém o direito de fazer este tipo de pergunta, especialmente sem um excelente motivo (questões de saúde, por exemplo).



Antes que alguém pergunte, marquei a opção Não Identificada.

Isso porque não achei a opção Verde ou Klingon.

18 de maio de 2009

Uma história das periferias do Brasil

Hoje resolvi passar para os meus escassos leitores uma história que me foi contada uns dias atrás pela minha filha mais velha, a que tem nome de filme do Woody Allen. E como inspirada pelo cineasta americano, essa história tem lances de tragédia salpicados de comédia.

A herdeira faz graduação em Enfermagem, e durante o curso os alunos tem por obrigação tomar contato com a realidade dos Postos de Saúde que atendem a grande massa de nossa população, especialmente aquela residente nas periferias mais desassistidas de nossas metrópoles. E foi durante a visita a um desses Postos que ela escutou o relato de uma de suas professoras, que também é uma das encarregadas pela Unidade.

O Posto, além do atendimento corriqueiro, é uma base para as equipes do Programa de Saúde da Família (PSF), um programa que faz com que os profissionais de saúde vão ao encontro da população em suas residências. Para a saúde da fatia mais pobre do nosso povo isso tem um potencial quase revolucionário, e já obteve avanços significativos. Dentre os diversos tipos de doenças que são focadas pelo programa se encontra a tuberculose. Um atendimento mais próximo e individualizado para os portadores desse mal é importantíssimo, tendo em vista que o tratamento dura 6 meses e não deve ser interrompido sob pena de a bactéria se fortalecer e dificultar a cura. Pois bem, o pessoal do Posto tem como obrigação ir visitar os pacientes que deixam de comparecer para as consultas e para pegar os medicamentos. E é aí que, em muitos casos, as coisas complicam...

Um dos pacientes que deixaram de aparecer no Posto é, simplesmente, o chefe do tráfico de drogas da região, e que atende pelo singelo mas explicável apelido de Pato Rouco. Além dele, outros três conhecidos traficantes do mesmo grupo também estão acometidos do mesmo mal.

A profissional de saúde resolveu que isso não era motivo para deixá-los de fora do atendimento domiciliar, e resolveu se embrenhar favela adentro para encontrá-los. Por medida de segurança foi pesadamente uniformizada, de modo a deixar claro quem ela era. Sábia decisão: teve que enfrentar três barreiras colocadas pelos traficantes, e em cada uma precisou se identificar cuidadosamente.

Chegando até a presença do chefe ela foi cordialmente tratada, e executou sua função sem maiores problemas. Porém, estando ali, acabou identificando outro problema. Estava presente a companheira do Pato Rouco, que além de estar completamente "chapada" também apresentava sintomas da tuberculose e, para piorar, estava grávida. Para evitar complicações no parto, a enfermeira aconselhou que ela procurasse atendimento no Posto.

Passaram-se várias semanas e nenhuma notícia dos dois.

Até que, belo dia, um morador da comunidade que havia comparecido ao Posto procurou pela encarregada e foi logo dizendo:

- Dotôra, a senhora não sabe a novidade: nasceu o Pato Rouquinho...


13 de maio de 2009

O Rio e as Olimpíadas de 2016, Fortaleza e a Copa de 2014

Muito se tem falado sobre a candidatura do Rio de Janeiro para sediar os jogos Olímpicos de 2016.

Aqui dentro do Brasil a discussão está polarizada entre os que apoiam a candidatura (basicamente os governos estadual e municipal do Rio, o Comitê Olímpico Brasileiro, a Rede Globo, o empresariado ligado ao turismo e a construção civil e, em uma escala levemente menor, o governo federal), e aqueles que são críticos ao projeto (parte da imprensa e instituições da sociedade civil ligadas ao esporte e a transparência nos gastos públicos).

Pessoalmente sou contra o projeto, especialmente por ele ser tocado por um órgão (o COB) que já deu demonstrações inequívocas de incapacidade para gerenciar recursos e formatar planos que resultem em efetivos avanços para o esporte nacional e para o conjunto da sociedade. Isso se agrava a partir do momento em que se juntam a ele grupos políticos e econômicos cujo histórico é nada recomendável. Foi essa reunião de personagens que nos deu o Pan de 2007, com orçamento largamente ultrapassado, obras questionáveis, poucos ganhos na infra-estrutura da cidade (especialmente comparado ao que foi prometido) e praças esportivas que, após os jogos, estão variando entre a quase total falta de utilização e o desvio de finalidade.

Durante muito tempo, eu estava sem saber verdadeiramente quais as reais chances da candidatura do Rio. Tudo que eu via era o oba-oba dos organizadores, mas quase nada mais isento e independente. E quase nada sabia sobre a situação das candidaturas concorrentes, de Chicago, Tóquio e Madri.

