25 de fevereiro de 2009

Rescaldo pós-hibernação carnavalesca

Não se assustem, por favor, com o título deste post. É que, como alguns puderam notar, fiquei totalmente afastado da grande rede durante o feriadão, um pouco por opção e um bocado à força. Aliás, já faziam alguns dias que, por problemas no hardware domiciliar, estava levando as coisas meio que em banho-maria.

Bem, os problemas ainda não foram resolvidos totalmente (minto: falta coisa pra burro...), mas já dá pra dar alguns pitacos sobre o que andou ocorrendo nos últimos dias. Assim sendo, vamos lá, tocando de primeira.

- Eu não sei o que é mais deprimente: se a situação do PMDB, agora que dois senadores da legenda (Jarbas Vasconcelos e Pedro Simon) resolveram jogar tudo no ventilador, ou se a postura imoral da Folha de São Paulo, chamando o período de 64 a 85 no Brasil de ditabranda, e de quebra insultando dois conhecidos intelectuais que se insurgiram contra a posição do jornal. Ou quem sabe uma coisa tenha tudo a ver com a outra...

- Uma das coisas que fiz no feriadão foi assistir na TV o excelente documentário Trumbo, que conta a vida do escritor e roteirista americano Dalton Trumbo, que foi a mais conhecida das vítimas da famigerada lista negra, que tentou impedir que pessoas simpatizantes de ideias esquerdistas trabalhassem na indústria cinematográfica durante os anos negros do macartismo. Tendo que escrever sob pseudônimos durante 10 anos para poder sobreviver, Trumbo só quebrou a barreira da lista negra em 1960, quando recebeu os créditos por Exodus e Spartacus. Aliás, a cena no final de Spartacus, onde é oferecido perdão aos escravos revoltosos desde que entregassem seu líder (o que não aconteceu) é emblemática daquele período.

- Para os rubro-negros cariocas: rezem para que o meu conterrâneo (e ex-zagueiro do Fortaleza) Ronaldo Angelim volte logo à campo. O desastre de sábado passado frente ao Rezende não deixou dúvidas sobre a falta que ele faz na defesa do Flamengo...

17 de fevereiro de 2009

Parece, mas não é...


Ao contrário do que possa parecer, não é a zaga da Inter de Milão perseguindo o Alexandre Pato...


(Fonte: este site russo de fotografia. Aliás, o site-mãe é este.)

16 de fevereiro de 2009

Not a green-and-yellow submarine

Essa é daquelas notícias que passam quase despercebidas no meio de, por exemplo, um telejornal. Com tanta desgraça acontecendo ali na esquina e também mundo afora, a maioria nem se dá conta do tipo de desastre que poderia ter ocorrido:


SUBMARINOS NUCLEARES BRITÂNICO E FRANCÊS COLIDEM NO OCEANO

Dois submarinos nucleares - um britânico e outro francês - chocaram-se no Oceano atlântico, segundo informações divulgadas nesta segunda-feira.

O britânico HMS Vanguard e o francês Lê Triomphant sofreram danos graves no acidênte que ocorreu no início deste mês.

Os radares de ambos não conseguiram detectar a presença de outro submarino nas proximidades.


Atentem bem bem, não eram quaisquer submarinos: são barcos movidos á energia nuclear e armados com mísseis balísticos. Certamente dotados da mais moderna tecnologia disponível para seus países.

Agora, imaginem se um submarino brasileiro estivesse envolvido em um incidente deste tipo... O que não diria a imprensa nacional e internacional...


13 de fevereiro de 2009

Imagem sensacional


(ATENÇÃO: Esse post foi substituído. O original simplesmente "endoidou" quando fui colocar uma atualização. Vou direto pra resposta da pergunta que estava no post original.)


Na versão original deste post eu perguntava, a título de pegadinha, o quê a foto acima tem de inusitado.

A foto foi tirada na região fronteiriça entre Alemanha e Áustria (ou Tcheco-Eslováquia), no fim da 2ª Guerra, e mostra um destacamento blindado russo.

O inusitado está nos tanques.

