15 de fevereiro de 2008

Crepúsculo de dor

Esta semana presenciou mais um capítulo na via-crúcis de dois ídolos do esporte brasileiro.

Primeiro, foi a emocionante (mas infrutífera) tentativa de Gustavo Kuerten para iniciar aquela que será sua última temporada no tênis profissional de uma maneira digna. Vencido pelas insistentes e demolidoras dores nos quadris, ele foi pouco mais que um figurante no Brasil Open. Nada que não tenhamos acompanhado nos últimos tempos. Pura luta contra a dor. Um atleta diferenciado tentando sobrepujar os próprios limites físicos. Não deu. Mas Guga não precisa provar mais nada. Resta-nos aplaudir e agradecer, muito.

Vá descansar, campeão!!!

Depois, foi a vez de presenciarmos outra lesão séria de Ronaldo Nazário, o Fenômeno. Novamente uma ruptura do tendão patelar, mas agora no joelho esquerdo. A cena foi de cortar o coração, até por remeter à imagem da lesão anterior, visual mete mais chocante.

A aparentemente interminável seqüência de lesões de Ronaldo sempre despertou debates entre os especialistas, tanto os médicos quanto os jornalistas esportivos, mas sempre de maneira discreta ou anônima. Desta vez, entretanto, alguém resolveu ir além. Aquilo que era comentado a boca pequena foi explicitado pelo Coordenador de Doping da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e médico do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Bernardino Santi.

Em resumo, Ronaldo, então apenas um adolescente, teria sido submetido, quando jogador do PSV, a um programa de suplementação que incluiria o uso de alguns anabolizantes. Isso explicaria o extraordinário desenvolvimento atlético conseguido por ele na época, com visível aumento de massa muscular. O preço seria pago depois, pois as articulações, especialmente dos joelhos, submetidas a uma carga muito mais forte, não resistiram.

Nada disso tem confirmação, e talvez nunca tenha. Mas explicaria muita coisa.

Ronaldo nunca foi um dos meus maiores ídolos. Sou daqueles que viu a geração de 70 e a de 82, portanto posso me dar ao luxo de ser exigente. Mas sempre admirei a forma com que Ronaldo enfrentava os adversários e as adversidades. E nunca tive dúvidas de que ele é um cara "do bem". Fica aqui minha torcida pela sua volta aos gramados, apesar de achar que desta vez a possibilidade de que isso não ocorra é muito real.

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