29 de dezembro de 2009

Final de expediente

Foi um ano movimentado este 2009...

Não posso reclamar de monotonia.

OK, o trabalho não chegou a ser um desafio, mas passou longe da letargia. E a vida pessoal foi tranquila, mas corrida, muito corrida (parece uma contradição, mas não é...).

Quanto ao mundo virtual, reconheço um certo desânimo (alguns chamam de preguiça...). Aliás, não sou só eu. Vários blogs de qualidade encerraram (por diferentes razões) suas atividades, definitivamente ou não, e muitas das boas cabeças reduziram sua participação na rede.

Lá pelo meio do 2º semestre, resolvi reativar o blog esportivo, até para que a minha paixão pelo tema servisse de empurrão para manter a assiduidade. Não funcionou muito bem, mas não entreguei os pontos... Ainda.

Enfim, para um ano que em seu início ameaçava ser muito sofrido, com a tão falada crise mostrando os dentes, até que o saldo não chegou a ser lamentável. Digamos que foi um ano mediano, não medíocre.

Resoluções para o Ano Novo?

Talvez não deixar este espaço abandonado por tanto tempo...

Afinal de contas, os meus famosos (e nunca suficientemente honrados) 1,9 leitores merecem um mínimo de consideração... E porque 2010, como ano de eleições e de Copa do Mundo, promete ser mais agitado.

Um bom Ano Novo para todos.

Que a clemência, a misericórdia e a amizade estejam no coração de cada um, como fermentos para a paz e para a justiça.


8 de dezembro de 2009

"Bohemian Rhapsody" by The Muppets

União de duas coisas de que sempre gostei demais: os Muppets e a canção Bohemian Rhapsody, do Queen.

Irresistível.


26 de novembro de 2009

Ajudantes de Papai Noel - 2009

Está chegando o final do ano, aquela época de confraternizações e troca de presentes, freqüentemente por obrigação, não é ?

ERRADO !!!

Na realidade, está chegando a hora de mostrar o seu lado genuinamente bom (acreditem, todos temos um...), ajudando a fazer que o Natal de quem é menos favorecido seja um pouco mais alegre. Neste ano, principalmente, com a crise ainda cobrando seu preço e as tragédias naturais tendo feito um estrago pra lá de considerável, o apelo fica redobrado.

Muitas são as formas: fazendo trabalho voluntário em instituições que atendem crianças, idosos ou moradores de rua, doando bens ou dinheiro para essas instituições, etc.

Novamente, a minha sugestão é o programa "Papai Noel dos Correios".

É o seguinte: todos os anos os Correios recebem milhares de cartinhas que crianças enviam para Papai Noel. No início, muitos anos atrás, os funcionários dos Correios abriam as cartas e as respondiam. Aos poucos foram aparecendo casos em que as cartinhas eram tão tocantes que era impossível ficar só na resposta escrita, o que levava alguns desses funcionários a se cotizarem para adquirir presentes para entregar aos remetentes. Para isso, muitas vezes, um dos funcionários se vestia de Papai Noel, e o momento da entrega era de uma emoção sem paralelo. A notícia dessas ações foi se espalhando, o número de cartas foi crescendo, e a partir de 1994 a direção dos Correios resolveu institucionalizar a prática e possibilitou que o público externo pudesse "adotar" cartinhas, entregando os presentes nas agências dos Correios, o qual se encarrega de realizar a entrega.

Nem preciso falar mais. Tire seu traseiro (e o resto do corpo também) da frente do computador e vá procurar as agências onde estão as cartinhas. Escolha uma, ou então pegue sem olhar. Qualquer dúvida, este é o link da página com os telefones de contato em cada estado.

Corra que o prazo é curto.

Se por acaso você tem um blog ou página em um site de relacionamentos (Orkut, My Space, Facebook, etc.) , está intimado a ajudar a divulgar essa ação. Um toque via Twitter (ou correlatos) ou então por e-mail para seus amigos também é uma boa.

Papai Noel está recrutando voluntários. Por que não você?




P.S. Se você é um leitor atento e frequente deste espaço, deve ter notado que eu peguei o post dos anos passados, dei uns ajustes e republiquei. Não era preciso reinventar a roda, né?

22 de novembro de 2009

Levanta, socode a poeira e dá a volta por cima

Duas canções, para não ter que dizer mais nada (além do que disse bem ali):

When you walk through a storm
Hold your head up high
And don't be afraid of the dark
At the end of the storm
There's a golden star (sky)
And the sweet silver song of a lark

Walk on...
Through the rain...
Walk on...
Through the rain
Walk through the wind
And your dreams be tossed and blown...

Walk on... (walk on)
Walk on... (walk on)
With hope (with hope)
In your heart...
And you'll never walk alone
You'll never walk alone.
Alone...

Walk on... (walk on)
Walk on... (walk on)
With hope (with hope)
In your heart...
And you'll never walk alone
You'll never walk alone.
Alone...

You'll never...
You'll never walk alone...

Walk on... (walk on)
Walk on... (walk on)
With hope (with hope)
In your heart...
And you'll never walk alone
You'll never walk alone.
Alone...

You'll never walk...
You'll never walk alone...

(You'll Never Walk Alone)
(Rodgers e Hammerstein)




Amigo é coisa pra se guardar
Debaixo de sete chaves
Dentro do coração
Assim falava a canção
Que na América ouvi
Mas quem cantava chorou
Ao ver seu amigo partir
Mas quem ficou
No pensamento voou
Com seu canto que o outro lembrou
E quem voou
No pensamento ficou
Com a lembrança que o outro trancou

Amigo é coisa pra se guardar
No lado esquerdo do peito
Mesmo que o tempo e a
Distância digam não
Mesmo esquecendo a canção
O que importa é ouvir
A voz que vem do coração

Pois seja o que vier
Venha o que vier
Qualquer dia amigo eu volto
Pra te encontrar
Qualquer dia amigo
A gente vai se encontrar

(Canção da América)
(Milton Nascimento e Fernando Brant)


20 de novembro de 2009

A Palestina busca o seu Mandela

O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, está em viagem pela América do Sul, incluindo Brasil, Argentina e Chile. Aqui ele conversou com Lula na busca de apoio para a causa do povo palestino em sua busca por um estado independente.

Abbas recentemente concordou em adiar as eleições palestinas, que seriam em janeiro de 2010, pela impossibilidade de realizá-las em Gaza de uma forma livre, muito por culpa do Hamas, mas também de Israel. As mesmas eleições para as quais ele próprio demonstrou a intenção de não concorrer.

Conhecido como um dos mais moderados líderes palestinos, e dotado de um carisma quase nulo, Abbas meio que reconheceu sua impotência para fazer andar as negociações de paz na região. Visto por boa parte de seu próprio povo como o "homem de confiança" dos Estados Unidos, ele provavelmente procura com seu gesto provocar algum tipo de atitude do Ocidente, especialmente no que trata da expansão dos assentamentos judeus na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.

Poucos meses atrás, li uma matéria que citava declarações do historiador israelense Tom Segev à revista alemã Der Spiegel, na quais ele demonstrava total desolação com o presente e o futuro das relações entre israelenses e palestinos. Adepto da convivência pacífica, Segev praticamente não vê como o atual impasse possa ser rompido.

A única saída que ele enxerga incluiria um passo absolutamente ousado por parte do governo israelense: libertar Marwan Barghouti e permitir que ele tome a frente das negociações pelo lado palestino. Sem exageros, seria algo similar a decisão tomada pelo governo sul-africano quando pôs Nelson Mandela em liberdade.

O maciçamente popular político, e que foi o lider militar do Fatah durante as duas Intifadas, está preso em Israel desde 2002 cumprindo 5 penas de prisão perpétua, acusado de ataques a civis e militares israelenses. Para se ter uma ideia da popularidade de Barghouti, cinco anos atrás, quando das últimas eleições presidenciais palestinas, mesmo de dentro da prisão ele liderava com folga todas as pesquisas de opinião, e teria sido eleito com uma maioria esmagadora sobre seus adversários. Porém, resolveu apoiar Abbas, que venceu. Recentemente, ele foi eleito para o comitê central do Fatah com votação consagradora, e é profundamente respeitado mesmo pelas facções rivais.

Dentro do movimento palestino, ele é a voz mais respeitada dentre aqueles que defendem a solução dos "dois estados", com respeito às fronteiras anteriores à 1967 (com uns poucos ajustes), e convivência pacífica daí em diante. Mas até esse dia chegar, ele insiste no direito dos palestinos resistirem à ocupação.

Esta semana foi publicada uma entrevista de Barghouti para a Reuters, feita por escrito e contrabandeada para fora da prisão por seus advogados.

Eis alguns dos principais pontos da entrevista:

- A divisão entre Fatah e Hamas é uma tragédia. Na atual situação política da região, as diferenças entre os dois grupos não são fundamentais, especialmente na ausência de um parceiro israelense para a paz.
- O Hamas precisa aderir de fato a iniciativa egípcia de reconciliação, o que garantiria as eleições legislativas e presidenciais.
- Se ocorrer a reconciliação das facções palestinas, e consequentemente as eleições, ele tomara uma decisão sobre concorrer ou não.
- Ele pediu uma "campanha popular' contras a expansão dos assentamentos, a "judaização" de Jerusalém Oriental, o bloqueio de Gaza, o confisco de terras e o Muro de separação.
- Essa campanha não incluiria ataques contra civis israelenses, nem lançamento de foguetes contra o território de Israel, o que Barghouti condena já faz um bom tempo.