O da direita é um T-34, o mais famoso dos blindados soviéticos usados na guerra. Já o da esquerda é um M-4 Sherman, de fabricação americana. Para quem não sabe, os ocidentais forneceram grandes quantidades de material bélico para que os soviéticos pudessem enfrentar as tropas nazistas, incluindo milhares de tanques.

Fotos mostrando tanques ocidentais sendo usados pelos russos são relativamente raras. As coloridas são mais raras ainda. A razão é que a máquina de propaganda soviética procurou vender, durante e após a guerra, a imagem de que eles haviam enfrentado e vencido os nazistas lutando praticamente sozinhos e sem ajuda. Logo, esse tipo de foto era evitada e de divulgação restrita.


12 de fevereiro de 2009

Darwin aos 200

(Hoje completam-se 200 anos do nascimento de Charles Darwin. O De Olho no Fato pediu que um dos seus melhores e mais assíduos comentaristas, que é da área, escrevesse algo sobre a data.. Com vocês, um artigo de nosso bom amigo Marcelo Darwinista.)




Classificar alguém como herói é associar esse alguém a feitos extraordinários. O dicionário Houaiss traz algumas definições de um herói:

Indivíduo notabilizado por seus feitos guerreiros, sua coragem, tenacidade, abnegação, magnanimidade etc. (...) indivíduo notabilizado por suas realizações; (...) indivíduo que desperta enorme admiração; ídolo.

Em geral, os ditos heróis são alçados a um grande patamar por seus feitos, que ultrapassam os limites habituais de homens e mulheres comuns, e dificilmente são contestados. Mas, é claro, há exceções. É exatamente o caso de Charles Darwin.

O naturalista inglês nascido há 200 anos faz parte de um grupo especial de homens e mulheres que desenvolveram teorias revolucionárias, fizeram descobertas marcantes, mudaram a história: Newton, Pasteur, Galileu, Mendel, a lista é enorme. Mas provavelmente nenhum deles foi tão questionado e atacado quanto Darwin.

Desde a publicação de A Origem das Espécies há 150 anos, e até hoje, a teoria da evolução pela seleção natural ainda provoca reações não só no meio acadêmico mas, sobretudo, fora dele. Reações, aliás, muito naturais por parte do público leigo. Afinal, a ideia da evolução demonstra ser desnecessária a participação de uma força criadora sobrenatural. Na Europa ainda muito religiosa do século XIX, uma ideia como essa foi um grande escândalo. Tivesse Darwin nascido alguns séculos antes, certamente teria ido para a fogueira nas mãos do Tribunal do Santo Ofício.

Ainda hoje grupos religiosos, especialmente cristãos, dedicam bastante tempo e recursos no combate às ideias darwinistas, buscando inclusive explicações cientificas para demonstrar a participação de Deus na dinâmica da natureza.

Uma das principais estratégias daqueles que combatem as teorias evolucionistas é relacionar os erros cometidos por Darwin. E ele realmente cometeu erros e deixou lacunas importantes.

Darwin, por exemplo, não tinha conhecimentos sobre genética, ciência que estava surgindo naquela mesma época com os experimentos de Gregor Mendel. Aliás, Darwin tinha ideias hoje em dia consideradas bizarras quanto à transmissão das características hereditárias. Ele nunca explicou de maneira convincente como as variações, sobre as quais a seleção natural atua, eram passadas de pais para filhos. Um erro que talvez tivesse sido corrigido, se ele tivesse lido os trabalhos de Mendel. E não foi por falta de oportunidades.

Mas, apesar da fragilidade que pretendem comprovar a respeito de sua teoria, Darwin demonstrou de maneira brilhante e inequívoca que as espécies se transformam ao longo do tempo. A evolução biológica é tão fartamente comprovada e documentada que o meio acadêmico há muito tempo não debate mais se ela ocorre ou não, e sim de que maneira ocorre.

