14 de julho de 2007

Vaias e vaias

Esse é o tipo de assunto que vai render textos a rodo através da blogosfera tupiniquim (e alhures, talvez). Todo mundo vai querer opinar sobre a enorme vaia que o Lula recebeu na festa de abertura do Pan.

Bem, eu também quero hablar una cosita sobre o tema.

Primeiro, acho bom verificar bem qual o tipo de público que estava ontem no Maracanã. Povão típico de lá em dia de jogo certamente não era. Parte (não muitos) era de convidados, especialmente do COB, do governo do estado e da prefeitura. Os pagantes tiveram que desembolsar de R$ 20 até R$ 250. Ou seja, não era para qualquer um. Coisa para classe média ou mais. Alguém, com alguma dose de exagero, chegou a chamar de "plateia de brancos". Acho que não chega a tanto.

Depois, correu a boca pequena que haveria (vejam bem, estou falando no condicional) uma "claque" do César Maia, pronta para vaiar o Lula e o Sérgio Cabral e aplaudir o prefeito. Esse tipo de coisa é quase impossível de provar, mas que o prefeito escapou bem das vaias, isso escapou !

Outra explicação que está correndo é sobre uma reação de parte da população carioca, que resolveu abraçar esse Pan como ponto de virada no nível de auto-estima. Ao contrário do que a Globo estava martelando, esse é o PAN DO RIO, não o PAN DO BRASIL. Logo, qualquer elemento estranho mereceria levar um "chega pra lá". Sobrou pro Lula ...

Dito isso, é necessário ressaltar o lado pedagógico do fato. O Presidente da República foi alvo de estrondosa vaia em um ato público, e vai acontecer ... nada. Isso tem nome: democracia. Se faltava algum teste para nossas ainda adolescentes instituições democráticas, não falta mais.

Além disso, é bom que Lula compreenda que nosso povo, pelo menos boa parte dele, não tem ficado nada satisfeito com as atitudes que o presidente vem tomando frente a série de escândalos que vem pontuando seu governo, e também deplora posicionamentos de Lula claramente conflitantes com o ideário dos tempos de oposição.

Existe também, e não pode ser minimizada, a questão da falta de respeito pelo cidadão investido no cargo de Presidente da República, seja ele quem for, especialmente em uma ocasião com tal visibilidade no exterior. Não pegou bem, e ponto.

Para concluir: o país, sem dúvida, está melhor hoje do que em outros tempos, mas não é o paraíso na terra, e esse governo não é isento de erros, apesar do que alguns de seus membros pensam. Um pouco de humildade e autocrítica não fazem mal a ninguém.

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