A expectativa vem aumentando nas últimas semanas tendo em vista o avanço nas negociações para a libertação do soldado israelense Gilad Shalit, sequestrado por militantes palestinos em 2006 e até hoje preso em algum lugar em Gaza.

O preço para sua libertação incluiria a saída das prisões israelenses de um bom número de palestinos. O nome de Marwan Barghouti encabeça todas as listas de possíveis libertados.

Resta saber se o atual (ou qualquer outro) governo de Israel teria coragem e a vontade política para dar o passo decisivo.

É aí que pode e deve entrar o governo americano, pressionando por soluções que atendam verdadeiramente os interesses dos Estados Unidos, e não apenas os de uma minoria radical que mistura direitistas em Israel e nos Estados Unidos.


18 de novembro de 2009

Jaques Vergès, o Advogado do Terror

Como já falei anteriormente, faz um bom tempo que, por diversas razões, quase não saio de casa para ir ao cinema. A principal é o comodismo. Prefiro esperar que os filmes passem na TV por assinatura. Em alguns casos, quando o interesse é um pouco maior, alugo o DVD. Reservo a ida ao cinema apenas para obras muito relevantes, sempre pela minha ótica bem particular. Por exemplo, este ano fui ao cinema apenas uma vez, audaciosamente indo...

Neste espaço já tive a chance de comentar interessantes obras que encontrei acidentalmente na grade de programação das emissoras de TV. Digo acidentalmente porque não costumo sair vasculhando guias de programação ou coisa do tipo. No máximo, quando vejo a chamada de algo interessante, me programo para assistir.

Alguns dos melhores filmes que assisti nos últimos tempos coincidiram de ser europeus, tanto de ficção quanto documentários. Houve até uma fase pesadamente alemã, a que se somaram filmes ingleses e espanhóis. Confesso que o cinema de ficção francês nunca me interessou particularmente, sempre me soou meio arrastado, com atuações forçadas. Às vezes uma ou outra cinebiografia ou então um semi-documentário chamam minha atenção, e só.

Desta vez, confesso, fiquei realmente impressionado. Um documentário francês de pouco mais de 2 horas sobre um personagem que mereceria muito mais, talvez uma série (na França existe uma verão em DVD com quase 4 horas).

Falo de "O Advogado do Terror", filme de 2007 dirigido por Barbet Schroeder, e que tenta jogar uma luz sobre um dos mais intrigantes personagens da segunda metade do século XX e do início do século XXI. Falo de Jaques Vergès, um advogado francês, de ascendência vietnamita por parte de mãe, e famoso por ter um dos portfólios de clientes mais controversos da história do Direito.

Para que vocês possam ter uma ideia, ele ficou famoso nos anos 50 defendendo militantes argelinos que participavam da luta armada anticolonialista contra a França. Depois disso, ele defendeu, dentre outros: militantes palestinos presos em Israel e na Europa, membros do grupo alemão Baader-Meinhof, o famoso terrorista Carlos, o Chacal (além de outros membros do grupo), o Ayatollah Khomeini, o carrasco nazista Klaus Barbie, os líderes do Khmer Vermelho e meia dúzia de ditadores africanos, além de ter se oferecido para defender Slobodan Milosevic e Saddam Hussein. Por isso tudo a mídia costuma chamá-lo de "O Advogado do Diabo", e ele parece se divertir com isso.

O filme é particularmente instigante porque tenta (e consegue) não fazer nenhum juízo de valor sobre Vergès, deixando totalmente a cargo do espectador fazê-lo. Há uma enorme quantidade de depoimentos contra e a favor, além de alguns que deixam mais coisas subentendidas do que claras.

Por exemplo, um membro dos serviços secretos franceses deixa transparecer que Vergès poderia ter sido, em certo período, colaborador dos órgãos de segurança da França. Outros depoimentos, apesar de não confirmarem, não conseguem apagar a suspeita de que ele tenha ficado certo período no Cambodja assessorando Pol Pot, o líder máximo do Khmer Vermelho e responsável, direta ou indiretamente, por mais de 1 milhão de mortes.

Outra boa faceta do filme é que ele permite que conheçamos melhor alguns episódios que nunca foram bem explanados aqui no Brasil, ou em alguns casos são quase desconhecidos.

Vale a pena destacar dois deles. O primeiro mostra como o governo Mitterand foi chantageado pela organização do Chacal para que libertasse dois de seus membros que estavam presos. Para conseguir seu intento, eles promoveram uma campanha de atos terroristas, quase sempre atentados á bomba, que mataram dezenas de inocentes.

O segundo é mais remoto, porém ainda mais trágico. Trata-se dos acontecimentos ocorridos no dia 8 de maio de 1945 (e nos seguintes) na cidade argelina de Setif e em mais algumas das proximidades. Embalados pela vitória aliada contra os nazistas (lembrem: 8 de maio foi o dia exato da rendição alemã), uma multidão de argelinos foi às ruas em comemoração e pedindo mais liberdade em seu país. A manifestação, que era autorizada, começou de maneira pacífica, com a multidão cantando músicas nacionalistas. Entretanto, aos poucos foram aparecendo bandeiras argelinas, o que era proibido. A polícia tentou confiscá-las de maneira violenta, e acabou atirando contra a multidão, matando grande número de manifestantes. A multidão, que passava por um bairro habitado por colonos franceses (os pied-noir), resolveu revidar violentamente contra os civis europeus, matando várias dezenas.

A reação do governo colonial, e aprovada por De Gaulle, foi brutal. Tropas do exército e da polícia, auxiliados por milícias formadas pelos colonos franceses, e com apoio de bombardeios aéreos e, pasmem, navais, fizeram um banho de sangue. O número exato de vítimas jamais será conhecido, mas as estimativas mais acreditadas, feitas por estudiosos franceses, variam entre 6000 e 20000 mortos. O consulado geral americano chegou a falar em 45000 vítimas, mas parece ser um número exagerado. Foi este episódio que pavimentou o caminho para a insurreição geral contra a ocupação francesa que começaria 9 anos depois.

Voltando ao filme, recomendo com ênfase. Mas aviso: não é uma obra fácil de digerir.

12 de novembro de 2009

Fechando um ciclo

(A partir de agora, sempre que quiser falar sobre esportes, o farei usando o Torcedor Obsessivo Compulsivo, um blog alternativo. Algumas vezes, quando considerar que o assunto transcende os limites do puramente esportivo, replicarei o post aqui no De Olho. O que é o caso deste.)



É bem comum, além de claramente compreensível, que muitos de nós usem como flagrante da passagem dos anos o crescimento dos próprios filhos. Acompanhar cada etapa da evolução deles acaba nos fazendo relembrar os nossos próprios momentos.

Olhar para os meus indomáveis rebentos em suas lutas e descobertas de cada dia mexe bastante comigo. Óbvio que quase todo pai pode (e deve) dizer a mesma coisa, Mas no meu caso a diversidade de idades, especialmente entre a caçula e os dois mais velhos, torna tudo mais colorido e desafiador.

Mas do que eu realmente gostaria de falar hoje não tem a ver com eles (pelo menos não diretamente). Tem a ver com a minha própria infância e adolescência, e como a paixão pelo futebol me impregnou de modo definitivo.

O que desencadeou essa vontade de tocar no tema foi um acontecimento triste. No último dia 09 faleceu, aos 58 anos, Francisco Gomes de Sousa, o Chinesinho, vítima de complicações advindas de uma hepatite.

Quem não é aqui da terrinha, ou não acompanhou o futebol cearense dos anos 70, provavelmente nunca ouviu falar desse volante de futebol clássico e de um pulmão invejável. Quando eu falo volante, por favor não queiram visualizar essa enxurrada de brutamontes que povoou a cabeça-de-área do futebol mundial e brasileiro nos últimos 25 anos, especialmente após a derrota da seleção de 82. Chinesinho era daqueles marcadores que raramente apelava para as faltas. Ele antecipava as jogadas, tirando partido da velocidade.

Para mim, o ponto alto de Chinesinho coincidiu com o ápice de uma das melhores equipes que o Fortaleza já formou, aquela que conquistou o bicampeonato de 1973/1974. O técnico Moésio Gomes adotou um esquema que acabou batizado por Quadrado de Ouro, por utilizar no meio-de-campo 4 jogadores diferenciados: Chinesinho, Zé Carlos, Lucinho e Amilton Melo. Um volante tipo "carregador de piano" (Chinesinho), outro volante com excelente capacidade de sair jogando e chutar em gol (Zé Carlos), um meia muito habilidoso mas também rápido (Lucinho) e outro meia para o qual o adjetivo craque não era exagerado (Amilton Melo). Tudo isso servindo dois atacantes, que poderiam ser um centro-avante ágil (como Marciano), ou um tipo "rompedor" (como Beijoca), ou ainda dois do tipo veloz (como Geraldino ou Haroldo).

Chinesinho era o último remanescente vivo daquele meio-de-campo. Todos os outros faleceram relativamente jovens.

Eu sei. Para muitos de vocês que não são fãs de futebol esse texto deve estar parecendo algo como um tratado arqueológico sobre as primeiras povoações humanas no Himalaia do Leste (desafio alguém a matar de onde tirei isso...). Um pouco de paciência, por favor, pois neste caso o futebol é apenas um meio, não um fim.

Voltando a aquela equipe de 73/74, ela me pegou bem na pré-adolescência. Eu já torcia pelo Fortaleza desde bem pequeno, mas até ali nunca havia sentido uma emoção daquele tipo que deixa marcas. O título de 73 foi gostoso, mas nada comparável ao que aconteceu em 1974.