Cento e cinquenta anos de questionamentos seriam mais que suficientes para derrubar a teoria da evolução, caso ela estivesse completamente equivocada. Mas, ao contrário, toda a Biologia, hoje em dia, é fundamentada nos pressupostos evolutivos. Como disse Dobzhansky, em uma das citações mais famosas das ciências biológicas, “nada em Biologia faz sentido exceto à luz da evolução”.

Darwin é, sem dúvida, o maior herói da Biologia moderna. Seus 200 anos de nascimento devem ser celebrados, mas ainda mais os 150 anos da publicação de sua maior obra, que como nenhuma outra na história da Ciência iluminou a estrada do conhecimento humano.

11 de fevereiro de 2009

Quem votou em quem nas eleições em Israel

No universo da política, um dos temas que mais me atrai são as estatísticas, tanto no que diz respeito as pesquisas quanto aos resultados eleitorais propriamente ditos. É uma mania desde garoto, sei lá qual a razão.

Dito isso, acabei de ver um artigo que trata da distribuição dos votos em Israel, focando em algumas cidades selecionadas. É um interessante retrato das divisões políticas que o país apresenta.

Por exemplo, Jerusalém, com todo o peso simbólico que carrega, deu cerca de 24% dos votos ao Likud, de Binyamin Netanyahu, seguido por dois partidos religiosos, a UTJ com 19% e o Shas com 15%. O Kadima, de Tzipi Lvini, recebeu apenas 11%. O Partido Trabalhista, de Ehud Barak, e o direitista Israel Beiteinu, de Avigdor Lieberman, ficaram com 6%.

Já a mais cosmopolita e liberal Tel Aviv deu uma maioria folgada para o Kadima, com 34%, seguido pelo Likud com 19% e os Trabalhistas com 15%. O partido de esquerda Meretz recebeu 8%, enquanto o Shas e o Israel Beiteinu ficaram com 6%.

Sderot, cidade do sul do país e alvo frequente de foguetes vindos da Faixa de Gaza, deu 33% dos votos ao Likud, 23% para o
Israel Beiteinu, 13% para o Shas e apenas 12% para o Kadima.

Katzerin, cidade localizada nas colinas de Golan, deu 28% para o
Israel Beiteinu, 26% para o Kadima e 22% para o Likud.

Quanto às localidades com maioria árabe, as do norte tenderam para o Hadash (de esquerda), enquanto as do sul tenderam para a Lista Unida Árabe.

Resultado final, em número de cadeiras no Knesset (total de 120 cadeiras):

Kadima (centro) - 28 cadeiras
Likud (direita) - 27 cadeiras
Israel Beiteinu (direita) - 15 cadeiras
Trabalhista (esquerda) - 13 cadeiras
Shas (religioso) - 11 cadeiras
UTJ (religioso) - 5 cadeiras
Lista Unida Árabe - 4 cadeiras
União Nacional (direita) - 4 cadeiras
Hadash (esquerda) - 4 cadeiras
Meretz (esquerda) - 3 cadeiras
Bayit Hayehudi (religioso) - 3 cadeiras
Balad (árabe, de esquerda) - 3 cadeiras

Agora, experimentem tentar montar um governo minimamente estável...


10 de fevereiro de 2009

A pressão cobra seu preço

Semana passada o Exército americano divulgou que um número recorde de seus soldados cometeu suicídio em 2008. Foram 128 mortes confirmadas e mais 15 outros casos prováveis sendo investigados.

Além disso, os Marines informaram que 41 fuzileiros também se suicidaram em 2008, contra 33 em 2007 e 25 em 2006.

Por si só, esses números já deixaram os responsáveis pelo assunto no Pentágono assustados. O pior, porém, pode ainda estar por chegar. Os números de Janeiro de 2009 são ainda mais assustadores.

No exército, já são 7 casos confirmados e 17 sob investigação. Se todos se confirmarem o número total será um novo recorde histórico, e seis vezes maior que o número de Janeiro de 2008.

Detalhe: no mesmo mês, as forças americanas perderam 16 soldados em combate no Iraque e no Afeganistão.

Pergunta: será que o nível de cobrança existente nas forças armadas (qualquer uma delas) está chegando em seu limite, e essas mortes são apenas o reflexo? Ou algo diferente pode estar ocorrendo?

