23 de janeiro de 2012

Fazendo falta, cada vez mais


Um dos meus maiores orgulhos foi poder encontrá-lo pessoalmente, mesmo de forma pra lá de rápida. E a lembrança nítida de seu aperto de mão não se apagou de minha memória, mesmo depois de mais de 30 anos. (Engraçado: antes dele, pude conhecer alguns de seus maiores amigos e colaboradores, muitos deles personagens memoráveis por si só. Ele ficou quase para o fim da fila, e de meu tempo de militância...).

Ontem, 22 de janeiro, ele completaria, se ainda vivo fosse, 90 anos.

Mesmo as discordâncias que tive (e tenho) quanto a alguns dos posicionamentos políticos que ele tomou não obscureceram a minha enorme admiração.

E vendo o tipo de país que estamos nos tornando, fico com a certeza: cada dia que passa, ele faz mais falta...

Ele, o "Engenheiro".

Leonel de Moura Brizola.






3 comentários:

Anrafel disse...

No livro "Aos Trancos e Barrancos - Como o Brasil Deu no que Deu", Darcy Ribeiro anota: "22 de janeiro: Nasce Leonel Brizola para ser presidente do Brasil".

Não foi pouca gente que achou que seria mesmo - incluindo ele, acho eu. Mas surgiu um tal de Collor e surgiu Lula.

Collor foi o cometa que se viu e Lula passou a centralizar a política brasileira desde então.

Homens que se prepararam durante quase toda a vida para se elegerem presidente do Brasil, além de Brizola, Ulysses Guimarães, Mário Covas, semelhantemente a Carlos Lacerda, Magalhães Pinto, deixaram essa lacuna em suas biografias. E, acredito, um travo de frustração.

Lula e Fernando Henrique criaram e consolidaram os dois partidos que protagonizam esse estranho pluripartidarismo bipartidário brasileiro, onde um dito social-democrata é o principal opositor de um governo também dito social-democrata.

Eu vou é dormir.

Luiz disse...

Anrafel,

Da lista de políticos que você citou, penso que os mais "frustrados" foram o Ulysses e o Lacerda. Esses tinham certeza absoluta que a presidência cairia no seus colos, mais dia menos dia.

Quanto ao Brizola, acho que, apesar do desejo íntimo e pouco dissimulado, ele corretamente intuia que sua figura seria intragável para a porção mais conservadora do país. Além disso, ao contrário de Lula (também demonizado pelo mesmo grupo), ele nunca teve uma base paulista minimamente consistente, o que eleitoralmente é fatal.

Quanto a essa estranha dicotomia PT-PSDB, repito o que já disse várias vezes: é uma questão de raízes profundas na política interna paulista. Se uma força sobrenatural eliminasse do quadro as lideranças paulistas dos dois partidos, no dia seguinte eles fariam uma coligação...

Anrafel disse...

Verdade. Talvez a alternativa para a rejeição paulista seria uma base sólida no nordeste, mas isso também não aconteceu. O estado onde aconteceu o maior enfrentamento contra as oligarquias latifundiária, Pernambuco, tinha outros líderes com aspirações nacionais, como Miguel Arraes.

Mas estamos precisando (quando sairá?) de uma boa biografia, seja de jornalista ou historiador, ou um híbrido, que traga documentações de período Jânio/Jango, do pós golpe, de Caparaó, etc.