Para ser sucinto: o grande rival venceu o 1º turno e foi para o último jogo do 2º turno jogando pelo empate. Ou seja, o bicampeonato transformou-se em algo quase inatingível.

Quase. Porque o Fortaleza venceu 3 vezes em sequência (4x0, 1X0 e 3X1), tudo no espaço de uma semana.

Imaginem agora o efeito que algo assim teve sobre aquele garoto gordinho, baixinho, de fala rápida, introspectivo e, como até hoje, passional. É daquelas coisas que ajudam a moldar que tipo de pessoa você será, e que ensina que o impossível quase nunca é tão impossível assim.

Além de ser o tipo de coisa que ajuda a apreciar aqueles momentos em que o filho homem está junto comigo, no sofá de casa, torcendo alucinadamente frente à televisão, às vezes varando a madrugada.

Para encerrar, dói um pouco escrever sobre isso nas vésperas de um possível (e provável) rebaixamento para a Série C.

3 de novembro de 2009

Atuk, ou a maldição de um roteiro de cinema

Era uma vez um escritor canadense chamado Mordecai Richler, que publicou em 1963 um livro contando as divertidas peripécias de um esquimó na cidade grande.

O livro, The Incomparable Atuk, fez relativo sucesso na América do Norte, e despertou a atenção de Hollywood, que viu no material a possibilidade de servir de base para uma boa comédia.

O roteirista Peter Gzowski tratou de fazer uma adaptação no início dos anos 80 e deu ao roteiro o nome de Atuk (Avô, em Inuit).

E é aqui que começa a nossa história, no mínimo inusitada.

Gzowski escreveu o roteiro tendo em mente um ator específico para o papel principal, seu amigo John Belushi. Belushi leu o roteiro e entusiasmou-se com o projeto.

Entretanto, em 05 de março de 1982, ainda durante os estágios iniciais de pré-produção, Belushi foi encontrado morto vítima de overdose.

O acontecimento paralisou o projeto por alguns anos, até que em 1988 o comediante Sam Kinison aceitou fazer o papel principal. A produção avançou, e as filmagens chegaram a ser iniciadas. Entretanto, Kinison começou a demonstrar insatisfação com o roteiro e exigiu que fosse parcialmente reescrito, o que levou a paralisação da produção e desencadeou uma disputa judicial que se arrastou por vários meses, até que Kinison foi demitido.

Pouco tempo depois, em 10 de abril de 1992, Kinison morreu em um acidente de carro.

No início de 1994, depois de algumas sondagens, o roteiro foi enviado para o também comediante John Candy, que demonstrara interesse no papel.

Inesperadamente, Candy sofreu um fulminante ataque cardíaco em 04 de março de 1994.

As coisas tornaram a ficar paradas até 1997, quando outro comediante conhecido, Chris Farley resolveu ler o roteiro e entrou em negociações para aceitar o papel.

Porém, Farley seguiu o caminho de seu ídolo, John Belushi, e morreu vítima de uma overdose em 18 de dezembro de 1997.

Antes de falecer, porém, Farley mostrou o roteiro para um amigo, o também comediante Phil Hartman, e o convidou a participar do projeto em um dos papéis coadjuvantes.

Alguém quer advinhar o que aconteceu? Facil. Hartman foi assassinado pela esposa em 28 de maio de 1998.

De lá para cá o roteiro está dormindo em algum arquivo em Hollywwod, e nenhum comediante gordinho fala mais em levá-lo às telas encarnando o protagonista.

Maldição, lenda urbana, apenas coincidência, seja lá qual for o nome que se deseje dar, está é uma daquelas histórias que reforçam o velho ditado espanhol:

Yo no creo en las brujas, pero ...

23 de outubro de 2009

Encadeamentos

Nunca é demais repetir: é extraordinário como funcionam os mecanismos da memória. Fatos que se passaram muito tempo atrás frequentemente reaparecem, como do nada, bastando o estímulo correto. Ao mesmo tempo, episódios de ontem (literalmente) costumam sumir de nossa mente... (Aliás, acho que já andei falando desse tema neste espaço... Isso: foi aqui.)

Outro mecanismo interessante é a forma como assuntos se encadeiam em nossa mente, um puxando o outro, parecendo uma espiral sem fim.

Trago este tema a partir de uma conversa despretensiosa que tive dias atrás com meu filho. Aliás, despretensioso foi o início do diálogo, que logo enveredou por caminhos muito interessantes, apesar de, como ficará claro, acabarem circulando ao redor de um centro imaginário.

Uma das (muitas) coisas que meu filho e eu temos em comum é adorar futebol. Qualquer torneio, por mais irrelevante que pareça a princípio, merece a nossa atenção. Se for a eliminatória européia para a Copa do Mundo, então nem se fala... O que desencadeou a conversa foi o sorteio para a repescagem. Dois países pelos quais tenho uma simpatia que transcende em muito o esporte, no caso Irlanda e Bósnia-Herzegovina, não deram sorte e vão pegar França e Portugal, respectivamente.

E foi aí que a avalanche mental entrou em ação...

Primeiro, lembrei de clubes de futebol que representam comunidades, como o Celtic, de Glasgow, que historicamente representa a comunidade irlandesa na Escócia. Para lembrar das ligações entre Escócia e Irlanda foi um pulo...

Os dois países tem, pela proximidade, um histórico de inter-colonização, facilitada pelas origens celta de ambos os povos. Na primeira parte da Idade Média, foram imigrantes irlandeses, e entre eles monges, que solidificaram o cristianismo na Escócia. Em contra-partida, foram imigrantes vindos da Terras Baixas Escocesas que, quase 1000 anos depois, formaram o principal núcleo de colonizadores trazidos pelos ingleses para ocupar o norte da Irlanda, o Ulster.

Mas falar de irlandeses, imigração e futebol também acabou evocando o Everton, da velha Liverpool, o que fez aflorar outra das minhas paixões, os Beatles, em especial algo que aprendi recentemente. Vocês por acaso sabiam que 3 dos Beatles tem (ou tinham) ascendência irlandesa? Paul, John e George tem (ou tinham) um pezinho na Ilha Esmeralda. Tanto que, por ocasião do massacre que ficou conhecido como Bloody Sunday (aquele mesmo, da música do U2...), em 1972, Paul e John, já em suas carreiras solo, deixaram seus protestos em forma de música. A de Paul, "Give Ireland Back to the Irish", foi a primeira de suas composições solo a ser banida pela BBC.

Pensando bem, não é de se admirar que 3 dos Fab Four tivessem laços com a Irlanda, já que Liverpool é a cidade inglesa com mais forte influencia irlandesa. E o que o Everton tem com tudo isso? Os Beatles nunca foram fãs explícitos de futebol, mas quando falavam do assunto sempre afirmavam sua predileção pelo Everton, que tem suas raízes na comunidade irlandesa da cidade.

Repararam como futebol, política, música, tudo se entrelaça? Talvez seja porque o mundo não é um amontoado de compartimentos estanques, ao contrário do que alguns nos querem fazer acreditar. Pare para pensar por apenas 1 minuto, e verá que os encadeamentos são infinitos, e nossa memória costuma fazer o trabalho direitinho...

21 de outubro de 2009

Blogs: uma análise (atualizado)

"Autores de blogs que não são considerados “profissionais”, que blogam por hobby, estão atualizando menos ainda os seus sites. Desses que blogam menos, 30% vem se dedicando mais a redes de microblogs e a interação em plataformas de redes sociais.

Entre os considerados “profissionais”, o cenário é diferente. Eles estão blogando cada vez mais. Em parte por que encontram o seu público e estão interagindo mais com ele, além do fato de que o blog tem se provado como uma eficiente ferramenta de autopromoção."

Parte de um post do excelente Tiago Doria, em que ele continua dissecando um estudo denominado State of the Blogosfhere, feito pelo agregador Technorati. Eu disse continua porque o primeiro post do Tiago sobre o assunto é este aqui.


Olhando para meu próprio umbigo, e dando uma espiada na blogosfera mais próxima, tenho todas razões para concordar com as conclusões do estudo.

Mas talvez o efeito mais importante porém ainda menos analisado das redes de microblogging e das redes sociais nos blogs seja a diminuição dos comentários, tanto em número quanto em tamanho.

No meu caso, o Twitter não é causa de nada. Até tenho um perfil lá, mas pouco escrevo, sou basicamente um leitor.

Os motivos da rarefação dos posts aqui neste boteco é a falta.

Falta de tempo, falta de inspiração, falta de ânimo, ...


Atualização: O Tiago Doria continuou o assunto aqui, aqui e aqui.

17 de outubro de 2009

Horário de Verão: será realmente necessário ?

Vai começar a vigorar hoje o Horário de Verão. Em dez estados e no Distrito Federal os relógios deverão ser adiantados em uma hora.

Seguindo o disposto em um Decreto de 2008, todos os anos o esse procedimento deverá ser implementado à zero hora do terceiro domingo de outubro e vigorará até a zero hora do terceiro domingo de fevereiro do ano subsequente (exceto se coincidir com o domingo de Carnaval, o que adia em uma semana o encerramento).

Minha dúvida é: isso é realmente necessário? Esse alteração traz reais e indispensáveis benefícios? E a quem ele de fato beneficia?

Primeiro, a base científica para o Horário de Verão leva em consideração que sua implantação se justificaria nas regiões onde a variação de incidência de luz solar entre as estações for significativa. Isso ocorre nas áreas de latitude mais alta, especificamente aquelas situadas ao norte do Trópico de Câncer e ao sul do Trópico de Capricórnio.