P.S. Lembrei agora que a PM de São Paulo estava atravessando algo similar tempos atrás, e não deve ter melhorado...


9 de fevereiro de 2009

Encarte acidental (ou não...)

Engraçado como conversas descontraídas às vezes fazem aflorar lembranças solidamente escondidas nos subterrâneos de nossas memórias. E olha que que nem estou falando dos temas do post anterior...

Falando com companheiros de caixa de comentário em um blog de frequencia quase obrigatória, apareceu o tema livros de Dostoiévski (aliás, hoje é o aniversário de morte do cara...), e eu citei que precisava reler Mãe, o qual havia lido na adolescência e de que quase nenhuma lembrança ficara...

Naquele instante, enquanto escrevia, emergiu uma lembrança no mínimo curiosa e que vale relatar.

O exemplar do livro ao qual tive acesso me foi emprestado por uma pessoa do meu círculo familiar, que tinha um histórico de militância nas organizações de esquerda que, naquela época, combatiam a ditadura, inclusive recorrendo à luta armada. Ele já havia sido preso, torturado e, naquele instante, seu partido participava das articulações que possibilitariam, anos depois, a transição para a democracia. A época mais violenta da repressão tinha terminado pouco tempo antes, e só grupos muito isolados ainda falavam em desafiar militarmente o regime.

Esse amigo me ofereceu o livro sem que eu houvesse pedido (era um exemplar em português impresso por uma editora russa), e comecei a lê-lo. E foi aí que a coisa apareceu...

Eu estava um pouco antes da metade quando, do nada, a trama foi interrompida. O texto que apareceu impresso era, nada mais nada menos, que parte de um manual de guerrilha, voltado para a luta armada no campo. Estava recheado de exemplos retirados da experiência de luta dos vietcongs e, em menor escala, dos revolucionários cubanos.

Eram cerca de 40 páginas impressas no mesmo formato gráfico do restante do livro, e recheadas de instruções e dicas de como levar adiante certos aspectos do combate, especialmente sabotagem. Tratava também de aspectos de segurança das operações, e como lidar com a população civil.

Lembro de ter notado que, aparentemente, o texto era parte de algo maior, e que por começar e terminar abruptamente deixava a impressão de que a inclusão dentro do romance poderia ter sido acidental. Nunca tirei essa dúvida, até porque, preocupado com o conteúdo, tratei de terminar a leitura do livro rapidamente e devolvi o exemplar ao meu amigo. Não tenho certeza, mas acho que não comentei nada com ele sobre a parte "intrusa".

Como ainda vivíamos na ditadura (era o governo Geisel), não comentei o assunto com mais ninguém na época, e acabei desterrando o tema para as profundezas do meu subconsciente. Devo ter comentado, de lá pra cá, com no máximo umas três pessoas e sem dar detalhes.

Ah! Antes que eu esqueça, o amigo que me emprestou o livro seguiu na política e depois da redemocratização foi eleito para cargos públicos. Nos vemos muito pouco, mas ele continua uma grande figura.

5 de fevereiro de 2009

O meme dos segredos (ou das roubadas...)

Eu já vinha vinha seguindo esse meme desde o Sergio Leo, passando pelo Hermenauta, até o Ricardo Cabral. E não é que esse último resolveu me chamar pra brincadeira?

Deveriam ser 6 coisas que as pessoas não sabem sobre você. Alguns dos participantes optaram pelas roubadas onde estiveram metidos.

Vou misturar um pouco das duas coisas, sem entrar em detalhes sórdidos.

- Carnaval de 78 (mais ou menos), um grupo de uns 12 amigos resolve ir para o desfile oficial de blocos e escolas vestido à caráter: todo mundo com roupa de mulher. Peguei um vestido da mãe, pus uns enchimentos e fui pra galera. Imaginem a reação do distinto público...

- Todo mundo (ou quase) tem um porre homérico na ficha. O meu memorável foi na festa de 15 anos de uma prima querida (e que precocemente nos deixou) . Misturei de tudo, fui até o sítio de um tio, e foi um vexame só (claro, inventei de deitar numa rede e balançar, já viu... ). Uns três dias meio fora do ar...

