Foram sepultados nesta terça-feira, em Fortaleza, os restos mortais de Bergson Gurjão Farias, militante do PC do B morto pelos militares em 1972, durante a Guerrilha do Araguaia .
Seus cadáver foi identificado em junho passado, após passar até 1996 enterrado como indigente no cemitério de Xambioá, no Pará. Bergson foi o único dentre os quatro cearenses militantes comunistas desaparecidos no Araguaia no início dos anos 70 que teve o paradeiro determinado. Os demais continuam desaparecidos.
A primeira vez que ouvi falar de Bergson foi em 1981.
Eu havia ingressado na UFC e procurava me familiarizar com o então recém-reorganizado movimento estudantil universitário. Meu curso era o de Engenharia Mecânica, e das engenharias o movimento mais estruturado era o da Engenharia Química, cujo CA levava (e ainda leva) o nome de Berg da Engenharia Química, cujo CA levava (e ainda leva) o nnome de Bergson Gurjão, ex-aluno do curso e que foi um dos principais líderes do movimento estudantil na UFC na segunda metade da década de 60.
Bergson foi homenageado hoje na Reitoria da UFC, onde um memorial foi inaugurado com a presença de sua mãe, D. Luiza Farias, de 94 anos.
Impossível tentar entender o que essa mulher passou nos últimos 37 anos, na busca por um filho que todos sabiam estar morto, mas cujo direito a um túmulo digno foi sistematicamente negado. A esperança de encontrar os restos do filho parecem ter dado força para que ela se mantivesse viva e lúcida o suficiente para deixar emocionados todos os que presenciaram a cerimônia.
Oxalá as demais mães, esposas, irmãos e filhos dos desaparecidos na ditadura ainda tenham a chance que D. Luiza teve, de poder prantear o corpo do filho e dar a ele um repouso adequado.
Seus cadáver foi identificado em junho passado, após passar até 1996 enterrado como indigente no cemitério de Xambioá, no Pará. Bergson foi o único dentre os quatro cearenses militantes comunistas desaparecidos no Araguaia no início dos anos 70 que teve o paradeiro determinado. Os demais continuam desaparecidos.
A primeira vez que ouvi falar de Bergson foi em 1981.
Eu havia ingressado na UFC e procurava me familiarizar com o então recém-reorganizado movimento estudantil universitário. Meu curso era o de Engenharia Mecânica, e das engenharias o movimento mais estruturado era o da Engenharia Química, cujo CA levava (e ainda leva) o nome de Berg da Engenharia Química, cujo CA levava (e ainda leva) o nnome de Bergson Gurjão, ex-aluno do curso e que foi um dos principais líderes do movimento estudantil na UFC na segunda metade da década de 60.
Bergson foi homenageado hoje na Reitoria da UFC, onde um memorial foi inaugurado com a presença de sua mãe, D. Luiza Farias, de 94 anos.
Impossível tentar entender o que essa mulher passou nos últimos 37 anos, na busca por um filho que todos sabiam estar morto, mas cujo direito a um túmulo digno foi sistematicamente negado. A esperança de encontrar os restos do filho parecem ter dado força para que ela se mantivesse viva e lúcida o suficiente para deixar emocionados todos os que presenciaram a cerimônia.
Oxalá as demais mães, esposas, irmãos e filhos dos desaparecidos na ditadura ainda tenham a chance que D. Luiza teve, de poder prantear o corpo do filho e dar a ele um repouso adequado.
10 comentários:
Luiz, você tem razão. Há dores que não se explicam facilmente, e que só os fortes as suportam. A D. Luiza, acredito eu mesmo sem conhecê-la, é um exemplo desta fortaleza.
Pois é! E alguns, certamente com várias intenções, ainda insistem em alcunhar a ditadura, que sonegou até os corpos de suas vítimas, de "branda".
Luiz, belo post. E o curioso é como qualquer iniciativa de reparação costuma ser taxada como revanchismo, né? Os nossos vizinhos argentinos seguem à frente da gente no assunto reparação, mas até que ultimamente nós tb andamos fazendo alguns progressos.
Danem-se as acusações de revanchismo e os bolsonarismo. A Guerrilha do Araguaia foi um conflito bem documentado pelos dois lados e ainda existem testemunhas oculares vivas que podem ajudar na descoberta de cemitérios clandestinos. O trabalho de resgate e enterro dos corpos é questão humanitária e compromisso inadiável com a história e com tantos Bergsons e donas Luizas.
O Ricardo Cabral mencionou a Argentina, nossa rival por tanto tempo, como uma nação que nos é superior na questão de encarar o passado e, encarando-o, tentar construir um presente e um futuro melhores. É verdade que o massacre na Argentina, atingiu atordoantes 30000 mortos. Imagino que poucas foram as famílias que não se viram atingidas direta ou indiretamente. Mas a mobilização dos argentinos foi linda de se ver . Talvez porque entre eles se tenha desenvolvido, a meu ver (e sei que há controvérsias) um sentido de cidadania mais forte do que o que existe entre nós.
Confesso que estou cansada de ver a palavra cidadania usada, abusada e lambuzada, seja em curriculos escolares, em materiais didáticos, até as campanhas políticas. E como sói acontecer com palavras que perdem a significação, luta pela cidadania entre nós, tornou-se apenas, quando muito, queixa ao Procom (e até isso demorou muito a vir).
Tá bom, reconheço que estou um tanto desanimada hoje, mas coisas como o andamento do processo contra os torturadores, com as características tropicais, é mesmo pra desanimar, não é?
Cristina, do ContraCapa, queimou ruim com a lambança da Maitê Proença. Apelou até para o Kibe Loco e para Gabriel Pensador. Deixei um pitaco por lá.
Esse Anônimo aí sou eu.
Tô precisando reativar este boteco...
Está mesmo, Luiz.
Sobre o assunto que não vivi e que por muito tempo, desconfio que ainda, foi tratado nos bancos escolares como algo que aconteceu, deixamos para lá...é passado. Mais uma vez confirmando aquelas palavras de que a história é escrita pelos vencedores.
Vencedores sim. Pois as vítimas ainda não são acusadas? De revanchismo, de insistirem em revirar um passado..
Eu acho um aburdo esses blogueiros que demorar um tempão pra atualizar seus blogs...
:-)
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