Nas eleições parlamentares em Israel realizadas em 10 de fevereiro, o eleitorado resolveu dividir as cadeiras do Knesset entre 12 partidos, mas deu vantagem aos partidos de direita e religiosos, que ganharam 65 cadeiras.
O líder do Likud, Binyamin Netanyahu, foi encarregado de formar o novo governo, mas desde então vinha tentando fugir da tentação de montar a coalizão apenas com direitistas, religiosos ou não. Sabia ele que um governo marcadamente direitista traria enormes dificuldades para Israel, especialmente perante o governo de Barack Obama. Durante algum tempo, ele tentou seduzir o Kadima, de centro, mas a atual chanceler Tzipi Livni deu-lhe um enfático “não“.
Com o tempo passando e a indefinição continuando, Netanyahu tentou uma nova cartada. Propôs um acordo ao Partido Trabalhista, de esquerda moderada, liderado pelo ex-premiêr e atual ministro da Defesa Ehud Barak.
Segundo os termos do acordo, a coalizão seria formada pelo Likud, pelos Trabalhistas, pelo Israel Beitenu (de extrema-direita) e pelo Shas (religioso). Os trabalhistas teriam direito a 5 ministérios, incluindo dois importantes, o da Defesa e o de Indústria e Comércio, além de vários cargos de 2º escalão. Acordo pra lá de generoso para os escassos 13 votos dos trabalhistas no parlamento de 120 cadeiras.
Ontem, segunda-feira, Barak aceitou o acordo, mas trouxe a palavra final para o Comitê Central do partido. Hoje, esse órgão se reuniu e mostrou o tamanho do racha do partido. Os opositores do acordo acusaram Barak de jogar a história do partido na lama, e de se tornar um capacho da direita. Um dos delegados chegou a falar que Ytzhak Rabin e Golda Meir deviam estar se contorcendo em seus túmulos. Já os defensores afirmavam que o papel do partido na coalizão seria de um freio contra atitudes mais radicais dos direitistas. E permitiria a não-inclusão no governo dos pequenos partidos religiosos de extrema-direita.
No fim, o acordo foi aprovado, mas a vantagem foi escassa e controversa. Segundo o Jerusalem Post, foi uma vantagem de 165 votos em 1071 votantes. Já o Haaretz fala numa vantagem menor, de 110 votos dentre 1250 votantes. Dá pra notar como tudo na política israelense é complicado, até os números.
Agora, com o acordo aprovado, fica clara a arriscadíssima aposta de Ehud Barak. Se a coalizão funcionar, e Israel não ficar em posição insustentável nas negociações de paz que o governo Obama deseja patrocinar, os trabalhistas e seu líder garantirão cacife para a luta política dos próximos anos e, talvez, décadas. Porém, se a maioria direitista impor seus pontos de vista, Barak pode estar levando seu partido para um beco sem saída,e talvez para um lugar de irrelevância no espectro político israelense.
O líder do Likud, Binyamin Netanyahu, foi encarregado de formar o novo governo, mas desde então vinha tentando fugir da tentação de montar a coalizão apenas com direitistas, religiosos ou não. Sabia ele que um governo marcadamente direitista traria enormes dificuldades para Israel, especialmente perante o governo de Barack Obama. Durante algum tempo, ele tentou seduzir o Kadima, de centro, mas a atual chanceler Tzipi Livni deu-lhe um enfático “não“.
Com o tempo passando e a indefinição continuando, Netanyahu tentou uma nova cartada. Propôs um acordo ao Partido Trabalhista, de esquerda moderada, liderado pelo ex-premiêr e atual ministro da Defesa Ehud Barak.
Segundo os termos do acordo, a coalizão seria formada pelo Likud, pelos Trabalhistas, pelo Israel Beitenu (de extrema-direita) e pelo Shas (religioso). Os trabalhistas teriam direito a 5 ministérios, incluindo dois importantes, o da Defesa e o de Indústria e Comércio, além de vários cargos de 2º escalão. Acordo pra lá de generoso para os escassos 13 votos dos trabalhistas no parlamento de 120 cadeiras.
Ontem, segunda-feira, Barak aceitou o acordo, mas trouxe a palavra final para o Comitê Central do partido. Hoje, esse órgão se reuniu e mostrou o tamanho do racha do partido. Os opositores do acordo acusaram Barak de jogar a história do partido na lama, e de se tornar um capacho da direita. Um dos delegados chegou a falar que Ytzhak Rabin e Golda Meir deviam estar se contorcendo em seus túmulos. Já os defensores afirmavam que o papel do partido na coalizão seria de um freio contra atitudes mais radicais dos direitistas. E permitiria a não-inclusão no governo dos pequenos partidos religiosos de extrema-direita.
No fim, o acordo foi aprovado, mas a vantagem foi escassa e controversa. Segundo o Jerusalem Post, foi uma vantagem de 165 votos em 1071 votantes. Já o Haaretz fala numa vantagem menor, de 110 votos dentre 1250 votantes. Dá pra notar como tudo na política israelense é complicado, até os números.
Agora, com o acordo aprovado, fica clara a arriscadíssima aposta de Ehud Barak. Se a coalizão funcionar, e Israel não ficar em posição insustentável nas negociações de paz que o governo Obama deseja patrocinar, os trabalhistas e seu líder garantirão cacife para a luta política dos próximos anos e, talvez, décadas. Porém, se a maioria direitista impor seus pontos de vista, Barak pode estar levando seu partido para um beco sem saída,e talvez para um lugar de irrelevância no espectro político israelense.
5 comentários:
Segundo os próprios israelenses, o pior de lá são os políticos.
Infelizmente não acredito que esse governo vá dar em alguma coisa. Pelo contrário, acho que em pouco tempo cai.
Resta esperarmos.
E o Obama, por mais que haja críticas, está fazendo boa parte do que prometeu. Vamos ver o que consegue por lá.
Nós, brasileiros, até quando olhamos para problemas alheios, não desistimos nunca de ter esperanças.
Esse governo não parece que vai ter vida longa. Tendo e governando de fato, que ele nos mostre que, às vezes, as relações internacionais são assimétricas e não-lineares.
Afinal, Nixon e Kissinger estabeleceram relações com a China, Menachem Begin assinou tratado de paz com Anwar Sadat e até Ariel Sharon andou devolvendo algumas coisas para os palestinos.
Mas, concordo, com o que vocês estão pensando: para ter esperança é preciso ser superficial.
O partido trabalhista já está num lugar de irrelevância. Especialmente se pensarmos no que ele significou e em como dominou a política local desde a criação do Estado de Israel.
Os trabalhistas foram sugados pela força do conflito árabe-israelense, sempre defendendo os acordos de paz e perdendo eleitores a cada acirramento do conflito.
No fim das contas, a culpa é deles mesmo. Um partido laico que dominou durante décadas mas nunca se preocupou em desarmar a bomba da influência religiosa na política.
Para mim, 100% de chances de novas eleições até o fim do próximo ano.
Até o fim deste, uns 60%.
A confusão política é o incentivo perfeito para que se prossiga numa estratégia de manter a população paranóica e amedrontada, desesperada pela salvação via exército e religião...
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