3 de fevereiro de 2009

O dia em que a música não morreu

Tempos atrás eu escrevi, meio na brincadeira, que estava ficando especializado em efemérides, pela quantidade de datas relevantes que estava usando como tema para posts. Um dos (poucos) comentaristas até deu uma força para eu continuar...
Pois lá vamos nós de novo...




Hoje completam-se 50 anos do acidente de avião, ocorrido próximo à Mason City (Iowa), que matou os músicos Buddy Holly, Ritchie Valens e J.P.Richardson (conhecido como The Big Bopper). O fato serviu como inspiração para que Don McLean criasse em 1971 a música American Pie, grande sucesso na época e posteriormente regravada (de forma parcial) por Madonna em 2000.

A letra da música é muito extensa, e faz uma espécie de resenha da evolução do cenário musical no período entre o acidente e o momento em que foi escrita, entrecortada com momentos da vida de McLean. Tudo isso feito com uma montanha de citações, diretas e indiretas.

A estrofe que ficou mais famosa é aquela que se refere ao acidente como "the day the music died...".

Tenho que concordar que, naquele momento (início dos anos 70), a cena musical não era particularmente brilhante, muito pelo contrário. Em uma espécie de ressaca após os alucinantes anos 60, a grande maioria dos expoentes da cultura pop musical da época estavam atravessando uma fase de vacas magras em matéria de criatividade. Ao mesmo tempo, a reação conservadora estava começando a ampliar sua ação. E lembremos que entre setembro de 70 e julho de 71 ocorreram as mortes de Janis Joplin, Jimi Hendrix e Jim Morrison. Pancada, não? Tudo isso resultou em uma enorme quantidade de material que, na falta de palavra melhor, considero "chato".

Qualquer retrospectiva rápida do período entre 1970 e hoje vai encontrar, como não poderia deixar de ser, quantidades variáveis desse material de menor qualidade. Os anos 80, particularmente, foram difíceis... Aliás, foram difíceis sob todos os aspectos e em todas as áreas...

Mas, felizmente, qualquer um que procure também vai achar música de boa, excelente qualidade em todo esse período. Para todos os gostos, modos de vida e faixas etárias.

Por exemplo, e usando duas bandas de linhas diferentes e pelas quais não sinto nenhuma afeição exagerada (gosto, ponto.), não dá pra ninguém dizer que R.E.M. e Dire Straits não tem um material muito bom, excelente mesmo. Muitos não se identificam, paciência.

Felizmente, da para afirmar que as notícias sobra a "morte da música" foram um pouco exageradas...

Mas que foi uma pena a morte precoce de três talentos, isso foi...

6 comentários:

Anônimo disse...

Claro, o melhor do REM veio dos anos 90 prá cá...

Marcelo disse...

Esse tema é ótimo, gera discussões muito interessantes.

Por exemplo, o ano de 1971 viu o lançamento de duas obras seminais do rock: "Led Zeppelin IV" e "Fragile", do YES.

Os anos 80 foram uma desgraça em termos musicais, mas gerou The Smiths, cujo vocalista é o melhor letrista da história do pop-rock.

Há que se garimpar, mas as pérolas estão aí pra serem encontradas.

Definitivamente a música não morreu naquele dia.

P.S.: eu mesmo encontrei uma jóia preciosíssima nos últimos dias: Radiohead.

bruN0 disse...

Concordo com o Nhé! quanto ao REM, mas mesmo nos anos 80 a qualidade da música da banda já estava um pouco acima no seu estilo (que era basicamente "rock universitário/alternativo"). Mas a consolidação veio só em 1991 mesmo, apesar do meu disco favorito ser de um pouco depois.

E podem até não gostar, mas o verdadeiro início do heavy metal também começou nesse início dos anos 70 com dois discos de uma mesma banda: o disco homônimo e o clássico Paranoid, ambos de 1970. Antes disso, já aconteciam iniciativas que esboçavam esse futuro (incluindo o já citado Led Zeppelin), mas foi nesse ano que tudo culminou com o Black Sabbath.

Talvez a música tenha morrido naquele dia para dar lugar a bem mais "galhos" pouco tempo depois.

Luiz disse...

Só para esclarecer um ponto: quando citei R.E.M. e Dire Straits (poderia ter citados várias outras na mesma situação, ou seja, gosto mas não são as primeiras do meu playlist), coloquei-as no meio do período completo ao qual me referi (dos anos 70 até agora), e não apenas dos anos 80, com o o texto original pode dar a entender.

Marcelo disse...

Bruno,

Muito boa a lembrança do Sabbath.

anrafel disse...

DarwinistO,

Legal você ter citado o "Fragile". É que às vezes rola um certo desdenhar pelo rock progressivo, com o qual eu não concordo em absoluto.

Nos anos 70, tivemos som de ótima qualidade, sim. É claro que depois dos píncaros com Beatles, Dylan, Cream, Hendrix, Stones os padrões de comparação ficaram complexos.

Mas os próprios Stones fizeram bons discos setentistas (Exile on Main Street, um deles), o heavy-metal foi parido (pelo Sabbath?) e elevado à enésima potência pelo Led Zeppelin.

No progressivo, tivemos, além do Yes, o Focus, Emerson, Lake e Palmer, o Pink Floyd (o maior de todos eles).

É claro que toda essa turma aí botou pra quebrar até a primeira metade da década (com lampejos nos anos seguintes). Depois tivemos a discoteca e o pretenso nihilismo do punk.

Ah, sim, parece que os melhores discos de Bruce Springsteen estão lá, também.