Na última quarta-feira foi noticiado que um torcedor do Corinthians, que havia viajado até Recife para assistir a decisão da Copa do Brasil, fora baleado pelas costas após discutir com torcedores pernambucanos em um restaurante. O rapaz foi socorrido e seu ferimento revelou-se menos grave do que o esperado. Posteriormente, foi esclarecido que a discussão ocorrera em uma boate de péssima reputação, e que a discussão não tivera o futebol como estopim. Ficou o lamento pela violência sem sentido, mas pelo menos o futebol não estava realmente envolvido.
Entretanto, o que ocorreu na madrugada de ontem para hoje nas cercanias de Fortaleza indubitavelmente está ligado ao futebol, de uma forma ou de outra.
Ontem (sexta-feira, 13 de junho) à noite jogaram no estádio Castelão, pela Série B do Campeonato Brasileiro, Ceará e América do Rio Grande do Norte, com a vitória do time cearense por 2X0. O público total foi de uns 15.000 torcedores, dos quais aproximadamente 100 eram do time de Natal, os quais vieram em dois ônibus.
Durante a partida, os ânimos entre as duas torcidas ficaram muito exaltados, com provocações e ameaças de parte à parte. Sentindo o perigo de ocorrência de incidentes graves, a polícia reteve a torcida visitante ao final do jogo por quase uma hora, escoltou os mesmos até os ônibus, e os acompanhou por cerca de 15 quilômetros na BR-116, uma das saídas de Fortaleza em direção à Natal. Segundo os policiais, eles suspenderam a escolta porque não houve novos incidentes e não estavam sendo seguidos.
Entretanto, após a saída dos policiais, os dois ônibus resolveram fazer um retorno por alguns quilômetros e tomar a CE-040, que também vai em direção ao Rio Grande do Norte, porém segue mais próximo ao litoral e é cerca de 50 quilômetros mais curta.
Na altura aproximada do Km 36 os ônibus foram alcançados por um carro de cor escura, de dentro do qual os ocupantes começaram a realizar disparos com armas de fogo.
Uma das balas atingiu em cheio a cabeça do estudante Jéferson Gabriel da Silva, que completaria amanhã 17 anos. Ele foi levado o Instituto José Frota, principal hospital de emergências de Fortaleza, mas não resistiu e veio a falecer.
A pergunta óbvia é: até quando o futebol brasileiro vai resistir à seqüencia de atos violentos que insiste em ceifar vidas? O que mais as autoridades terão que aguardar para tomar providências radicais contra os bandos de delinquentes que tomaram de assalto a maioria esmagadora das chamadas "torcidas organizadas" em todo o país? Bandos esses que tem o futebol apenas como pretexto para se reunirem e a partir daí desencadearem suas ações criminosas, as quais não se restringem à violência pura e simples, mas se espalham por diversos capítulos do Código Penal.
Escrevo aqui como um fã do futebol que optou por não ir mais à estádios, nem mesmo em jogos considerados sem perigo, de uma torcida só. Que apesar de ter um filho adolescente que adora futebol, não o leva nem incentiva (muito pelo contrário) que o mesmo vá aos estádios. Que é do tempo em que se podia ir aos estádios, mesmo nos grandes clássicos, e se tinha certeza quase absoluta de que nada de mais ocorreria, mesmo voltando a pé para casa altas horas da noite e envergando a camisa de seu time. Que é do tempo em que não haviam torcidas organizadas ao nível do existente hoje em dia, e mesmo assim o incentivo ao time durante as partidas era avassalador.
Escrevo como torcedor que já viu membros das torcidas organizadas de seu time do coração morrerem e, muito provavelmente, matarem, aqui e em outros estados. Sempre de forma estúpida.
Torno a perguntar: até quando?
Entretanto, o que ocorreu na madrugada de ontem para hoje nas cercanias de Fortaleza indubitavelmente está ligado ao futebol, de uma forma ou de outra.
Ontem (sexta-feira, 13 de junho) à noite jogaram no estádio Castelão, pela Série B do Campeonato Brasileiro, Ceará e América do Rio Grande do Norte, com a vitória do time cearense por 2X0. O público total foi de uns 15.000 torcedores, dos quais aproximadamente 100 eram do time de Natal, os quais vieram em dois ônibus.
Durante a partida, os ânimos entre as duas torcidas ficaram muito exaltados, com provocações e ameaças de parte à parte. Sentindo o perigo de ocorrência de incidentes graves, a polícia reteve a torcida visitante ao final do jogo por quase uma hora, escoltou os mesmos até os ônibus, e os acompanhou por cerca de 15 quilômetros na BR-116, uma das saídas de Fortaleza em direção à Natal. Segundo os policiais, eles suspenderam a escolta porque não houve novos incidentes e não estavam sendo seguidos.
Entretanto, após a saída dos policiais, os dois ônibus resolveram fazer um retorno por alguns quilômetros e tomar a CE-040, que também vai em direção ao Rio Grande do Norte, porém segue mais próximo ao litoral e é cerca de 50 quilômetros mais curta.
Na altura aproximada do Km 36 os ônibus foram alcançados por um carro de cor escura, de dentro do qual os ocupantes começaram a realizar disparos com armas de fogo.
Uma das balas atingiu em cheio a cabeça do estudante Jéferson Gabriel da Silva, que completaria amanhã 17 anos. Ele foi levado o Instituto José Frota, principal hospital de emergências de Fortaleza, mas não resistiu e veio a falecer.
