5 de janeiro de 2010

Olha ali um "projeto" voando...

Quem deu uma lida nos portais de notícias deve ter visto a notícia que falava da preferência da FAB pelo avião sueco Saab Gripen NG na concorrência para aquisição do novo caça para suprir a defesa aérea brasileira, deixando para trás o americano F-18 e o francês Rafale, nesta ordem.

Quem detonou o assunto foi a repórter Eliane Catanhêde, da Folha, neste artigo, onde ressaltava que a cúpula do governo é favorável ao caça francês, o que criaria um tremendo abacaxi a ser descascado por Lula. (Os sem-Folha podem ler aqui.)

Lá no meio do artigo, a jornalista diz que o caça sueco está "ainda em fase de projeto". Esse mesmo tipo de afirmação eu já havia visto em diversos outros órgãos de imprensa e sites.

Pois não é que esse deve ser um daqueles raros casos de "projeto" que voa?

Dando uma lida no blog Poder Aéreo (para os interessados em aviação militar, um prato cheio) encontrei isto aqui:



Nada menos que um Gripen NG decolando e, pasmem, com dois oficiais da FAB nos comandos.

Para algo que é apenas um projeto, até que ele vai muito bem, não concordam?

Ah! A nossa imprensa...


P.S. Recomendo também a leitura deste post do Poder Aéreo, que coloca algumas observações pra lá de pertinentes sobre o tema e a nossa política interna.

13 comentários:

Unknown disse...

Luís, o que interessa é que este vazamento acontece em meio a um choque entre Forças Armadas e governo por conta do decreto que pune torturadores. Alguém do meio militar quis dar a entender que o governo Lula não entende nada de Forças Armadas, ou algo assim.

Luiz disse...

Pois é, Paulo.

O link que está no P.S. (e também os demais posts do mesmo blog) fazem essa ligação e extrapolam para a disputa eleitoral deste ano.

Essa história vai longe...

Pax disse...

A volta das férias do Lula vai ser quente.

Unknown disse...

O ponto é que, politicamente, os caças franceses são melhores. Trazem junto maiores chances de ocuparmos um assento no conselho de segurança da ONU.

Luiz disse...

Tenho cá minhas dúvidas, Paulo.

Sem um consenso na América Latina (o que dificilmente ocorrerá) a vaga no CS é sonho.

E para entrarmos, outras vagas precisariam ser abertas.

Candidatos? Japão, Alemanha, Índia e África do Sul.

Todos eles com problemas em suas regiões.

Ou seja, tão cedo a coisa não sai.

Assim sendo, deveríamos escolher o melhor avião tecnicamente.

Anrafel disse...

E para completar, o governo tem um quinta-coluna no Ministério da Defesa.

Pax disse...

Não entendi, bom Anrafel...

Luiz disse...

Pax, concordo com o Anrafel.

O Nelson Jobim está no governo mas só pensa no próprio futuro político. Sonha em sair candidato pelo PMDB (hipótese difícil, mas não impossível), ou então ser o vice do Serra.

Todos os movimentos dele no ministério são calculados para atingir um desses objetivos. Provocar um atrito com o Lula, e deste com as Forças Armadas, está tudo nos planos.

Ele sairia como "o cara que enfrentou o Lula" e meio como herói daquelas forças anti-Lula.

Pax disse...

Você acha, então, que o relatório da FAB vazou por iniciativa do Jobim?

Luiz disse...

Essa é uma possibilidade bastante plausível, Pax.

Eu acho que o Jobim apostou numa crise feia no episódio do decreto da Comissão de Direitos Humanos. Como o Lula contornou no primeiro momento, o caso dos caças pode ter servido de Plano B para manter a tensão na área militar.

Pax disse...

Se essa suposição tiver base, a história se complica ainda mais.

Neste caso, admitindo que sim, não restaria outra solução para Lula a não ser apear o Jobim do ministério.

Não achas?

Vamos aguardar o retorno do Lula de suas férias.

Luiz disse...

Sair como "vítima" é tudo que o Jobim quer...

Como o Lula é pra lá de esperto vai cozinhá-lo em fogo lento até onde der.

Anrafel disse...

Luiz explicou direitinho. Teve também o episódio da maleta de espionagem da Abin, quando o ministro da Defesa atuou com um açodamento indigno de um ministro de estado, e sempre complicando as coisas para o governo que ele integra. Isso em público.

Não dá para não lembrar a frase que foi atribuida a Fernando Henrique, chamando-o de "nosso líder no Supremo".