- Quer roubada maior para quem gosta de futebol do que assistir uma jogo do seu time no meio da torcida arqui-rival? Tive que passar por essa duas vezes, uma na terrinha e outra em Sampa. Sabe lá o que é ficar no meio da Gaviões e seu time não ser o Corinthians? Sinistro.

- Acho que foi em 1980, estudava em um cursinho de línguas (inglês, tá bom?), e estava atrasado pro início da aula. Pra chegar na sala, tinha que atravessar um pátio aberto com escadaria, quase um anfiteatro. Entrei no espaço quase correndo e dei de cara com TODOS os alunos do curso sentados na tal escadaria, aguardando o início de uma demonstração de combate à incêndios. Não deu outra. Foi a maior vaia da minha vida...

- Sem detalhes: sabe lá o que é um cartão de natal mandado para (o que parecia) uma paixão alucinada, a qual está em uma excursão repleta de conhecidos, e o tal cartão cai na mão da galera toda?

- Pra terminar: sou um sentimentalóide daqueles, capaz de marejar os olhos em qualquer filmezinho mais piegas...


Pronto. Falei.

Agora é a vez do Pax, do Chapola, da Fal, do Bruno, do Darw, da Nhé, do Anrafel, do James Bond, do El Torero e de quem mais quiser.

Quem não tiver blog, use a caixa de comentários, faz favor.

4 de fevereiro de 2009

Team Obama e o pagamento de impostos

Não deixa de ser curioso que o principal problema que os indicados por Barack Obama para fazer parte da nova equipe de governo americana tem enfrentado são dúvidas quanto a impostos. A velha e conhecida sonegação.

Primeiro foi o Secretário do Tesouro, Tim Geithner, cuja confirmação pelo Senado só aconteceu após uma sabatina pouco amistosa e bastante constrangedora, e na qual Tim foi obrigado a fazer um pedido de desculpas que beirou a humilhação. O foco era uma pretensa dívida de U$ 34 mil.

Ao mesmo tempo, o ex-senador Tim Daschle, indicado para a Secretaria da Saúde, e Nancy Killefer, indicada para ser a responsável pelo setor que supervisiona os gastos públicos, vinham enfrentando problemas. Ambos pediram ontem que suas indicações fossem retiradas.

Daschle, um dos políticos mais chegados à Obama, enfrentava acusações por ter usado, sem notificação e consequente recolhimento de impostos, motoristas e veículos de fornecidos por um amigo. Valor da dívida: US$ 128 mil. Daschle vinha alegando que foi um erro inadvertido, mas a pressão cresceu e ele resolveu não prosseguir.

Já Killefer enfrentava acusações de não recolhimento de impostos retidos de uma empregada doméstica. Para alguém que ia desempenhar uma função fundamentalmente de controle da adequada execução do dinheiro público, o constrangimento ficou evidente e ela desistiu.

Visivelmente constrangido, Obama pediu desculpas e reconheceu os erros. Mas os fatos só jogaram lenha na fogueira dos que desconfiam da pregação por mudança ética feita pela nova administração.

Pra terminar, eu imagino o Anselmo Góis falando do assunto: Deve ser horrível viver num país onde os homens públicos sonegam impostos...

3 de fevereiro de 2009

O dia em que a música não morreu

Tempos atrás eu escrevi, meio na brincadeira, que estava ficando especializado em efemérides, pela quantidade de datas relevantes que estava usando como tema para posts. Um dos (poucos) comentaristas até deu uma força para eu continuar...
Pois lá vamos nós de novo...




Hoje completam-se 50 anos do acidente de avião, ocorrido próximo à Mason City (Iowa), que matou os músicos Buddy Holly, Ritchie Valens e J.P.Richardson (conhecido como The Big Bopper). O fato serviu como inspiração para que Don McLean criasse em 1971 a música American Pie, grande sucesso na época e posteriormente regravada (de forma parcial) por Madonna em 2000.