O Brasil tem apenas a sua Região Sul (mais uma parte do estado de São Paulo) enquadrados na área acima descrita. Entretanto, o Decreto que regula o assunto inclui outros 7 estados onde a diferença de tempo de luz natural é muito menos significativa. Alguns casos beiram o ridículo, como o do Mato Grosso. O extremo sul do estado está aproximadamente no paralelo 17, ou seja, uns 700 quilômetros ao norte do Trópico de Capricórnio, o que faz com que a diferença de insolação seja muito pequena. O centro e o norte do estado então nem precisa falar...

Da mesma forma, muitas áreas de Goiás e Minas Gerais estão a mais de 1000 quilômetros ao norte da linha imaginária, e o Distrito Federal a mais de 800 quilômetros. E pensar que em décadas passadas quiseram obrigar o Nordeste a adotar a medida...

Outro fato relevante, na mesma linha: o Brasil é o único país equatorial (e mesmo inter-tropical) que adota o Horário de Verão.


Adoção do Horário de Verão por país


A alegação de economia de energia também não se sustenta. Mesmo em anos de muita redução de consumo, esta não alcançou 5%. Nunca as metas estabelecidas foram alcançadas. O único local onde isso acontece é ... a Região Sul. Será coincidência?

Claro que, em anos de estiagem mais severa, quando o nível dos reservatórios das usinas de geração de energia hidrelétrica estiver abaixo do normal, a medida teria sua importância, mas esses tem sido anos de exceção.

Segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o nível dos reservatórios da região Sudeste no final de setembro de 2009 (70,31%) era o maior dos últimos 10 anos para o período. Já o nível dos reservatórios da região Sul (94,41%) era o 2º mais alto (perdia para o ano de 2005). Nota-se que a situação atual é muito confortável, tanto que diversas usinas termoelétricas à gás foram desligadas.

E mesmo os horários de pico estão com razoável margem de cobertura, até em virtude da queda do consumo provocada pela crise financeira e ainda não totalmente recuperada. Ao mesmo tempo, diversas pequenas e médias usinas hidrelétricas e, principalmente, eólicas tem iniciado sua operação, aumentando a capacidade de geração.

E quanto às implicações na saúde das pessoas? É ponto pacífico que o chamado relógio biológico das pessoas demora algum tempo para se acostumar com a mudança. A maioria das pessoas leva aproximadamente uma semana para se adaptar, mas uma parcela não desprezível demora muito mais tempo, com prejuízos à saúde em seus diversos aspectos.

Esse tipo de alteração encontra paralelo em um fato bem conhecido. Em 1992, após ingressar na União Européia, Portugal foi obrigado a alterar seu fuso horário, em 1 hora para igualar-se à maioria da Europa Ocidental. Entretanto, o prejuízo logo se fez notar, com alterações no rendimento profissional e escolar e significativo aumento no consumo de estimulantes, legais ou não. O fato foi de tal monta que o governo português foi obrigado a voltar atrás e restabelecer o fuso horário anterior.

(Parêntesis: Desde o ano passado uma lei alterou os fusos horários do Brasil. A metade oeste do Pará adotou o fuso de Brasília, e o Acre e os municípios do oeste do Amazonas avançaram para o fuso de Brasília menos 1 hora, que já valia para o restante do Amazonas, Rondônia, Roraima, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Grande parte dos acreanos ainda luta pela volta do fuso horário anterior.)

Outro problema é que a alteração de horários nos principais centros econômico-financeiros do País acaba refletindo nas regiões que não adotam a medida. Horários bancários, de partidas de viagens aéreas, de transmissões de TV e até de jogos de futebol tem que ser alterados, com os prejuízos inerentes.

A única questão dentre as que fiz acima e que não consigo uma resposta clara é: a quem beneficia? Ora, porque alguém deve estar lucrando com a medida. Se só houvessem perdedores, lógico que ela não seria implantada.

Mas, quem?


ATUALIZAÇÃO: Dialogando com um conhecido que trabalhou no setor elétrico, ele deixou transparecer que uma das razões da implantação do Horário de Verão seria descolar o pico do consumo doméstico dos pico do consumo de iluminação pública, o que reduziria a chance problemas, já que não existe (ou existia) orçamento para uma manutenção adequada da rede.

Faz sentido. Mas que coisa, não é? Falta dinhero (ou vontade) para fazer a coisa certa (manutenção preventiva e corretiva da rede) e apelamos para um artifício?

6 de outubro de 2009

Enfim, repouso para Bergson Gurjão Farias

Foram sepultados nesta terça-feira, em Fortaleza, os restos mortais de Bergson Gurjão Farias, militante do PC do B morto pelos militares em 1972, durante a Guerrilha do Araguaia .

Seus cadáver foi identificado em junho passado, após passar até 1996 enterrado como indigente no cemitério de Xambioá, no Pará. Bergson foi o único dentre os quatro cearenses militantes comunistas desaparecidos no Araguaia no início dos anos 70 que teve o paradeiro determinado. Os demais continuam desaparecidos.

A primeira vez que ouvi falar de Bergson foi em 1981.

Eu havia ingressado na UFC e procurava me familiarizar com o então recém-reorganizado movimento estudantil universitário. Meu curso era o de Engenharia Mecânica, e das engenharias o movimento mais estruturado era o da Engenharia Química, cujo CA levava (e ainda leva) o nome de Berg da Engenharia Química, cujo CA levava (e ainda leva) o nnome de Bergson Gurjão, ex-aluno do curso e que foi um dos principais líderes do movimento estudantil na UFC na segunda metade da década de 60.

Bergson foi homenageado hoje na Reitoria da UFC, onde um memorial foi inaugurado com a presença de sua mãe, D. Luiza Farias, de 94 anos.

Impossível tentar entender o que essa mulher passou nos últimos 37 anos, na busca por um filho que todos sabiam estar morto, mas cujo direito a um túmulo digno foi sistematicamente negado. A esperança de encontrar os restos do filho parecem ter dado força para que ela se mantivesse viva e lúcida o suficiente para deixar emocionados todos os que presenciaram a cerimônia.

Oxalá as demais mães, esposas, irmãos e filhos dos desaparecidos na ditadura ainda tenham a chance que D. Luiza teve, de poder prantear o corpo do filho e dar a ele um repouso adequado.

2 de outubro de 2009

É o Rio

Pois é, o Rio de Janeiro foi a cidade escolhida.

A razão me levou a preferir outro resultado qualquer (quase que meu desejo se concretiza, vide post abaixo).

Em tempo: não retiro nada do que falei antes...

Mas não dá para esconder que, quando do anúncio, bateu um certo orgulho.

Como disse antes da decisão:

Agora, é esperar a decisão e torcer para que, em caso de escolha do Rio, a sociedade civil se organize realmente para fiscalizar os gastos e, dessa forma, reduzir a roubalheira.
Porque problemas desta ordem com certeza acontecerão. Ninguém é ingênuo em acreditar que não.


Só mais uma coisa: O Lula é muito, muito sortudo...

30 de setembro de 2009

E a Olimpíada de 2016 será ...

Se dependesse só de mim, seria em Madrid.

Ou então em Tóquio.

Em último caso, vá lá, Chicago...

Sempre fui totalmente contrário à candidatura do Rio de Janeiro. Nada contra a cidade (realmente maravilhosa), ou seus habitantes. Mas tudo contra aqueles que patrocinam esse projeto.

Meses atrás, já havia explicado minha posição neste post. E não aconteceu nada que mudasse minhas convicções.

Muito pelo contrário.

(Lembrete: Reparem que no texto também fui contra a Copa do Mundo na minha própria cidade, e o tempo tem me coberto de razão...)

Agora, é esperar a decisão e torcer para que, em caso de escolha do Rio, a sociedade civil se organize realmente para fiscalizar os gastos e, dessa forma, reduzir a roubalheira.

Porque problemas desta ordem com certeza acontecerão.

Ninguém aqui é ingênuo de acreditar que não.



26 de setembro de 2009

The Beatles, by Rafael Galvão

Tenho navegado na web menos do que o de costume nas últimas semanas, e isso fez com que demorasse a ler vários bons posts em diversos pontos da rede.

Somente hoje dei de cara com três textos escritos pelo Rafael Galvão sobre aquela que consideramos (ele, eu e muuuuita gente) o mais importante grupo musical do século XX.

Com alguma frequência, o Rafael fala sobre os Fab Four, tanto enquanto grupo quanto em suas carreiras solo, mesmo que o assunto principal dos textos seja outro. E ele sabe do que fala, garanto...

(Parêntesis: existe uma discordância básica entre nós neste tema. Para ele, Paul é o maior artista dentre os quatro, e John um cara importante mas superestimado pela mídia. Para mim, John merece o reconhecimento que teve, e George era "o cara".)

Mas, bem, voltando aos textos, são estes: Beatlemania, As besteiras que dizem em nome dos Beatles, e As revoluções dos Beatles.

Em conjunto, ajudam a colocar no devido lugar algumas coisas que vivem sendo repetidas sobre o grupo, especialmente agora que seus álbuns foram relançados. Alguns pontos são passíveis de discussão, mas no geral os textos são muito bons. Aliás, como quase tudo que o Rafael escreve...


22 de setembro de 2009

Ora, ora, ora...

E o Obama deve estar pensando:

"É, Zelaya na embaixada dos outros é refresco..." .


***

Qualquer coisa, manda o BOPE proteger a nossa embaixada...

