22 de setembro de 2007

Pedaço de mim

Tem muita gente que não acredita em coincidências. Acha que tudo tem uma razão, um motivo superior, coisas assim. Não é muito a minha praia, mas de vez em quando acontecem fatos que me deixam bem balançado.
Quarta-feira passada bem cedo tive que levar minha caçula a um hospital. Parecia uma gripe mal curada, mas revelou-se um princípio de sinusite. O tal hospital fica no centro de Fortaleza, relativamente próximo à casa onde vivi até o meio da adolescência. Apenas a uma quadra de distância fica o Colégio Cearense, onde estudei todo o ensino básico e o médio. Quando passei defronte ao colégio, mostrei o prédio, dizendo:"O papai estudou aqui, filha!"
Mal sabia eu ...
Hoje, fui surpreendido com uma notícia nos jornais: o Cearense vai encerrar suas atividades ao final deste ano letivo. Motivo: falta de alunos em número suficiente para cobrir os custos.
Sem exagero, foi como se recebesse a notícia da morte iminente de alguém muito próximo. Aliás, é exatamente isso que aconteceu.
Porque aquela não era apenas uma escola, nem aquele apenas um prédio. Aquela era (e ainda é) a minha escola, primeira e única. E aquelas foram as salas, corredores, pátios e quadras que me viram crescer, virar gente, e por onde, por 12 anos, costumava ficar mais tempo do que em casa. Até porque ficar em casa muitas vezes era sofrido demais.
Agora, veio a notícia fatal. O velho Cearense, dos irmãos Maristas, de quase 100 anos de história, vai se tornar apenas isso: história.
Nessa hora, as únicas coisas que me resta a fazer são lamentar e relembrar. Lamentar não ter conseguido realizar um velho desejo, que um dos meus filhos fosse aluno do meu colégio. E relembrar todos os momentos maravilhosos (e também os nem tão maravilhosos assim) que alguém que passou dos 5 aos 17 anos dentre aqueles muros, naquelas velhas carteiras escolares de madeira escura e pesada, junto à colegas que viraram amigos em convivências que que duraram muitas vezes uma década. E onde, é claro, surgiu a primeira paixão, infantil ainda, mas inesquecível como poucas.

2 comentários:

Anônimo disse...

Olá Luiz
Fechar um escola é sempre um descalabro, ainda mais se for por falta de alunos.
Mas não será este somente o motivo oficialesco?


Além de comentar sobre seu post, passei por aqui para dizer-lhe que acabo de fechar meu blog. Num instante de auto crítica, apaguei tudo, e encerrei, fechei as portas.
Penso em voltar mas preparado, escrever coisas que realmente me importam. O que não consegui lá naquele blog.
Assim que tiver coragem de voltar, deixarei o endereço para vc.
Abraços.

f. disse...

Luiz, sabe que o colégio onde eu estudei aqui em São Paulo, o colégio Gávea, fechou no ano em que eu acabei o terceiro colegial (eu sou velhinham sou do tempo do colegial) e eu nunca me recuperei? É um pedaço da gente sim.
abraço
Fal