Dando uma espiada no blog FiveThirtyEight, que analisa a política americana usando sempre ferramentas matemáticas e estatísticas (já disse aqui uma vez que esse é uma das minhas manias...), dei de cara com um post intitulado Why Obama Wants the Olympics, que falava das razões para que o atual governo americano tenha desencadeado um grande lobby em favor da candidatura de Chicago.

No mesmo post, vinha a afirmação de que as quatro candidaturas estariam muito próximas nos critérios técnicos, e citava o site GameBids, especializados no assunto, como fonte. Esse site possui um índice que indica a possibilidade de sucesso de uma candidatura. Na última atualização do índice, os números foram:

Tóquio - 61,41
Rio - 59,95
Madri - 58,73
Chicago - 58,37

Ou seja, páreo duríssimo. E junto com os números vinham algumas considerações sobre cada candidatura.

Por exemplo, Chicago sofre com os astronômicos valores que seriam cobrados dos patrocinadores (principalmente numa época de crise como a atual) e também por ser a única cidade onde não há garantias governamentais totais. Tóquio fez um plano compacto e muito objetivo, e tem usado bem o crescente apoio popular e o potencial econômico da região, mas pode ser prejudicada pelo fato de o Oriente ter sediado uma Olimpíada muito recentemente (Beijing). Quanto a Madri, tem um plano muito bem elaborado, fundamentalmente baseado no que quase foi vitorioso na disputa pelos jogos de 2012, somado a excelentes garantias financeiras e boas instalações já existentes.

E quanto ao Rio de Janeiro? Sua principal força, segundo os analistas, é o fato de a América do Sul nunca haver sediado os Jogos. Um pedido para que o Comitê Olímpico Internacional dê uma chance ao continente vem revestido de grande simpatia.

Mas o mais interessante é um fato que é normalmente utilizado pelos adversários internos da candidatura, mas que pode contar a favor do Rio: o valor a ser gasto. Para alguns membros do COI, o valor previsto para os investimentos (28,8 bilhões de reais, equivalentes a 13,9 bilhões de dólares) , superior em alguns bilhões de dólares ao das outras cidades candidatas, pode parecer como algo prudente e sensato, e assim diminuir o valor de eventuais estouros orçamentários, como ocorrido em Atenas, Beijing e Londres.

Volto a dizer: sou pessoalmente contra. Temos, enquanto país, outras prioridades para tão elevados valores. Da mesma forma, considero que a Copa de 2014 será um espetáculo de queima de dinheiro público, com boa parte dele indo para os bolsos de sempre.


Aliás, quanto à Copa, tenho um desabafo mais pessoal.

Esta semana saiu o valor previsto de gastos a serem realizados pelo governo do Estado do Ceará e pela Prefeitura de Fortaleza caso a cidade esteja entre as escolhidas para sediar jogos da Copa.

Em uma cidade cheia de problemas graves, e encravada em um estado com alguns dos piores indicadores sociais do país, pensa-se em gastar 9,2 bilhões de reais. E que podem se transformar em um valor ainda maior...

Ou seja, um terço da bagatela prevista pelo Rio 2016 para, com sorte, sediar 3 partidas do evento.

Alguém aí acha isso sensato?

12 de maio de 2009

Onde foi mesmo que eu vi esse rosto?

Ah! A minha memória...

Como a esmagadora maioria das pessoas, eu tenho as diversas modalidades da minha memória em graus os mais díspares possíveis.

Sou péssimo para guardar nomes, datas e telefones. Uma verdadeira tragédia... Mas sou muito bom para guardar imagens de todos os tipos, incluindo rostos.

Juntando uma coisa com a outra, vocês podem imaginar a quantidade de pessoas que eu reconheço, mesmo após muitos anos, mas de cujo nome não tenho a menor lembrança.

E acontece, com certa frequencia, o que vou relatar agora: vejo o rosto de alguém na TV e fico pensando onde é que eu já vi esse rosto antes, ou pelo menos um muito parecido.

Domingo passado, à noite, sem muito o que fazer e zapeando pelos diversos canais, parei para assistir uma partida de beisebol. (Sim, eu entendo um pouco do jogo e até gosto...)

A partida em questão era entre o Boston Red Sox e o Tampa Bay Rays, e na transmissão da TV americana eles incluem um bate-papo com com os técnicos durante os intervalos do jogo. Primeiro foi o do Tampa Bay, e depois foram para o do Boston.

Mesmo antes da entrevista, só em mostrarem a figura do técnico, algo disparou no meu cérebro. Onde é que eu já vi essa figura?

Não demorarou nem um minuto para eu lembrar...

