26 de janeiro de 2009

Irônico pra mais de metro...

Proibir livros, qualquer que seja seu conteúdo, é uma ofensa à democracia. Além de ser uma idiotice sem tamanho, se o objetivo for barrar a difusão de ideias. Nunca funciona. Muito pelo contrário...

OK. Sei que algumas democracias sólidas (França, Áustria, Alemanha e Canadá, por exemplo) criminalizaram formas de difusão de "doutrinas do ódio", especialmente quando o alvo desse ódio são minorias. E o Brasil também tem uma legislação nesse sentido. Mas mesmo esse tipo de legislação é discutível quanto a sua eficácia e quanto à necessidade de sua existência. Pessoalmente, tenho minhas dúvidas.

Mas o que move este post é o movimento desencadeado em alguns setores religiosos ultra-conservadores americanos para banir um certo livro.

Qual? Fahrenheit 451, de Ray Bradbury.

Quem leu o livro certamente já captou a suprema ironia. Mas para quem ainda não leu, uma pequena dica: um dos temas do livro é ... a proibição absoluta da posse de livros. Passado num futuro próximo em um mundo totalitário onde pensar é algo inútil e perigoso, e onde os bombeiros são os encarregados de caçar e queimar os livros, o livro é uma crítica feroz à sociedade americana da época de sua publicação (1953), onde o macartismo florescia.

Ou seja: Ironia pouca é bobagem...



P.S. Explicando um pouco melhor: os grupos religiosos pediram (e já conseguiram em alguns casos) a proibição do livro basicamente pela utilização de "linguagem inapropriada". Principalmente, "hell" e "damn", cujo uso poderia "afetar a mente das crianças".
Ou seja, tão de gozação... Só pode.

E com certeza, idiotice pouca também é bobagem...

Aliás, o vídeo abaixo é bastante elucidativo...



5 comentários:

Marcelo disse...

Luiz,

Fale mais, esse assunto é bom. Qual é a justificativa desses grupos religiosos pra pedir o banimento do livro?

Marcelo disse...

Bom, considerando o cômico argumento desses grupos religiosos, acredito que a Bíblia deveria ser o próximo alvo de banimento, não?

Ricardo Chapola (CHAPS) disse...

Luiz,

achei o assunto chocante. Tenho a idéia de que NENHUM livro deva sofrer alguma recriminação e ser proibido. Afinal, como você bem disse, estamos numa democracia, cujo cerne é a liberdade de escolha. Ou seja, vc opta se quer ou não ler. Se a igreja discorda com o enredo da obra, os partidários religiosos devem apenas negarem acordo, mas não obrigarem a proibição do livro.

Seria um sacrilégio; extorquir parte da cultura

abraço!

Pax disse...

Daqui a pouco vão querer proibir meu blog tão santo...

anrafel disse...

Como é o nome dessa seita, "Bombeiros de Cristo"?