14 de setembro de 2009

As tristezas que a internet me traz

Acabei de ler, na edição on-line de um jornal local, uma notícia que teve para mim quase o efeito de um gancho na ponta do queixo desferido por Muhammad Ali.

Faleceu ontem em Goiânia, Roberto Matoso.

Eu o conhecia a mais de 30 anos. Fomos colegas de escola e aprontamos um pouco de tudo no velho Colégio Cearense, especialmente no que tange à política, estudantil ou não. Até tentar editar um jornal (o lendário O Berro) nós tentamos. E tudo bem no meio da ditadura...

Lembro que, para viabilizar o lançamento da primeira edição do jornal, organizamos uma festa, o Forró do Berro. E para divulgarmos a festa partimos para a colagem de cartazes nas principais avenidas da cidade. O problema é que resolvemos fazer isso na noite de 6 para 7 de setembro, e incluímos no roteiro a avenida onde aconteceria o desfile militar logo pela manhã. Resultado: diversas vezes fomos parados por veículos do Exército, e os militares vinham conferir o conteúdo dos cartazes...

Matoso era inteligentíssimo, e na vida profissional tornou-se consultor. Abriu sua própria empresa, e fez tanto sucesso que chamou a atenção dos políticos e acabou virando Secretário Estadual do Trabalho. Depois, chegou a disputar uma eleição como candidato a vice-prefeito de Fortaleza.

Depois de alguns anos sem nos falarmos, recebi um contato dele via Facebook no final de agosto. Mandei-lhe uma mensagem, para marcarmos um encontro, tomarmos umas geladas e colocar a conversa em dia.

Infelizmente, no último dia 4, enquanto estava em Goiânia à trabalho, Matoso sofreu um enfarto. Ficou internado em estado grave por vários dias até falecer ontem, dia 13.


Descanse em paz, meu amigo.

A nossa conversa foi apenas adiada...




4 de setembro de 2009

Para atravessar o feriadão

O tempo está escasso, a inspiração idem, então vamos só com três pitacos:

- O degelo das relações entre EUA e Cuba continua. Com a nossa torcida.

- O Mauro Cezar Pereira disse tudo sobre as relações entre cartolas e políticos. E esta foto é emblemática:



- Charge do Clayton no O Povo:


Precisa dizer algo mais?

29 de agosto de 2009

Porque drogas e direção não combinam




(Dica do @cearax no Twitter)

26 de agosto de 2009

Cala-se o Leão


O último dos irmãos Kennedy está morto.

Um avassalador tumor no cérebro tirou ontem, aos 77 anos, a vida do Senador Edward Kennedy, o caçula da lendária família que, como quase nenhuma outra, uniu triunfos políticos e tragédias pessoais.

O "Leão do Senado" conseguiu imprimir uma marca pessoal à sua atuação parlamentar nos últimos 40 anos, saindo da sombra de seus irmãos mais velhos, e tornando-se a mais respeitada voz entre os políticos progressistas americanos. Toda legislação americana de direitos civis, previdência, saúde e avanços sociais das última décadas tem suas digitais, muitas vezes de forma decisiva.

Fará falta.

23 de agosto de 2009

Vai um Che Guevara aí? Ou talvez um Jimi Hendrix...

Você é um dos admiradores do comandante Che Guevara?

Caso positivo, provavelmente tem (ou teve) uma camiseta com a foto clássica e a frase idem. Talvez um poster, ou um dos livros...

Mas, e um boneco ? Mais especificamente, este aqui:


Interessado? Então corra até este site e faça sua encomenda. Eles entregam a partir de Outubro...

Você não é chegado ao Che, mas curte Jimi Hendrix, ou então Bruce Lee? O mesmo site também pode lhe ajudar.

Vejam uma amostra:






Infelizmente para alguns velhos bolcheviques, este outro boneco parece estar esgotado...



(Dicas do Blog de Brinquedo, no qual cheguei com uma ajuda da filha caçula).


20 de agosto de 2009

Máquina jamaicana de destroçar recordes

Escrevo logo depois de Usain Bolt vencer a disputa dos 200 metros rasos no Campeonato Mundial de Atletismo, disputado em Berlim.

Tempo: 19 segundos e 19 centésimos.

Novo recorde mundial. O antigo era dele mesmo, com 19 segundos e 30 centésimos.

Fantástico.

Mais ainda se você reparar em um detalhe.

Bolt quebrou o recorde mundial dos 100 metros rasos 4 dias atrás com o tempo de 9 segundos e 58 centésimos (lembremos: o antigo recorde já era dele). Se dividirmos por 2 o tempo do recorde dos 200 metros, teremos 9 segundos e 595 milésimos.

Ou seja, o cara correu os 200 metros praticamente no mesmo ritmo do recorde dos 100 metros. Teoricamentente, ele fez cada metade da prova de hoje apenas 15 milésimos mais devagar do que a prova de domingo passado. E pelo que se viu na final de hoje, ele até poderia ter corrido ainda mais rápido , e quem sabe ter um tempo médio melhor do que na prova dos 100 metros.

Resumindo: se não tiver havido nenhum tipo de ajuda química, estamos diante do maior corredor dos últimos 50 anos, fácil (de Abebe Bikila para cá ninguém correu de forma tão impressionante).

E talvez do maior atleta das últimas décadas em todos os esportes.

19 de agosto de 2009

Seguindo os passos do Senhor

Esta aqui recebi por e-mail:

O velho padre durante anos tinha trabalhado fielmente com o povo africano, mas agora estava de volta ao Brasil, doente e moribundo, em um hospital de Brasília, e é notícia e manchete midiática da hora.

Já nos últimos suspiros, ele faz um sinal à enfermeira, que se aproxima.

- Sim, Padre?

- Eu queria ver dois proeminentes políticos antes de morrer, o Renan Calheiros e José Sarney - sussurrou o padre.

- Sim, Padre, verei o que posso fazer - respondeu a enfermeira.

De imediato, ela entra em contato com o Congresso Nacional e logo recebe a notícia: ambos gostariam muito de visitar o padre moribundo.

A caminho do hospital, Sarney diz a Renan:

- Eu não sei por que é que o velho padre nos quer ver, mas certamente que isso vai ajudar a melhorar a nossa imagem perante a Igreja e povo, o que é sempre bom.

Renan concordou. Era uma grande oportunidade para eles e até foi enviado um comunicado oficial à imprensa sobre a visita.

Quando chegaram ao quarto, com toda a imprensa presente, o velho padre pegou na mão de Sarney com sua mão direita, e na mão de Renan com sua esquerda. Houve um grande silêncio e notou-se um ar de pureza e serenidade no semblante do padre.

Renan então disse:

- Padre, por que é que fomos nós os escolhidos, entre tantas pessoas, para estar ao seu lado no seu fim?

O velho Padre, lentamente, disse:

-Sempre, em toda a minha vida, procurei ter como modelo o Nosso Senhor Jesus Cristo.

-Amém, disse Sarney.

-Amém, disse Renan.

E o Padre concluiu:

-Então... como Ele morreu entre dois ladrões, eu quero fazer o mesmo.

17 de agosto de 2009

Revoada na rede

A blogosfera brasileira sofreu algumas baixas expressivas nos últimos dias.

Primeiro foi o Idelber Avelar que fechou o Biscoito Fino e a Massa por tempo indeterminado. Ele diz que deve voltar, mas não sabe quando.

Depois foi a Nova Corja que também encerrou as atividades.

Ontem, o Pedro Doria anunciou que o Weblog estava sendo desativado, por absoluta falta de tempo em virtude de suas novas atividades profissionais.

O Nova Corja era um site feito no RS que eu visitava muito irregularmente, mas sempre admirei a combatividade da turma.

Já o Biscoito e o Weblog são, por assim dizer, os patronos do De Olho no Fato. A vontade de ter um espaço próprio onde pudesse falar do que bem entendesse nasceu a partir de participações nas caixas de comentários dos dois sites, e de papos via e-mail com seus responsáveis. Foi neles que fiz amizade com um grupo pequeno mas fiel de comentaristas, os mesmos que volta e meia estão por estas paragens. Alguns abriram seus próprios blogs, outros já os possuíam, e formou-se quase uma comunidade.

Cabe-me entender as razões que cada um tem para deixar (mesmo que provisoriamente) a blogosfera, mas sem deixar de expressar minha tristeza. Farão falta, certamente. Mas duvido que seja algo permanente. Nem mesmo demorado.

Daqui a pouco voltaremos a nos encontrar.

Até breve, e muito boa sorte.




P.S. Outro excelente site, o Um Que Tenha, voltado para a música brasileira, está sendo forçado a também encerrar as atividades. Mais uma perda.




12 de agosto de 2009

Outra história surpreendente

Como frequentemente costuma acontecer quando se vasculha a Web durante a pesquisa sobre um determinado assunto, dei de cara recentemente com uma história tão interessante quanto improvável.

Primeiro, pense em um jovem escritor, ainda desconhecido. Filólogo por formação, e profundamente devotado à cultura de seu povo, o qual não possui um Estado próprio, ele começa a militância em grupos que querem a autodeterminação.

Como era de esperar, ele foi processado pelo governo central e condenado à prisão. Pena de 22 anos.

Encarcerado, cumpriu 5 anos até escapar de uma forma digna de filme hollywoodiano.

Como? Um conhecido cantor da mesma etnia foi fazer um show na prisão. Após a saída dos músicos, durante a contagem dos presos, a direção verificou que dois estavam faltando: nosso escritor e outro militante nacionalista. Como ocorreu a fuga? Eles simplesmente saíram escondidos dentro dos grandes auto-falantes da banda, que foram carregados até os veículos por outros presos.