Aí abaixo vão as fotos. E olha que eu não achei uma boa foto do técnico usando óculos (e ele usa um de modelo muito semelhante)...





Terry Francona, técnico do Boston Red Sox, e Heinrich Himmler, o abjeto chefe da SS nazista.

9 de maio de 2009

Sua bênção

Eu sei...

Você nunca foi muito chegada a esse tipo de comemoração.

Aliás, muitas datas "festivas" tinham pra você um efeito depressor. E de alguma forma eu absorvi um pouco disso, em maior ou menor grau.

Acostumei-me a lembrar de Dia das Mães como aquela reunião na casa da vovó, onde durante a manhã passavam todos os tios e primos para festejar a matriarca. E eu, sortudo, nem precisava me deslocar: morávamos lá.

Mas um dia a D. Júlia nos deixou, e a data nunca mais foi a mesma... Por mais que eu me empenhasse em alegrá-la, sempre ficava estampado em seu rosto o desconforto, mesmo que você tentasse disfarçar.

E, um dia, exatos 23 anos atrás, chegou a hora de você nos deixar.

Eu sabia muito bem que o mal que a acometia iria cobrar seu duro preço a qualquer hora.

Mas foi uma crueldade extra ele escolher logo a ante-véspera do Dia das Mães...

Hoje em dia, quando vejo seus netos (você mal teve chance de conhecer a mais velha...) festejando a mãe, a garganta aperta e eu tento esconder aquela dor que nunca vai passar.



Sua bênção, minha mãe.


6 de maio de 2009

O golpe das listas fechadas e do financiamento público

Fiz um comentário lá no Pandorama num tópico sobre financiamento de campanhas via internet , e é adequado trazê-lo para cá:


Olha, o TSE pode ter as melhores intenções quanto a esse assunto, mas pode ser atropelado pelos fatos.

Os principais partidos políticos (inclusive da oposição) estão se preparando para votar, com as bençãos do governo, um projeto de "reforma política" (reparem que coloquei a expressão entre aspas)que é um escândalo.

Simplesmente querem instituir o voto em lista fechada e o financiamento público exclusivo das campanhas.

O voto em lista fechada significa que deixaríamos de votar nos candidatos que desejássemos e passaríamos a votar apenas no partido, que escolheria uma lista de candidatos, dos quais os primeiros seriam eleitos, de acordo com a proporção de votos de cada partido.

Ou seja, as direções partidárias ganhariam um poder gigantesco, praticamente decidindo quem seria ou não eleito. É de se imaginar que apenas os da "panelinha" teriam seus nomes colocados nas primeiras posições da lista. Na prática, a renovação das casas legislativas cairia quase a zero.

Esse tipo de proposta floresce no Congresso porque os deputados estão com medo de que, enojado pelas seguidas denúncias de corrupção e de descaso com o dinheiro público, o eleitor promova uma renovação gigantesca nas bancadas. Ou seja, os caras estão querendo preservar suas "boquinhas".

Se hoje em dia, mesmo votando em candidatos, o controle do eleitor sobre seus representante é quase nulo, imaginem votando apenas no partido. como cobrar desempenho parlamentar, ética no trato da coisa pública, postura pessoal, etc.?

Por outro lado, o financiamento público exclusivo das campanhas, apesar de vir acompanhado de uma explicação bem-intencionada (seria para igualar a chance dos candidatos e partidos, retirando a vantagem daqueles com grandes esquemas econômicos na sua retaguarda), tem diversos problemas. Como o dinheiro iria para os partidos, quem iria fiscalizar sua utilização? De onde tirar esse dinheiro (7 reais por eleitor no primeiro turno, mais 2 no segundo turno)? E como impedir que o Caixa 2 continue existindo?

As lideranças querem levar isso para votação nas próximas semanas, e se não houver uma reação da opinião pública estaremos fritos.


Bem, já disse algumas vezes que sou favorável a uma reforma política através de uma Assembleia Constituinte exclusiva (eleita só para esse fim, sem deputados e senadores) e restrita (para tratar só desse assunto).

Sei que os que defendem essa ideia ainda são minoria, mas é uma tese que considero importante e que precisa ser discutida.

Voltarei depois a esse tema com mais profundidade.


4 de maio de 2009

1 de maio de 2009

E se o presidente americano fosse Dick Cheney ?

Todo mundo (ou quase...) fala mal do (des)governo de George Walker Bush, e com toda a razão.

Mas alguém já parou para imaginar se, em vez de Bush, o presidente americano fosse Dick Cheney? O que poderia ter acontecido?

Uma das possibilidades seria a materialização da cena abaixo:





(Imagem retirada do game
Turning Point: Fall of Liberty )