30 de janeiro de 2008

O bicho vai pegar

As disputas pelas indicações democrata e republicana para a eleição presidencial americana de Novembro estão se afunilando.

No lado democrata restaram apenas Barack Obama e Hillary Clinton. No lado republicano ficaram apenas John McCain, Mitt Romney, Mick Huckabee e Ron Paul. Enquanto a disputa democrata está sem um favorito claro, a republicana tem o senador McCain com uma vantagem importante, mas ainda não decisiva.

Ontem ocorreu na Flórida a última disputa antes de 05 de Fevereiro, a chamada Super Terça-Feira, onde 22 estados realizarão suas primárias. McCain venceu entre os republicanos e Hillary entre os democratas, se bem que a vitória da senadora por Nova York represente pouco mais que um instrumento de propaganda pois a direção do partido retirou os delegados do estado por descumprimento de normas.

O quê esperar daqui para a frente?

Entre os republicanos, a menos que aconteça uma reviravolta fenomenal, a indicação ficará com McCain ou Romney, com as chances do primeiro sendo muito maiores. Ele lidera as pesquisas nos maiores estados e será o maior beneficiário da desistência de Rudolph Giuliani.

Já entre os democratas a briga promete ser muito acirrada. Literalmente. A campanha de Hillary vem utilizando, desde algum tempo, de todo tipo de expediente para tentar prejudicar Obama, desde a distorção de declarações até ataques furiosos e sem base por parte de Bill Clinton, isso sem contar outras ações ainda mais condenáveis.

A grande estratégia dos Clinton é pintar Obama como um candidato negro de eleitorado negro, o que assustaria o eleitorado branco e latino. Isso transpareceu mais claramente antes da primária da Carolina do Sul, mas teve uma resposta contundente dos eleitores desse estado, que deram à Obama sua maior vitória até aqui. Hillary está na frente nas pesquisas na maioria dos estados da Super Terça-Feira, porém Obama está crescendo e se beneficiará do recente apoio do Sen. Ted Kennedy, líder da famosa dinastia democrata, que possui inconteste influência entre largas porções do partido e do eleitorado.

Já a desistência de John Edwards não tem um beneficiário único. Nos estados do mais liberais seu eleitorado deverá, em grande parte, ir para Obama. Já nos estados do Sul, os votos tendem a ir para Hillary, especialmente pela questão racial.

As próximas pesquisas, especialmente nos grandes estados, como Califórnia, Nova York, Nova Jersey, Illinois e Geórgia poderão dar algumas pistas do que vem pela frente, mas sem dúvida a disputa vai ser das boas.

24 de janeiro de 2008

Inocência ou cegueira

Mês passado tratei aqui, de uma forma rápida, do projeto de Transposição do São Francisco.

Hoje, voltando do almoço, ouvi no rádio do carro uma entrevista que me deixou fulo da vida. Era um dirigente de uma ONG que se opõe ao projeto, argumentando fundamentalmente que ele só vai beneficiar "as elites da região e as multinacionais exportadoras de frutas e de camarão". Pregava a adoção de métodos alternativos de convivência com a seca e defendia o investimento em agricultura familiar.

Quanto aos métodos alternativos, eles são isso mesmo: alternativos. Podem ajudar, mas não resolvem. Cisternas de placas, mesmo com capacidade para 16.000 litros de água, não resistem a dois anos de seca intensa. Dependendo da família não resiste nem a um ano.

Investimento em agricultura familiar é essencial, mas pode ser implementado de forma muito melhor com uma fonte de água garantida.

Mas não são estes argumentos que me deixaram injuriado. Foi a lenga-lenga acusatória contra as elites e as multinacionais.

Quem me conhece (mesmo que apenas por este espaço) sabe bem que não tenho a menor simpatia pelas elites que comandam nosso país e, particularmente, o Nordeste desde sempre. Sempre lutei contra eles e pretendo continuar com posições críticas até o fim. Da mesma forma, sempre tive clara qual era a política das grandes empresas estrangeiras atuando no Brasil e seu pouco caso para com nosso povo.