Nosso personagem caiu na clandestinidade (e provavelmente no exílio), e jamais reapareceu publicamente (pesquisando um pouco mais, uma fonte afirmou que os processos já estão prescritos, e nosso escritor poderia voltar à vida normal, porém não consegui encontrar uma confirmação).

E já se vão 24 anos desde então...

Se parasse por aqui, a história seria interessante mas apenas mais uma dentre muitas desse tipo que conhecemos. O que diferencia nosso personagem é que ele tem aproveitado esse tempo para uma prolífica produção, tanto de obras próprias quanto de traduções de escritores estrangeiros para a sua língua materna. E com essa produção, mesmo na clandestinidade, ganhou alguns prêmios literários.

T.S. Elliot, Robert Louis Stevenson, Samuel Taylor Coleridge e Fernando Pessoa são alguns dos escritores mais conhecidos que ele traduziu. Escritores galegos, catalães e latino-americanos também são outros alvos frequentes de seu trabalho.

Ah, ele traduziu a Antologia Poética, de um tal de Manuel Bandeira. Familiar?

Bem, hora de dar nome aos bois...

Nosso personagem chama-se Joseba Sarrionandia Uribelarrea, e nasceu em Iurrreta, no País Basco, em 1958.

Eis seu poema mais conhecido:

O escravo ferreiro

Preso nas selvas do ocidente
trazeram-te a Roma, escravo,
deram-te o ofício de ferreiro
e fazes grilhões.
O ferro vermelho que sacas dos fornos
pode moldar como queiras,
podes fazer espadas
para que os teus compatriotas rompam as suas cadeias,
mas tu, esse escravo,
fazes grilhões, mais grilhões



Aqui vale um adendo.

Sou um profundo entusiasta da causa independentista do País Basco. Acredito piamente que aquele povo tem direito á gerir com inteira soberania o seu destino, e que os governos de Espanha e França serão obrigados, mais dia menos dia, a reconhecer inteiramente os direitos do povo basco. Mas não posso me furtar a uma constatação clara: a organização armada ETA perdeu o bonde da história, e vai acabar sendo marginalizada dentro de seu próprio povo. Hoje é apenas um grupo reduzido de fanáticos dissociados da realidade, que nem mesmo podem invocar a bandeira "revolucionária" sem deixar os verdadeiros militantes das causas progressistas com náuseas.

Perdeu aquela aura de lutadores contra a ditadura franquista, e mais, se afastou completamente das motivações que lhe deram origem 50 anos atrás. Não vê que, apesar de os governos espanhol e francês não tratarem da questão basca com o devido cuidado e respeito, ambos os países são democracias, contra as quais a luta armada não faz o menor sentido. Ela apenas alimenta aquele monstro que chamamos de facismo, que vive á espreita aguardando desculpas para mostrar seus dentes.

Talvez falte ao grupo e seus simpatizantes elementos com uma visão clara de mundo, como os que existiam dentro do IRA e de seus braço político, o Sinn Fein, o que propiciou o acordo que transformou a Irlanda do Norte em um lugar, senão de perfeita paz, pelo menos incomparavelmente mais justo hoje do que meros 15 anos atrás.

Repito: todo apoio ao povo basco em sua busca por justiça e liberdade.

Mas chega desse infrutífero derramamento de sangue.

9 de agosto de 2009

Um ano sem Mahmud Darwish


Hoje completa-se um ano da morte de Mahmud Darwish, o principal poeta palestino e redator da Declaração de Independência da Palestina.

O melhor texto que encontrei sobre ele em língua portuguesa é do escritor português José Saramago, em seu blog:

"No próximo dia 9 de Agosto cumprir-se-á um ano sobre a morte de Mahmud Darwish, o grande poeta palestino. Fosse o nosso mundo um pouco mais sensível e inteligente, mais atento à grandeza quase sublime de algumas das vidas que nele se geram, e o seu nome seria hoje tão conhecido e admirado como o foi, em vida, por exemplo, o de Pablo Neruda. Enraizados na vida, nos sofrimentos e nas imortais esperanças do povo palestino, os poemas de Darwish, de uma beleza formal que frequentemente roça a transcendência do inefável numa simples palavra, são como um diário onde vieram sendo registados, passo a passo, lágrima a lágrima, os desastres, mas também as escassas, ainda que sempre profundas alegrias, de um povo cujo martírio, decorridos sessenta anos, ainda não parece disposto a anunciar o seu fim. Ler Mahmud Darwish, além de uma experiência estética impossível de esquecer, é fazer uma dolorosa caminhada pelas rotas da injustiça e da ignomínia de que a terra palestina tem sido vítima às mãos de Israel, esse verdugo de quem o escritor israelita David Grossmann, em hora de sinceridade, disse não conhecer a compaixão.

Hoje, na biblioteca, li poemas de Mahmud Darwish para um documentário que será apresentado em Ramala no aniversário da sua morte. Estou convidado a lá ir, veremos se me será possível fazer essa viagem, que certamente não seria grata à polícia israelita. Recordaria então, no próprio local, o abraço fraterno que nos demos há sete anos, as palavras que trocamos e que nunca mais pudemos renovar. Às vezes, a vida tira como uma mão aquilo que tinha dado com a outra. Assim me aconteceu com Mahmud Darwish."

Bem, quando um Prêmio Nobel compara alguém com outro Prêmio Nobel, quase nada mais precisa ser acrescentado.

Talvez apenas uma frase e um poema.


" Eu continuarei a humanizar mesmo o inimigo ... A primeira professora que me ensinou hebraico era uma judia. O primeiro amor na minha vida foi uma jovem judia. O primeiro juiz que me mandou para a prisão era uma mulher judia. Portanto, desde o início, eu não vejo os judeus como demônios ou anjos, mas como seres humanos. Vários dos meus poemas são para amantes judaicas. Estes poemas tomam o lado do amor, não da guerra. "


Confissão

Sonhei com um casamento
Sonhei com um par de olhos enormes
Sonhei com a garota das traças
Sonhei com uma oliveira que não se vende
Por uns poucos centavos
Sonhei com as impossíveis muradas da história
Sonhei com o cheiro das amendoeiras
Amparando as tristezas das longas noites
Sonhei com a família
E os braços de minha irmã
Me protegendo como um escudo de heroísmo
Sonhei com uma noite de verão
Com uma cesta de figos
Sonhei muito mais
Me desculpe por isso....


6 de agosto de 2009

Give me a break, São Pedro...

Primeiro, São Pedro, me dê licença para falar com você sem salamaleques desnecessários. Apesar de não sermos amigos muito chegados (aliás, confesso, aquele seu colega panfletário, agitador e chegado a ouvir umas vozes, o Paulo de Tarso, sempre foi mais do meu agrado...), é melhor falarmos sem burocracias.

Eu sei que seu serviço aí em cima não deve ser moleza. Um baita acúmulo de atividades na portaria do recinto, e ainda por cima ficar controlando as precipitações pluviométricas. Deve ter umas horas que você não aguenta mais tanto pedido ao mesmo tempo, e de tudo que é lugar. Uns querendo mais, outros menos, e sem contar aqueles insatisfeitos que simplesmente te mandam conversar com o manda-chuva do subsolo, ou coisa pior. E olha que está ficando cada vez mais difícil pra você tomar as decisões adequadas no momento correto, com toda a ingerência que nós aqui de baixo estamos fazendo (aquele tal de Aquecimento Global, uma chatice...)

Este ano, aqui na minha terrinha, você resolveu abrir as torneiras com vontade. Choveu bem mais do que o normal em quase tudo que é canto. Aliás, teve lugar em que a coisa complicou bastante, gente que perdeu plantação, casa, até umas mortes ocorreram. Se bem que nada comparável ao ocorrido lá na Sarneylândia e naquela lasca de terra entre eles e nós. Por lá o bicho pegou legal...

Mas vamos ao que interessa.

Pedrão, normalmente você manda as águas entre fevereiro e maio. Às vezes começa a pingar em janeiro e vai até metade de junho, mas sempre em volumes menores. Bem, já estamos em agosto e ... ainda continua chovendo. E o que dizer de julho? Choveu o dobro do normal e quase atrapalhou a turistada que vem aqui pegar um bronze...

Ontem, por exemplo, estava voltando para casa no fim do expediente quando, do nada, começou a garoar, e logo estava chovendo que era uma beleza...

Cara, eu sei que você é bem-humorado (as incontáveis piadas que correm por aí não me deixam mentir...), mas, aqui pra nós, você deve estar de gaiatice com a gente...

Isso aqui é conhecido como a Terra do Sol. Dá pra imaginar o motivo? Pois é... Mas se você continuar fazendo hora com a nossa cara daqui a pouco vão ter que mudar o nosso título. E olha que Terra da Garoa já tem dono...

Claro que também sei que você é chegado a uma abundância hídrica, mas aquele lance de andar sobre as águas é pra público restrito, lembra?

Por isso, e sem querer ser insolente (mas já o sendo...), vou ser curto e grosso: deixa de sacanagem e volta ao modo normal de operações, tá certo?

Caso contrário, já tem neguinho aqui falando entrar com uma representação no Comitê de Ética celestial, e você sabe dependendo de quem as diferentes bancadas (Anjos, Arcanjos, Querubins, Serafins, sem contar o baixo clero...) vão indicar, o bicho pode pegar. E não vai ter ato secreto do Todo Poderoso que livre a sua cara, ok?