A letra da música é muito extensa, e faz uma espécie de resenha da evolução do cenário musical no período entre o acidente e o momento em que foi escrita, entrecortada com momentos da vida de McLean. Tudo isso feito com uma montanha de citações, diretas e indiretas.

A estrofe que ficou mais famosa é aquela que se refere ao acidente como "the day the music died...".

Tenho que concordar que, naquele momento (início dos anos 70), a cena musical não era particularmente brilhante, muito pelo contrário. Em uma espécie de ressaca após os alucinantes anos 60, a grande maioria dos expoentes da cultura pop musical da época estavam atravessando uma fase de vacas magras em matéria de criatividade. Ao mesmo tempo, a reação conservadora estava começando a ampliar sua ação. E lembremos que entre setembro de 70 e julho de 71 ocorreram as mortes de Janis Joplin, Jimi Hendrix e Jim Morrison. Pancada, não? Tudo isso resultou em uma enorme quantidade de material que, na falta de palavra melhor, considero "chato".

Qualquer retrospectiva rápida do período entre 1970 e hoje vai encontrar, como não poderia deixar de ser, quantidades variáveis desse material de menor qualidade. Os anos 80, particularmente, foram difíceis... Aliás, foram difíceis sob todos os aspectos e em todas as áreas...

Mas, felizmente, qualquer um que procure também vai achar música de boa, excelente qualidade em todo esse período. Para todos os gostos, modos de vida e faixas etárias.

Por exemplo, e usando duas bandas de linhas diferentes e pelas quais não sinto nenhuma afeição exagerada (gosto, ponto.), não dá pra ninguém dizer que R.E.M. e Dire Straits não tem um material muito bom, excelente mesmo. Muitos não se identificam, paciência.

Felizmente, da para afirmar que as notícias sobra a "morte da música" foram um pouco exageradas...

Mas que foi uma pena a morte precoce de três talentos, isso foi...

2 de fevereiro de 2009

Momentos que não tem preço

Todo mundo já viu aquela propaganda de cartão de crédito (na realidade uma campanha com diversos anúncios) que coloca preço em alguns objetos ou serviços e, no final, fala de momentos que não tem preço.

Sempre achei que, como sacada de publicitário, era muito boa. Nada além disso.

Um dos anúncios mais recentes (ou nem tanto...) mostrava o desenvolvimento da relação pai-filho. E um dos momentos mostrados era dos dois indo a um jogo de futebol (o filho já homem feito) e usando símbolos de um clube de preferência.

Já fui com meu filho assistir jogos no estádio, e muitas outras vezes nos plantamos defronte a televisão sofrendo com nossos times do coração. Mas, para mim, a ficha nunca havia caído no tocante a sensação de unidade e continuidade que esses momentos representam.

Nunca, até esta última madrugada.

Assistimos juntos, e torcemos loucamente, a partida final do torneio principal de um esporte que tem ainda poucos fãs no Brasil: o futebol americano. Exato, assistimos o Superbowl. E uma das equipes que participaram do espetáculo, o Pittsburgh Steelers, tem a minha simpatia desde a época de adolescente. Nem me perguntem a razão. Iria demorar para explicar.

Essa paixão contaminou o único filho homem, que acabou de entrar na maioridade. Ele acompanhou a temporada toda com atenção maior que a minha, assistiu quase todos os jogos (os que não passavam na TV, ele conseguia links na internet e assistia via streaming) e me informava de detalhes que a falta de tempo me impedia de procurar por meus próprios meios.

Pois bem. Neste começo de madrugada, logo após o final do jogo (aliás, de tirar o fôlego e ameaçar a vida de qualquer hipertenso), estávamos lá, sozinhos na sala, todo o resto da casa (e acho que do bairro) dormindo, e gritávamos, nos abraçávamos, comemorávamos enfim a vitória.

E a ficha então caiu.

Ele cresceu, está na faculdade e já procura meios de se manter sozinho. Mas ainda tem tempo para acompanhar o pai nas paixões herdadas.

Realmente, certos momentos não tem preço.