29 de junho de 2008

50 anos de um momento sublime



Hoje completam-se 50 anos de um daqueles momentos definidores do que hoje é o Brasil. Em 29 de junho de 1958 a seleção brasileira de futebol conquistava pela primeira vez a Copa do Mundo.

Independente de você gostar ou não de futebol (especialmente do tipo de futebol que se joga hoje em dia), não dá para negar o efeito que aquela seleção abençoada gerou no povo brasileiro como um todo, especificamente na maneira como víamos a nós mesmos. O famoso complexo de vira-latas (outra das geniais expressões cunhadas por Nelson Rodrigues) começou a morrer ali.

Glória eterna está assegurada para aqueles 22 heróis, dentre os quais pelo menos uns cinco estão entre os 100 maiores da história do futebol mundial.

Quais?

E precisa dizer?



5 comentários:

anrafel disse...

Um time com Didi, Garrincha e Pelé é algo perto de imbatível. Não é qualquer um que se dá ao luxo de colocar Pepe na reserva.

Por falar nisso, não era brincadeira o tal do Zagallo. Superar Pepe e Canhoteiro ...

Pax disse...

Bem, vi a final da Eurocopa...

Acho que o complexo de vira-latas, pelo menos para o futebol, arrisca voltar.

Diga-me Luiz, como você vê nosso futebol de hoje versos o futebol mais aplicado e menos firulento da Europa?

Luiz disse...

anrafel,

O Pepe teve uma contusão logo antes da Copa e abriu espaço para o Zagallo, que se firmou no time.

O Canhoteiro é um caso parecido, porém com detalhes diferentes. Ele era craque excepcional mas com um comportamento não-convencional para os padrões dos cartolas da época, chegado a uma vida noturna. Mas ele também enfrentou problemas físicos alguns meses antes da Copa. Estava clinicamente recuperado, mas o preparo físico estava abaixo do ideal.

Sim, quase esqueci: ele começou a jogar profissionalmente aqui no Ceará, pelo América (esse time tinha a sede na rua onde eu passei a infância).

Luiz disse...

Pax,

Vou tentar ser sucinto (e sei que não vou conseguir):

- Todos os nossos melhores jogadores ( e grande parte dos razoáveis) estão jogando fora do país. Lá fora fora eles aprendem a disciplina tática e (regra geral) o profissionalismo fora de campo. Enquanto a situação econômica da América do Sul como um todo não melhorar o suficiente para podermos segurar aqui nossos craques isso vai continuar. Além disso temos a criminosa conivência entre cartolas e empresários, com o dinheiro rolando solto.

- Em contrapartida, esses jogadores (mais os argentinos, urugaios, chilenos, paraguaios, colombianos, etc.) agregam ao futebol de fora (basicamente o europeu) uma qualidade técnica que antes só era encontrada em clubes e seleções bem específicos. E nesse ponto Técnica não significa sinônimo de Firula.

- Aqui dentro, quase todos os nossos técnicos, premidos pela necessidade de manter os empregos, adotam sistemas táticos defensivos, deixando na frente apenas um ou dois pobres coitados que, isolados, acabam apelando para as firulas como arma e, ao mesmo tempo, como instrumento para aumentar a exposição pessoal, pensando em uma transferência para o exterior.

- Temos também um problema com as arbitragens. Na Europa ( parte da América do Sul) os árbitros deixam o jogo correr, só marcando aquelas faltas mais claras. Para eles, futebol é um jogo naturalmente de contato e só a deslealdade deve ser castigada. No Brasil, qualquer contato é imediatamente considerado faltoso. Isso ocorre porque os árbitros daqui ( que já não nada demais, muito pelo contrário) também jogam na defensiva, com medo da pressão dos dirigentes. Para eles é mais cômodo marcar tudo, o que acaba truncando demais o jogo.

- E para não encompridar demais (hehehehe..), temos aqui no Brasil um problema extra, a totalmente nefasta direção da CBF, que entre seus inúmeros crimes acabou gerando um divórcio entre a Seleção e a torcida brasileira, que só tem contato próximo com seus craques nos jogos de eliminatória. Resultado: esses jogadores, até pela falta de cobrança, acabam não rendendo o que deles se espera.

Dava pra falar mais, mas por hora chega !!!

Abraços.

anrafel disse...

Canhoteiro, que era maranhense, fez parte do ataque dos sonhos de Chico Buarque: Garrincha, Didi, Pelé, Pagão e Canhoteiro.

Zizinho gostava muito dele. Vi uma entrevista na TV onde o Mestre Ziza considerava Canhoteiro melhor do que Garrincha em alguns fundamentos - cruzamentos, por exemplo.

Quanto a Zagallo, acho que esses problemas com os outros dois pontas possibilitaram a implementação de uma opção tática, já que Zagallo tinha um estilo diferente: foi talvez o nosso primeiro ponta-esquerda terceiro homem do meio campo, posicionamento ilustrado pela jogada do gol de Nilton Santos contra a Áustria:

"Pode ir que eu fico", teria dito ao lateral. Nilton foi e fez o gol, para desespero e alivio de Feola.