24 de janeiro de 2012

Trem para lugar nenhum

Reproduzo abaixo, com pouquíssimas alterações, um comentário que postei no blog de um amigo:


Já que o assunto é metrô, aqui vai um desabafo de alguém em vias de ser discriminado. De cara peço desculpas, pois serei um pouco prolixo.

Fortaleza não tinha metrô. Tecnicamente ainda não tem, pois nenhuma obra foi entregue. Tudo o que tínhamos (temos) são duas linhas de trens urbanos/metropolitanos. Ambas saem do centro da cidade, da histórica Estação Central João Felipe, sendo que uma segue na direção Sul, até os municípios vizinhos de Maracanaú e Pacatuba, e a outra segue na direção Oeste, até o município de Caucaia.

Desnecessário dizer que as localidades citadas são cidades-dormitório, e que diversos conjuntos habitacionais foram construídos ao longo das linhas. E que a maioria do percurso até elas passa pelos bairros da classe media-baixa e pela periferia mais pobre.

Apesar de o tema “metrô” povoar o imaginário da cidade sabe-se lá desde quando, foi apenas no primeiro governo Tasso Jereissati (1986) que algo real começou tratado, mas de uma maneira pra lá de equivocada e ultravagarosa. Equivocada porque se aferrou (em sua quase totalidade) ao trajeto do trens já existentes, ignorando as mudanças que a cidade-área metropolitana vem passando. Ultravagarosa porque… Precisa explicar? Estamos em 2011 e NADA ainda funcionou…

Pois bem, depois que foi anunciado que a cidade seria uma das sedes da Copa 2014, acrescentou-se ao projeto uma linha de VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), ligando o Porto do Mucuripe até o bairro Parangaba, de novo aproveitando uma linha de trens já existente (é nessa parte, do VLT, que estão havendo os maiores problemas com desapropriações, mas isso é outro assunto…).

As obras que vem sendo executadas até agora são exclusivamente na linha Sul. Previsão de entrega: só Deus sabe… O governo diz que os testes começam no final deste ano, mas não dá pra confiar.

Quando eu citei que o projeto é equivocado, uma das razões é que ele ignorava solenemente as áreas Leste e Sudoeste da cidade, coincidentemente onde mora a “elite” e onde o tráfego de automóveis chega a dimensão de “inferno”. Sempre se falou que uma linha deveria ser construída para atender essas áreas, mas o fato de necessitar ser totalmente subterrânea e em terreno que não favorece levaria o custo a valores astronômicos.

Bem, cerca de um ano atrás, saindo do nada, veio o anúncio do Governo do Estado de que essa linha Leste seria construída, e que os recursos, vários bilhões de reais, já estariam garantidos (a licitação inicial foi desencadeada uns 60 dias atrás).

Beleza. O problema é que as notícias relativas as obras da Linha Oeste desapareceram quase completamente do noticiário, e quando ressurgiram falavam de uma simples troca dos veículos e quase nada além.

Curioso com sou, cerca de umas 3 semanas atrás liguei para a companhia que gerencia todo o processo, a METROFOR. Pedi para falar com a área de comunicações e expus minhas dúvidas. Meio constrangido, meio resignado, um funcionário confirmou minhas piores suspeitas. Simplesmente, o governo jogou o projeto da linha Oeste para as calendas, e vai realizar apenas um serviço apenas cosmético, exceto pelos trens, que serão similares aos do VLT. Com isso vai centrar esforços na linha Leste, a dos bairros “cartão-postal”. Só após isso a linha Oeste seria realmente modernizada. Minha previsãode entrega: lá pela Copa de... 2026.

Enquanto isso, o povão que se f…

Pra terminar: este indignado que vos escreve precisa dizer em que parte da cidade mora?

23 de janeiro de 2012

Fazendo falta, cada vez mais


Um dos meus maiores orgulhos foi poder encontrá-lo pessoalmente, mesmo de forma pra lá de rápida. E a lembrança nítida de seu aperto de mão não se apagou de minha memória, mesmo depois de mais de 30 anos. (Engraçado: antes dele, pude conhecer alguns de seus maiores amigos e colaboradores, muitos deles personagens memoráveis por si só. Ele ficou quase para o fim da fila, e de meu tempo de militância...).

Ontem, 22 de janeiro, ele completaria, se ainda vivo fosse, 90 anos.

Mesmo as discordâncias que tive (e tenho) quanto a alguns dos posicionamentos políticos que ele tomou não obscureceram a minha enorme admiração.

E vendo o tipo de país que estamos nos tornando, fico com a certeza: cada dia que passa, ele faz mais falta...

Ele, o "Engenheiro".

Leonel de Moura Brizola.