13 de abril de 2008

Um aniversário divino

Recebi por esses dias um e-mail que me deixou intrigado. O remetente mandava que eu colocasse o texto em minha página, o que obviamente achei absurdo e prontamente decidi não fazer. Porém, quando olhei seu endereço (deus@ceu.com), julguei melhor ceder gentilmente meu espaço, que com certas coisas não se brinca:

Caro blogueiro. Ordeno que você publique essa carta na próxima segunda-feira, dia 14 de abril. O motivo é muito simples: é o dia do aniversário do Meu time de coração, o Santos Futebol Clube.

Essa é a primeira vez que Me manifesto a esse respeito e espero não estar magoando torcedores de outros times, principalmente os do São Paulo, São José, Santos André ou – Meu filho que Me perdoe – do Santa Cruz.

Acontece que o Santos é uma síntese de santidades, e, assim, é lógico que seja o meu favorito. Além disso, seu uniforme é todo branco, e, como todos sabem, essa é a cor preferida por aqui.

O Santos foi fundado no mesmo dia em que o Titanic afundou. Sei que esse naufrágio foi uma grande desgraça para vocês aí embaixo, mas eu os compensei com a criação de um time divino. É como se diz: quando Eu fecho uma porta, abro uma janela. Afundei um navio, mas criei o Peixe; acabei com o Titanic, mas inventei um time de titãs.

São muitos anos de arte, vitórias e gols, desde os primeiros de Geraule, Arnaldo Silveira e Anacleto Ferramenta, passando pelo mortal cabeceador Ari Patuska, até chegar à inesquecível dupla, Araken e Feitiço, que nos deu o primeiro título em 1935, em cima do Corinthians, o inimigo que mais gostamos de vence.

E como esquecer de Odair, Antoninho, Formiga, Del Vecchio, Vasconcelos, Tite e Pagão, autores de jogadas divinas, dribles celestiais e gols tão lindos que às vezes até Eu duvido?

Mas o melhor de tudo foram os anos 60, com Gilmar, Mauro, Zito e o ataque que encantou o mundo: Dorval, Mengálvio, Coutinha, Pelé e Pepe. Eu do céu!, essa escalação é tão musical quanto um acorde de harpa!

Aliás, por que vocês acham que Pelé foi jogar no Santos? É que de vez em quando a gente tem que dar uma mãozinha.

Depois vieram Toninho Guerreiro, Carlos Alberto, Clodoaldo, Edu, Rodolfo Rodrigues, Pita, João Paulo, Serginho Chulapa (se bem que esse rapaz às vezes parecia seguir mais o Inimigo do que a Mim), Giovanni, Robert, Diego, Robinho, e tantos outros.

O Santos é um dilúvio de gols, um rosário de títulos e o melhor: um futebol sempre jogado de forma bonita e ofensiva. Tudo bem que, de vez em quando, a fase fique mais com cara de purgatório do que de céu, mas se Eu quiser – e Eu quero! - , logo, logo as coisas vão entrar nos eixos. Confiem em Mim, não demora e o Santos vai ser campeão novamente.

Que Eu vos acompanhe, amém.

O Altíssimo.


P.S. Singela adaptação feita por esse blogueiro de um texto de José Roberto Torero, originalmente publicado na Folha de São Paulo em 1998 e posteriormente incluído no livro "Os cabeças-de-bagre também merecem o paraíso".

Homenagem ao maior time que o mundo já viu, e que jamais será igualado !!!


2 comentários:

f. disse...

hohoho!!

Anônimo disse...

Legal, bacana! O Torero escreve muuuuito e sua atualização foi muito boa!

Visite também o meu blog...tem um histórico do Santos por lá que acho que você vai gostar de ler...abs!