A pergunta óbvia é: até quando o futebol brasileiro vai resistir à seqüencia de atos violentos que insiste em ceifar vidas? O que mais as autoridades terão que aguardar para tomar providências radicais contra os bandos de delinquentes que tomaram de assalto a maioria esmagadora das chamadas "torcidas organizadas" em todo o país? Bandos esses que tem o futebol apenas como pretexto para se reunirem e a partir daí desencadearem suas ações criminosas, as quais não se restringem à violência pura e simples, mas se espalham por diversos capítulos do Código Penal.
Escrevo aqui como um fã do futebol que optou por não ir mais à estádios, nem mesmo em jogos considerados sem perigo, de uma torcida só. Que apesar de ter um filho adolescente que adora futebol, não o leva nem incentiva (muito pelo contrário) que o mesmo vá aos estádios. Que é do tempo em que se podia ir aos estádios, mesmo nos grandes clássicos, e se tinha certeza quase absoluta de que nada de mais ocorreria, mesmo voltando a pé para casa altas horas da noite e envergando a camisa de seu time. Que é do tempo em que não haviam torcidas organizadas ao nível do existente hoje em dia, e mesmo assim o incentivo ao time durante as partidas era avassalador.
Escrevo como torcedor que já viu membros das torcidas organizadas de seu time do coração morrerem e, muito provavelmente, matarem, aqui e em outros estados. Sempre de forma estúpida.
Torno a perguntar: até quando?
9 comentários:
Luiz,
O futebol brasileiro está infestado de bandidos, seja na organização, seja na torcida.
Torcedor organizado, com toda a justiça é identificado com marginal desocupado. Pois é isso mesmo que grande parte deles é. E criminosos.
Louvável sua atitude, em relação a você mesmo e a seu garoto.
A situação só se resolverá quando aplicarem medidas como as que regularam o futebol inglês.
Desgraçadamene, o futebol, uma das nossas principais artes (senão a principal), é comandado no Brasil por gente que se acha no direito de não prestar contas à ninguém, torcida, Banco Central, a justiça, até. A certeza da impunidade é o sentimento dominante.
São pessoas que seriam imediatamente enquadradas por crime de colarinho branco caso fizessem em empresas de fato o que fazem nos clubes de futebol. Eurico Miranda é apenas o estereótipo mais famoso.
No dia em que decidirem fazer algo para moralizar a coisa, uma das medidas será a invesigação da relação entre cartolas e torcidas organizadas.
anrafel, agora você me deixou curioso, há algo entre os cartolas e as torcidas que você saiba? Há um esquema?
Eurico Miranda é fichinha perto do Ricardo Teixeira, acho eu que não entendo muito de futebol.
Pax,
Vou transcrever trechos de uma palestra dada pelo jornalista Armando Nogueira aqui em Fortaleza em 2003:
Armando Nogueira classificou as torcidas organizadas como falanges que nasceram através do suborno de cartolas de má fé. "Elas recebem dinheiro ou ingresso e, em contrapartida, cumprem um papel deprimente, em defesa de cartolas inescrupulosos. Se subdividiram, a exemplo de um câncer que corrói até destruir. Esse tipo de facção pode ser a serpente que vai envenenar o time inteiro".
O poeta do jornalismo esportivo não poupou a cartolagem atual. "Antigamente, o cartola entrava rico no clube e saía pobre. Temos os exemplos de Ciro Aranha, no Vasco; Carlito Rocha, no Botafogo e Gilberto Cardoso, no Flamengo. Hoje, o dirigente entra sem recursos e sai milionário, graças a uma legislação que acabou com o voto qualitativo".
Como exemplo desse atual dirigente, citou o presidente do Vasco, Eurico Miranda. "Esse subiu a favela e distribuiu carteira de sócio e de conselheiro para quem encontrava, a fim de derrotar o Roberto Dinamite na eleição recentemente terminada".
E olha que o Armando foi mundo econômico com as palavras e exemplos...
Quanto ao Ricardo Teixeira, ele é incomparavelmente mais nocivo do que o Eurico Miranda, pois nquanto os desmandos deste no Vasco poderão ser revertidos em um tempo relativamente curto após sua saída (vamos torcer...), o mal que Teixeira fez e faz ao nosso futebol vai ser de difícil recuperação.
Luiz, obrigado pela explicação, como disse entendo pouco de futebol, mas vejo que a canalhice tá entranhada em tudo. Uma pena.
Bão né, este negócio aí de sair em turma brigando por causa de hóme, sejam eles de time de futebbol ou não, é coisa de viado. hóme que briga por ôtros hóme prá mim é tudo viado. Tá certo gostá de futebór, mas saí por aí batendo nos ôtro e dando tiro é coisa de quenga daquelas bem rampêra. Aliáis, as mãe destes viado aí que saem batendo e atirando devem ser tudo puta daquelas bem rampêra, destas que por cuarqué deizão faiz tudo.
Os coitado alem de viado são fio de quenga...
Brancaleone,
Seu sotaque tá quase perfeito.
Onde foi que você aprimorou?
Foi naquele sertão brabo, pura caatinga, que fica entre Varsóvia e Cracóvia?
:-)
Há suspeitas de que o custeio das despesas das torcidas organizadas funcione também como meio de desviar dinheiro dos clubes. Uma espécie de caixa dois que envolveria também a atuação de 'laranjas'.
Na Argentina, líderes de algumas organizadas estão até participando financeiramente das negociações de jogadores. Não seria nada demais investigar em que pé isto se encontra aqui no Brasil.
São tantas coisas ...
Ah, sim, Eurico é realmente a figurinha carimbada. Mas tenho de concordar sobre Ricardo Teixeira: é o capi de todos os capos. Sua perniciosidade supera tudo.
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