9 de janeiro de 2009

Sir Paul fala, e também de política

A revista inglesa Prospect, em sua edição de Janeiro, traz uma entrevista feita pelo jornalista político Jonathan Power com um antigo colega de escola em Liverpool: Paul McCartney.

Como é incomum que Paul emita opiniões sobre temas políticos, ou que circundem o ambiente político, vale a pena para quem puder dar uma olhada. Digo quem puder porque o site da revista traz apenas o início da entrevista (uns 20%). Porém, no UOL temos outro pedaço da entrevista, do qual pinço um parágrafo no qual ele toca em um tema brutalmente atual:


"Você sabia que eu acabei de fazer um show em Israel? Me advertiram quanto a ir lá, e me aconselharam a não entrar nos territórios palestinos. Mas eu me liguei a uma organização chamada One Voice (Uma Voz), que é meio palestina, meio israelense. Eles trabalham pela paz, ainda esperando uma solução baseada em dois Estados. Eles acreditam que isso não está muito distante, que os políticos apenas sentem dificuldade em assinar um acordo. Conheci alguns deles em Tel Aviv. Não tinha percebido o quanto o Estado de Israel é intrusivo. Se alguém quiser fazer algo como importar um carro nos territórios palestinos, é necessário obter uma permissão de Israel. E um palestino que trabalha em Israel precisa entrar em uma fila às três horas da manhã para começar a trabalhar às oito. É hora de batermos de frente contra isso conforme conseguimos aparentemente fazer na Irlanda."


10 comentários:

Rafael Galvão disse...

Quem diria que McCartney iria dar uam dentro na vida. :)

Luiz disse...

Pois é, Rafael...

Se bem aquele apoio exageradamente piegas aos americanos no pós-11/09 ainda me desce muito mal

anrafel disse...

Esse negócio de que McCartney era politicamente um cagão e Lennon o atilado gerou apenas uma coisa de bom: os personagens/piada de Veríssimo, John Lênin e Paul McCarthy.

Se Paul se retirasse alguns anos da vida artística seria acusado de egoísmo burguês em busca do usufruto do dinheiro conquistado às custas dos fãs.

Como foi John, aí passou a ser mais um passo na busca do auto-conhecimento longe do burburinho do show-business.

Pra mim, não seria, nem foi, uma coisa nem outra.

E agora eu vou ouvir o "White Album", começando com "While my guitar gently weeps", de Harrison.

Luiz disse...

Anrafel,

O Rafael Galvão (espero que seja ele mesmo que que comentou acima...) tem defendido no blog dele uma opinião similar à tua, e também enfocando o comportamento e a contribuição musical dos dois.

No começo eu olhava de banda, mas hoje começo a concordar...

anrafel disse...

Colocar muito peso nas opiniões políticas de gente do show-business descamba invariavelmente numa crônica de contradições.

Roger Waters, do Pink Floyd, que se diz quase um discípulo de Lennon, declarou que passou a se sentir incomodado na condição de socialista e, a partir de um certo momento, milionário.

O que interessa é o seguinte: John foi um grande letrista, um sujeito aberto a outras linguagens poéticas e musicais; Paul, o melhor melodista de toda a história da música pop e um grande contrabaixista.

Os dois juntos engendraram uma química perfeita (até mesmo pela competição interna) e formaram a melhor dupla produtora de canções da música popular.

Não tem Simon & Garfunkel, CSNY, Jagger & Richards, Roberto e Erasmo ou Chitãozinho e Chororó. Aqueles discos que vão de "Revolver" a "Abbey Road" são absolutamente indispensáveis.

Luiz disse...

Anrafel,

De novo, concordo. Desfrutemos da arte, deixemos pra lá as opiniões dos artistas...

Até porque tem gente de posições intragáveis que é grande artista.

Pra terminar, lembra daquele bordão?
"Ou nóis se Raoni, ou nóis se Sting."

:-)

Pax disse...

Luiz, não lembro desse episódio do Paul após 11/09. Você pode me mandar mais alguma informação?

Não acho ruim artistas terem suas posições. Acho ruim terem suas contradições.

E, sim, concordo, John e Paul formaram uma dupla incrivelmente criativa e produtiva. Classe A. Compramos aqui o conjunto de DVD Beatles Anthology. Vocês conhecem?

Mais uma: Paul não era baixista, começou com violão e guitarra. Faltava um baixista. Ele disse: "então deixa comigo". Deu no que deu. Um mestre.

Luiz disse...

Pax,

Fui pesquisar para te passar os dados mais completos, e acabei chegando nesta página da Wikipedia:

http://en.wikipedia.org/wiki/Freedom_(Paul_McCartney_song)

Mas, note, no último parágrafo, o Paul mostra-se sinceramente indignado com os desdobramentos posteriores.
Ou seja, eu fui meio injusto com ele...

E esses DVD's são algo que pretendo adquirir assim que puder.

Pax disse...

Valem cada tostão gasto, bom Luiz.

Vá na certeza, quando puder.

Marcelo disse...

Sendo curto e, principalmente, grosso, sempre achei o John um babaca, uma farsa política.

Paul, esse sempre foi o cara.