Por isso mesmo, acho inaceitável que esse dirigente de ONG, um nordestino, e que deixa bem claro que reza por uma cartilha pretensamente de esquerda (toda cara de PSOL ou PSTU), se deixe levar, embalado por um desejo de atingir pela esquerda o governo Lula, pelo discurso anti-transposição, que na realidade é o discurso de parte da elite do Sul-Sudeste junto com a parte mais atrasada da elite nordestina. Lembrem-se: o grande arauto contra a transposição era ... ACM.

Por que parte (reconheço, minoritária) da elite Sul-Sudeste? A eles não interessa que os estados nordestinos rompam com as relações de submissão para com os estados mais desenvolvidos. Um avanço significativo na infra-estrutura do Nordeste teria conseqüencias a médio e longo prazo na correlação de forças políticas brasileiras.

Em resumo, é revoltante que um nordestino se deixe cegar por cegar por posições políticas pretensamente progressistas, mas que na realidade fazem o jogo do que há de pior neste país. Negam ao nosso povo a chance de garantir um bem básico e insubstituível, a água, a pretexto de possível má utilização e se arvorando em defensores das camadas mais pobres desse mesmo povo.

O projeto de transposição tem problemas? Sim, mas esses problemas ainda podem ser sanados sem comprometer a idéia em si. Pode, e deve ser, instrumento poderoso de transformação da realidade da população do Norte do Semi-Árido nordestino.

Alma lavada e cara pintada

Dois posts atrás externei minha profunda alegria.

Bem, o Bruno matriculou-se esta semana e o resultado foi esse. Ele é o da extrema direita na foto (atenção: só na foto...).

10 de janeiro de 2008

O nome diz tudo

Este blog não costuma apelar, mas a foto abaixo é irressistível:



Eu juro, é assim mesmo.

Em tempo: Itaiçaba fica no interior do Ceará. Prova que nem os cearenses são perfeitos...

8 de janeiro de 2008

Alma lavada

Amigos, me permitam extravasar.

Hoje estou feliz, realmente feliz !!!

Afinal, não é todo dia que 2 filhos entram em uma boa Universidade ao mesmo tempo.

Valeu, Vick !
Valeu , Bruno !

Agora, é só esperar 15 anos pela Juju...

5 de janeiro de 2008

Lá vem o Obama ...

Depois da surpreendentemente fácil (oito pontos são um bocado de coisa) vitória em Iowa, Barack Obama enfrenta o desafio de chegar novamente na frente em New Hampshire e consolidar a imagem de candidato viável, especialmente frente a máquina do partido Democrata que está apoiando Hillary Clinton.

Pra quem gosta de números, aqui vão as últimas quatro pesquisas divulgadas:


Obama Clinton Edwards Richardson
ARG 38 26 20 3
Rasmussen 37 27 19 8
Suffolk 29 36 13 4
Zogby 28 32 20 7

Vale ressaltar que as duas primeiras foram totalmente realizadas após o resultado de Iowa, e as duas últimas são "trackings" diários, e mostraram avanço de Obama em relação aos dias anteriores. Ou seja, pode estar vindo por aí outra vitória inesperada até algumas semanas atrás.

E quanto a John Edwards? Os analistas sempre argumentaram que se ele não terminasse em primeiro em Iowa, em seguida a sua campanha desabaria, mas ele ainda está na briga e mais do que nunca. Por que? A campanha de Barack Obama, com sua mensagem de mudança e esperança está mobilizando um grande bloco de eleitores Democratas e está trazendo para a disputa um grande número de eleitores novatos, de tal forma que é Hillary Clinton o candidato que Edwards sente que pode ultrapassar como segunda opção. Se Edwards desbancar Clinton em New Hampshire e, em seguida, na Carolina do Sul, esta poderia ser uma corrida entre dois cavalos: Edwards e Obama.

Do lado dos Republicanos, essa primária deve ser vista como tudo-ou-nada para John McCain. Ou ele vence, jogando Mitt Romney no "mato sem cachorro", ou então será ele quem ficará em péssimos lençóis. O problema de McCain nesta primária é que, apesar de liderar as pesquisas, sua base de votos (jovens e eleitores independentes) está sendo corroída pelo imprevisível Ron Paul, o que pode jogar a vitória no colo de Romney.