5 de agosto de 2009

Não é por nada, mas...

Nessa volta das férias, alguém pode me explicar duas coisinhas bem prosaicas?

- Por que alguém mantém como nome de uma firma a palavra KILLING?
E como se não bastasse com um símbolo tão "familiar"?


- O Irã prendeu três americanos que entraram ilegalmente no país. Os parentes dos presos alegaram que a fronteira entre o Curdistão iraquiano e o Irã não é perfeitamente demarcada, e os três entraram no país inadvertidamente enquanto faziam uma caminhada.

Pode ser.

Mas será que eles não não tinham outro local no mundo menos complicado do que esse para fazer uma "caminhada"?



Atualização: Reparei pelas estatísticas do blog que houve vários acessos advindos da empresa Killing. Gostaria de reforçar que nada tenho contra a firma, seus donos e seus funcionários. Mas que é interessante, é...

23 de julho de 2009

Links no meio das férias

Continuo tentando curtir minhas mirradas férias, mas para não perder o costume aqui vão os links de alguma coisas interessantes que vi ultimamente:

- Rafael Galvão diagnostica o mal que aflige os tucanos;

- Vende-se no Mercado Livre um presidente de clube de futebol (o meu, por acaso);

- A propaganda e a realidade na Palestina ocupada;



(Voltamos daqui a 10 dias, OK? Going to the waves...)

18 de julho de 2009

Fala um poeta basco

NIRE AITAREN ETXEA
Gabriel Aresti, 1963

Nire aitaren etxea
defendituko dut.
Otsoen kontra,
sikatearen kontra,
lukurreriaren kontra,
justiziaren kontra,
defenditu
eginen dut
nire aitaren etxea.
Galduko ditut
aziendak,
soloak,
pinudiak;
galduko ditut
korrituak,
errentak,
interesak,
baina nire aitaren etxea defendituko dut.
Harmak kenduko dizkidate,
eta eskuarekin defendituko dut
nire aitaren etxea;
eskuak ebakiko dizkidate,
eta besoarekin defendituko dut
nire aitaren etxea;
besorik gabe,
sorbaldik gabe,
bularrik gabe
utziko naute,
eta arimarekin defendituko dut
nire aitaren etxea.
Ni hilen naiz,
nire arima galduko da,
nire askazia galduko da,
baina nire aitaren etxeak
iraunen du
zutik.



A CASA DE MEU PAI
Gabriel Aresti, 1963
trad. Fábio Aristimunho


Defenderei
a casa de meu pai.
Contra os lobos,
contra a seca,
contra a usura,
contra a justiça,
defenderei
a casa de meu pai.
Perderei
o gado,
as plantações,
os pinheirais;
perderei
os juros,
as rendas,
os dividendos,
mas defenderei a casa de meu pai.
Me tirarão as armas
e com as mãos defenderei
a casa de meu pai;
me cortarão as mãos
e com os braços defenderei
a casa de meu pai;
me deixarão
sem braços,
sem ombros
e sem peitos,
e com a alma defenderei
a casa de meu pai.
Morrerei,
a minha alma se perderá,
a minha prole se perderá,
mas a casa de meu pai
permanecerá
em pé.



(Este post, um do que sairão em minhas mirradas férias, é descaradamente inspirado em um brilhante amigo, com quem compartilho diversos ideais.)


13 de julho de 2009

Nas profundezas do rock brasileiro

No Dia Mundial do Rock, um mergulho nas profundezas do rock nacional dos anos 70.

Com vocês, Casa das Máquinas.


7 de julho de 2009

Constituinte exclusiva para a Reforma Política

Anteriormente, neste (aqui e aqui) e em outros espaços, eu já havia expressado minha opinião favorável a realização de uma Reforma Política através de uma Assembleia Constituinte exclusiva e restrita, ou seja, uma que trata-se apenas desse assunto e fosse eleita exclusivamente para esse fim, e não fosse formada por deputados e senadores.

Pois bem, eis que o Deputado Marco Maia (PT-RS) apresentou a Proposta de Emenda Constitucional nº 384/2009, que, em linhas gerais, atende ao que foi descrito acima.

Em resumo, a proposta, que recebeu a assinatura de 317 parlamentares, determina que, concomitantemente com as eleições gerais do próximo ano, sejam eleitos 180 parlamentares constituintes para promover a revisão dos dispositivos constitucionais relativos ao regime de representação política.

Mesmo sabendo que uma proposta como essa terá um intenso debate e sofrerá inevitáveis aperfeiçoamentos, gostaria desde já de levantar alguns pontos que me parecem relevantes:

- A quantidade de constituintes por estado ser determinada proporcionalmente à população é algo correto. E a designação de um número mínimo por estado é uma boa medida para evitar choques intra-federativos. Porém considero o piso de 4 vagas por estado previsto no projeto muito elevado. Se for levado adiante, fará com que os 15 menores estados, que detém cerca de 18% da população do país, fiquem com 33,3% do total de vagas.

Sugestão: o número mínimo poderia ser de 3 parlamentares constituintes por estado, o que faria com estes mesmos 15 estados ficassem com 25% das vagas. Ou então um mínimo de 2 vagas por estado, com o total de cadeiras sendo reduzido para 150.

- O projeto prevê a composição das bancadas de cada estado proporcionalmente aos votos de cada partido. Considero que, dada a relevância do assunto a norma não é adequada. Muitos cidadãos que teriam muito a oferecer às discussões não são nem pretendem ser filiados a partidos políticos.

Sugestão: Deveriam ser permitidas candidaturas avulsas, sem vinculação partidária, e a composição das bancadas seria feita por votação majoritária, isto é, os mais votados estariam eleitos, independentemente de partidos. Nesse caso, a redução para 150 cadeira na Assembleia seria desejável. Além disso, a reserva de um percentual de vagas para candidatas mulheres é algo que poderia ser discutido.

- Outro bom ponto do projeto fala que os candidatos à Assembleia Constituinte Revisional não poderão se candidatar a outros cargos eletivos em 2010. Medida necessária, mas não suficiente, na minha visão.

Sugestão: Os cidadão eleitos para a Assembleia Revisional ficariam impedidos de se candidatar ou assumir qualquer cargo público, em qualquer dos poderes, seja por eleição seja por nomeação, por um período após a conclusão dos trabalhos, período esse que poderia ser de 2, 3 ou 4 anos.


Para terminar: este espaço, a partir de agora, dará total apoio a proposta do Dep. Marco Maia, a qual é com certeza um ótimo instrumento para fazer avançar a discussão sobre o assunto.

Até porque a atual estrutura de representação política do país está totalmente carcomida (nem preciso entrar em detalhes...) e não atende mais a realidade sócio-política do Brasil

5 de julho de 2009

Exemplarmente didático

Reproduzo o último tópico da coluna do Alon Feuerwerker no Correio Braziliense de hoje, que foi postada também no Blog do Alon:


Meu aparelho querido

A Executiva Nacional do PSDB prorrogou o próprio mandato e deu a si poderes para intervir em qualquer diretório estadual. Deu também ao presidente do partido, Sérgio Guerra, o poder de estender mandatos de diretórios regionais “nos casos em que julgar conveniente”. Como se sabe, o PSDB é um partido de fortes convicções democráticas, permanentemente alerta contra o risco do "chavismo".


A quem interessar possa: concordo também com o restante da coluna.

1 de julho de 2009

O Brasil visto por um paulistano...




(Dica dada por uma conterrânea que mora no interior de São Paulo, para este escriba, que já morou em Sampa. Não é novidade, mas...)

25 de junho de 2009

Star Forever: Farrah Fawcett



Depois de uma longa luta contra um câncer, faleceu hoje a atriz Farrah Fawcett.

Ela ultrapassou a figura de uma simples atriz e se tornou um fenômeno de cultura popular ao estrelar em 1976 a série de TV Charlie's Angels (no Brasil As Panteras).

Para aqueles da minha geração, adolescentes na segunda metade dos anos 70, poucas mulheres foram tão amadas e encarnaram tão bem a surrada expressão sex-symbol.

Estamos todos um pouco órfãos.


***

Michael Jackson também morreu hoje.

Baita conjunção planetária, diriam alguns...

21 de junho de 2009

Contra qualquer ditadura

Não que precisasse explicitar (quem acompanha este blog sabe disso muito bem), mas há momentos em que é bom deixar certas coisas bem claras:


Este sempre será, sem exceções, um espaço à serviço da luta contra QUALQUER ditadura, tenha ela a motivação e a ideologia que tiver. Da mesma forma, apoiará sempre a independência e auto-determinação de todos os povos, e será crítico às presenças militares estrangeiras (salvo casos muito excepcionais, que não se choquem com os preceitos acima).


Minha absoluta solidariedade ao povo do Irã, e minha homenagem aos que tombaram na luta dos iranianos pela liberdade.

Neda vive.


E para que ninguém perca de vista as raízes deste posicionamento, ...



18 de junho de 2009

15 de junho de 2009

Atravessando o deserto

Como os 1,8 leitores deste despretensioso espaço podem ter notado, estamos atravessando (mais) uma fase de extrema escassez nas atualizações. Juro que não é (apenas) preguiça deste arremedo de escriba. Na realidade, deve ser uma daquelas "conjunções astrais" onde tudo parece conspirar contra, mesmo que em doses aparentemente irrelevantes.

Se tudo correr no rumo que deve, em breve voltaremos à nossa programação normal (???)...

