6 de junho de 2010

Justificando o injustificável

Fuçando pela rede, dei de cara com este artigo de Stephen M. Walt na Foreign Policy.

Como o título diz, é um guia para ajudar a "defender o indefensável". Tudo a ver com acontecimentos recentes...

Eis as declarações que ele sugere como utilizáveis nessas ocasiões (tradução minha, vão desculpando aí...).

Aqui estão os meus 21 pontos:

1. Nós não fizemos isso! (Negativas geralmente não funcionam, mas sempre vale a pena tentar).

2. Sabemos que você acha que fizemos isso, mas não estamos admitindo nada.

3. Na verdade, fizemos alguma coisa, mas não o que somos acusados.

4. Ok, nós fizemos, mas não foi tão ruim assim ("waterboarding" não é tortura realmente, você sabe...).

5. Bem, talvez tenha sido muito ruim, mas foi justificado e/ou necessário. ("Nós apenas torturamos terroristas, ou suspeitos de terrorismo, ou pessoas que possam conhecer um terrorista ...")

6. O que fizemos foi realmente muito contido, quando você considera o quão poderoso nós somos. Quero dizer, nós poderíamos ter feito algo ainda pior.

7. Além disso, o que fizemos foi tecnicamente legal em algumas interpretações do direito internacional (ou pelo menos como nossos advogados interpretam a lei.)

8. Não se esqueça: o outro lado é muito pior. Na verdade, eles são "o mal"

9. Além disso, foram eles que começaram.

10. E lembre-se: Nós somos os mocinhos. Ninguém pode nos equiparar moralmente aos maus, não importa o que fizermos. Apenas os moralmente obtusos e os críticos equivocados poderiam deixar de ver esta distinção fundamental entre eles e nós.

11. Os resultados podem ter sido imperfeitos, mas nossas intenções eram nobres. (Invadir o Iraque pode ter resultado em dezenas de milhares de mortos e feridos, e milhões de refugiados, mas...)

12. Nós temos que fazer coisas como essa para manter a nossa credibilidade. Você não vai querer encorajar os bandidos...

13. Especialmente porque a única língua que o outro lado entende é a força.

14. Na verdade, era imperativo para lhes ensinar uma lição. Pela enésima vez.

15. Se não tivéssemos feito isso para eles, sem dúvida eles teriam feito alguma coisa ainda pior para nós. Bem, talvez não. Mas não poderíamos dar essa chance.

16. Na verdade, nenhum governo responsável poderia ter agido de outra forma em face desse tipo de provocação.

17. Além disso, não tínhamos escolha. O que fizemos pode ter sido horrível, mas todas as outras opções tinham falhado.

18. É um mundo cruel, e as pessoas sérias tem que entender que às vezes você tem que fazer essas coisas. Somente idealistas ignorantes, simpatizantes do terrorismo, covardes conciliadores ou esquerdistas traidores poderiam questionar nossas ações.

19. Na verdade, o que fizemos valerá a pena eventualmente algum dia, e o resto do mundo irá agradecer-nos.

20. Nós somos vítimas de um duplo padrão. Outros estados fazem as mesmas coisas (ou pior) e ninguém reclama deles. O que fizemos foi, portanto, admissível.

21. E se você continuar a criticar-nos, nós vamos ficar muito chateados e podemos fazer algo muito louco. E você não quer isso, não é verdade?

Repita o quanto for necessário.


3 comentários:

Mr. Jåµë§ ßønd disse...

:: Essa é a cartilha pela qual rezam todos os governos ultimamente. Até mesmo o nosso.

Colafina disse...

Pois é...
Antigamente, essas desculpas eram privilégio de governos poderosos, prepotentes, dominadores. Hoje em dia, qualquer governo chinfrim metido a besta usa. O nosso já anda se engraçando...

Anrafel disse...

Governar é exercitar o cinismo e a hipocrisia.