12 de junho de 2008

Novo passo na abertura econômica em Cuba

Ontem foi anunciada uma nova medida no ainda incipiente porém constante processo de abertura da economia cubana, em curso desde que Raúl Castro assumiu o governo de forma permanente em fevereiro deste ano.

Depois da liberação da venda de diversos aparelhos eletro-eletrônicos, como computadores e DVD's, da liberação do uso de aparelhos celulares, e de medidas para permitir algum tipo de propriedade privada no campo, o governo cubano resolveu abolir um dos dogmas da ortodoxia comunista na ilha. Anunciou que até agosto termina a política de igualitarismo salarial, onde todos os trabalhadores com uma mesma função recebiam o mesmo salário. Essa política será substituída por um sistema baseado em metas e produtividade, sem teto salarial.

Do jeito que as coisas vão andando, de modo cada vez mais rápido, fica claro que Raúl Castro pretende mesmo reformar profundamente a economia da ilha, sem pudores para afastar os princípios mais ortodoxos do marxismo.

A questão é ver até que ponto essa abertura econômica vai ser seguida de uma liberalização política, ou se o país adotará um modelo similar ao chinês, de economia de mercado convivendo com férreo controle político. Os próximos meses dirão, mas o divisor de águas poderá ser o próximo Congresso do Partido Comunista Cubano, o primeiro em mais de 10 anos, a ser realizado no segundo semestre de 2009.

7 comentários:

Pax disse...

Caro Luiz,

Passo a gostar do Raul somente quando ele garantir a liberdade de ir e vir do povo. Aí sim.

Até torço pelas liberdades econômicas, mas as pessoais são as mais importantes, creio.

Anônimo disse...

Pax,

Pra mim, liberdade de ir e vir, de reunião e de expressão caminham juntas. E acho que no caso cubano elas virão inevitavelmente como decorrência da liberdade econômica. Até porque Cuba não tem o cacife da China para manter o controle político férreo.
Esse congresso do partido do ano que vem deve trazer novidades nessa área.

Pax disse...

Esperemos. Torço que sim.

Sobre o assunto liberdade, nada como a DUDH. Ela é a lei.

anrafel disse...

Exatamente, Cuba não tem como manter aquela engenharia político/econômica chinesa: um comunismo-capitalista. Raul não vai poder dizer que "não importa a cor do gato, o interessante é que ele pegue o rato".

À medida que as frestras forem aparecendo a interferência americana irá ganhar corpo. Torço para que essa influência não seja liderada por aquela escória direitista, os anti-castrista.

Que os avanços sociais cubanos não sejam anulados pelo novo regime ou pela nova equação que virá.

Anônimo disse...

anrafel,

Interessante como a expressão que você usou (a da cor do gato) tinha vindo à minha mente quando eu escrevi o post.

Quanto à corja de Miami, a influência deles dentre os exilados vem caindo paulatinamente, especialmente nas novas gerações e nos exilados mais recentes.Ainda são um perigo, mas sua força, até na política interna americana, já não é a mesma.

E sabe o que é engraçado? Teve este post, mais os comentários, e ninguém tocou no nome dele, El Comandante. Sintomático, não?

Nat disse...

Concordo com o Pax. Quando o direito de ir e vir e de falar qualquer coisa estiver assegurado, darei Vivas ao Raul!

anrafel disse...

Espero que vocês relevem essa simplificação atroz que eu fiz aí em cima: "comunismo-capitalista".