Para não passar totalmente batido, vão aí uns pitacos em formato ultra-sintético:

- Irã: Se isso não é um golpe...
- Oriente Médio: Netanyahu vai mesmo enrolar Obama?
- Senado: Hora de encararmos o unicameralismo.
- AF 447: Confiança excessiva na tecnologia pode cobrar um preço...

5 de junho de 2009

Retrato 3X4 do ruralismo cego

Eis um trecho do pronunciamento feito ontem (dia 4) pelo Senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) na tribuna do Senado, em comemoração à aprovação da Medida Provisória 458/09, que trata da regularização de terras da União ocupadas na Amazônia Legal (links para a íntegra do discurso, em texto, áudio ou vídeo, podem ser encontrados aqui. Recomendo vigorosamente).


"É por isso que nós queremos fazer, sem xenofobismo interno, um diagnóstico real da Amazônia. E tenho o prazer de, tendo sido eleito Presidente da Subcomissão da Amazônia e da Faixa de Fronteira, fazermos esse trabalho, sem negócio de ideologia, sem partidarismo, sem paixões, sem religião, mas com ciência, um diagnóstico que beneficie as pessoas em primeiro lugar, o meio ambiente em segundo lugar, e os bichos em terceiro lugar.

Agora, é um absurdo, Senador Gilberto, que o nosso dinheiro... Pode ver. Você pode pegar, você que está me ouvindo e que está assistindo a esta sessão. Pegue uma nota de um real, de dois, de cinco, de dez, de cinquenta, de vinte, de cem. O que tem nelas? Só bicho, é só animal, não tem um ser humano, um vulto histórico! O Brasil não tem história nas suas cédulas. Pegue as cédulas de dinheiro de qualquer outro país e veja se isso existe. Isso não existe. Isso é o resultado de um ecoterrorismo de que o Brasil vem sendo vítima e que vem assimilando e reproduzindo."


Em vista disso, meus amigos, apenas uma pergunta: com qual ente da natureza devemos comparar o Excelentíssimo Senador?

3 de junho de 2009

Desabafo de um pai estarrecido

Quem está empunhando o teclado neste momento é, antes de tudo, um pai. Daqueles profundamente apegados a proximidade física dos filhos, todos os três. Sei que não será para sempre, e dessa forma os tenho criado para desde cedo não dependerem totalmente dos pais. E acho que tenho conseguido.

Este pai sempre foi e sempre será totalmente solidário a outros pais na suas lutas para não terem seus direitos paternos restringidos, quase sem excessão, por quaisquer razões.

Me dói ver casos em que decisões judiciais tolhem severamente o convívio entre pais e filhos após a separação entre os cônjuges. Da mesma forma, me revoltam casos em que, apesar das decisões judiciais não serem draconianas, as ex-parceiras fazem de tudo para dificultar o acesso dos pais aos seus filhos.

Mas sem dúvida o pior tipo de problema é aquele que aparece quando, estando separados os pais, a mãe falece e, ao invés dos filhos voltarem imediatamente para o convívio paterno, a família materna tenta impedir tal ato.

E se, em acréscimo ao acima descrito, juntarem-se injuções políticas de qualquer ordem, então estamos no pior dos mundos.

Lembram-se do caso do menino Elian, que os parentes maternos tentaram manter em Miami, apesar de o pai cubano muito justamente pedir seu retorno à ilha caribenha? Recordem-se do verdadeiro carnaval que as lideranças anti-castristas da Flórida fizeram, mas que no final não deu em nada, pois o governo americano, com todos os problemas que tinha ( e tem) com Cuba naõ deixou de cumprir a decisão judicial final de entregar o menino ao pai.

Bem, agora temos próximo de nós um caso semelhante, e sob alguns aspectos, pior.

Resumo da história: a brasileira Bruna Bianchi e o americano David Goldman se conheceram nos Estados Unidos, casaram-se e viveram em New Jersey, onde nasceu o menino Sean, hoje com 9 anos. Tudo ia bem até 2004, quando Bruna viajou para passar férias com o menino e nunca mais voltou.

Tempos depois, já separada de David, Bruna casou com o brasileiro João Paulo Lins e Silva (atentem para esse sobrenome...), engravidou dele, mas veio a falecer em agosto de 2008 no parto de sua segunda filha.

Desde então, David, que já na separação havia lutado para manter contato com o filho, tenta fazer com que seus direitos paternos sejam respeitados e, dessa forma, que seu lhe seja entregue. Porém, o padrasto vem lutando na justiça para manter a guarda do menino.

Nesta última segunda-feira, dia 1º, o juiz da 16ª Vara Federal do Rio de Janeiro determinou que Sean fosse entregue a seu pai no prazo de 48 horas.

Perfeito.

Porém ontem, dia 2, mais uma vez um ministro do Supremo Tribunal Federal tomou uma daquelas decisões que podem ser chamadas de esdrúxulas.

O ministro Marco Aurélio Mello, fiel ao seu retrospecto de decisões controversas (foi ele que mandou soltar o banqueiro Salvatorre Cacciola, que posteriormente fugiu para a Itália), e atendendo a um pedido do Partido Popular, suspendeu a determinação da Justiça Federal carioca.

Antes de mais nada, o que é que um partido político tem que se meter numa questão entre duas pessoas físicas (o pai e o padrasto)? Ainda mais o PP, o partido do Maluf, lembram-se?

Além disso, o Sr. Juiz Federal Rafael Pereira Pinto foi profundamente cuidadoso na sentença, gastando mais de oitenta páginas para demolir os argumentos do padrasto e sua família.

Aí chega o ministro Mello e dá um despacho de próprio punho no processo e suspende tudo.

Caramba, em que país vivemos? Até o mais iletrado de nossos cidadãos sabe que o lugar de uma criança é com um de seus pais. Se apenas um deles está vivo, e não há nada em sua conduta que o desabone, então não há o que discutir. Límpido e claro. O fato do pai ser estrangeiro não significa nada.

Aí chega um padrasto, e amparado em um sobrenome de peso na justiça nacional, e tenta subverter a ordem natural.

E para piorar aparece um ministro do STF (aliás, lembrem-se de quem elle é primo...) disposto, como a maioria de seus pares, apenas a jogar para a platéia.

Desculpem-me a veemência, mas certas coisas não podem ser tratadas com luva de pelica.

Este pai aqui deseja reiterar sua total e irrestrita solidariedade com o Sr. Goldman, e torce para que ele recupere sem demora a guarda de seu filho.



(Como os mais atentos puderam notar, venho negligenciando um pouco as postagens neste espaço. É só uma fase complicada. Vai passar...)

29 de maio de 2009

Massafeira Livre, 30 anos depois, e a morte de seu guru

No período compreendido entre 15 e 19 de março de 1979, no Teatro José de Alencar, em Fortaleza, um grupo de artistas cearenses (principalmente músicos, mas também artistas plásticos, fotógrafos, poetas e grupos teatrais) organizou e participou de um dos movimentos culturais mais relevantes (se não o mais relevante...) da segunda metade do século XX no estado, o Massafeira Livre.

O movimento se estruturou ao redor de um núcleo de músicos que vinha buscando seu espaço no cenário nacional desde o final dos anos 60, e que havia sido batizado pela crítica de Pessoal do Ceará, e onde se destacavam Ednardo, Belchior e Fagner. Eles resolveram aproveitar o início daquele que (apesar de ninguém saber ainda) seria o último governo da ditadura para chacoalhar o predominantemente conservador cenário cultural cearense.

Ednardo, Belchior, Fagner, Rodger Rogério, Teti, Petrúcio Maia, Manassés, Amelinha, Ricardo Bezerra, Caio e Graco Sílvio, e por aí vai a lista de participantes, apenas para citar alguns da parte musical. Dentre os poetas, a principal participação foi do essencial Patativa do Assaré.

Como vocês podem imaginar, foram quatro dias de loucuras e transgressões, e onde o número de artistas que queria um espaço para mostrar seu trabalho foi tão grande que a anarquia total quase tomou conta e pôs tudo a perder. A coordenação do evento, girando ao redor de Ednardo, teve que comprar brigas homéricas para que movimento não se desintegrasse ainda durante as apresentações, mas no fim a coisa acabou bem.

Apenas durante esta última semana de maio é que estão ocorrendo as comemorações de 30 anos do evento. O atraso aparentemente deveu-se a questões logísticas, mas acabou fazendo com que a festa quase coincidisse com o falecimento, em 15 de maio, de um dos principais organizadores do movimento.

Augusto Pontes era músico, poeta, publicitário e, principalmente, agitador cultural. Frasista conhecido pela contundência, teve diversas expressões cunhadas por ele aproveitadas em composições de outros artistas. Por exemplo:

"Sou apenas um rapaz latino-americano sem dinheiro no banco e sem parentes importantes."

Ele era considerado uma espécie de guru para o grupo que montou a Massafeira, e foi um dos seus coordenadores principais. Estava trabalhando ultimamente na organização do show comemorativo dos 30 anos, que ocorrerá nesse dia 29 na principal (e mais central) praça de Fortaleza, a Praça do Ferreira, reunindo alguns dos principais expoentes do movimento.

Um dos principais resultados do movimento foi a gravação em estúdio de um álbum duplo chamado Massafeira Livre, com as principais músicas apresentadas durante os shows. A única faixa trazida diretamente das apresentações foi a que trazia Patativa do Assaré nos mostrando sua arte pela primeira vez em um teatro.

Neste link, do ótimo site Um Que Tenha, podemos ter acesso ao download do álbum Massafeira Livre.

E neste outro link, temos acesso a um conjunto de fotos que misturam os shows e a gravação do álbum.