28 de maio de 2009

Um tradutor, por favor !!!

Existe aqui na terrinha um grupo político chamado Crítica Radical. A maioria dos seus membros já vagou, desde os tempos da ditadura até algum tempo atrás, por várias denominações de esquerda e extrema-esquerda, e sempre arrumando confusão com as lideranças desses partidos e/ou tendências.

Para efeito de situar melhor essa organização, digamos que o rosto mais conhecido do grupo é a socióloga e ex-prefeita de Fortaleza Maria Luiza Fontenelle, e eles defendem posições radicalmente anti-capitalistas, sem porém se identificarem com as posições do mainstream da esquerda atual.

Uma visita ao site do grupo pode ser muito elucidativa. Ou não.

Eles estão convocando para Janeiro de 2010 um Fórum Transnacional Antifetichista, e para tanto lançaram um documento convocatório. Dei uma lida nesse documento e juro que estou boiando até agora.

Alguns trechos:

"Um fórum que tem como fundamento a revolução teórica da crítica radical do valor-dissociação. Um fórum que vai desencadear o processo de construção de um movimento social emancipatório que transcenda o sistema produtor de mercadorias e inaugure uma nova relação social. Um fórum que possibilite o encontro do impensável com o impossível para ultrapassarmos a história das relações fetichistas. Um fórum que tem como objetivo a conquista da sociedade da emancipação humana."

"Mas há um obstáculo quase intransponível a este projeto emancipatório - a abstração real do valor- dissociação que se constitui como uma matrix apriórica sob a qual o ser humano submetido não sabe, mas faz. "

"O quase intransponível reside no fato de que a forma social da abstração real do valor é comum às classes sociais e a causa do conflito de seus interesses. Tal forma é fetichista porque constitui uma estrutura sem sujeito por trás das costas dos envolvidos. Nesta estrutura, as pessoas humanas são submetidas ao eterno processo automático da transformação da energia humana abstrata em dinheiro. "

"O quase intransponível também reside no fato de que a forma social da abstração real do valor vem da sua determinação essencial lógica junto com a dissociação sexualmente determinada. Essa dissociação dos momentos de reprodução social material, sócio-psíquica e cultural-simbólica não se vincula diretamente à valorização do valor. No entanto, essa dissociação surge como aspecto essencial abrangente, transversal a todas as esferas, porque está sediada no plano da lógica básica ou da própria matrix."


Olha, apesar de não ser nenhum especialista, também não me considero um total analfabeto em temas sócio-político-filosóficos.

Mas, repito, juro que estou sem entender praticamente nada.

Alguma alma boa pode traduzir para mim ?

12 comentários:

Nhé! disse...

É o seguinte:
"Nóis qué sê nada disso que tá aí, nóis qué um esquema beleza lá nas paradas da fazenda do mano pai, mas nóis tá ligado que isso nem vai rolá i intão nóis vai continuá a fumá mais desse estragado memo, já que foi de grátis, ops, abstraído de real valor...."

Marcelo disse...

Traduzir me parece impossível. Há, no entanto, a possibilidade de captar a essência do texto:

"Nós, esquerdistas anacrônicos, queremos por meio desse texto hermético e confuso mostrar pra todo mundo que a gente ainda existe."

anrafel disse...

Conclusão:

"Não há um obstáculo 'quase' intransponível a este projeto..."

O obstáculo é absolutamente intransponível.

Unknown disse...

Basicamente, eles querem destruir a economia de mercado destruindo o fetichismo da mercadoria. Por esta tese, a mercadoria no capitalismo perderia sua função social, e teria uma espécie de vida própria. O que eles querem? Matar a mercadoria.

Minha sugestão: pode matar, mas deixe ilesa uma ferrari para mim.

bruN0 disse...

Lembrei de algo imediatamente.

http://www.geocities.com/padrelevedo/lerolero/lerolero.html

Clássico da Internet em 199x.

Pax disse...

Bom Luiz,

O palavrório é chato, mas o assunto é interessante, uma crítica à sociedade de consumo.

E, cá pra nós, ela não nos pega mesmo? Não caímos sempre nas armadilhas e tentações?

Se não temos um IPhone, se não temos um carro, se não temos uma calça jeans, se não temos uma tv de plasma etc etc.

Volta e meia me pego completamente capturado nessas armadilhas, mesmo tendo abandonado completamente a vida de ir a shoppings ou ver novelas na tv.

Ou seja, vou arrumar briga com meus amigos de cima, pois acho que o assunto é muito interessante.

O palavrório não, ruim, chato e improdutivo.

Marcelo disse...

Não vai arranjar briga não, Pax. O assunto é muito interessante, e o Luiz poderia inclusive soltar um post-guia pra gente debater o assunto.

O problema, como você mesmo reconheceu, é a forma (sic) do discurso.

Pax disse...

Você é suspeito, Darwinista... :-)

Alba disse...

Luiz,

Eu li aquele texto confuso e só posso resumir, da maneira mais chinfrim, nos seguintes termos: "Há uma oposição entre o ser e o ter (mais livro de autoajuda impossível) e, há a imposição de papéis sexuais deteminados por esta cruel sociedade capitalista."

Perfeito, concordo, até. O problema é como atrairão público com essa linguagem hermética e um tanto descabelada. E acho que haveria mesmo público disposto a discutir o tema, que é interessante, se despido dos exageros retóricos, sabe?

El Torero disse...

Público para discutir, Alba? E de uma discussão sair algo concreto, que os obrigue a levantar a bunda da cadeira e fazer algo de fato? Isto não...

Nat disse...

Bem, honestamente minha cabeça não tá boa hj e não entendi porra nenhuma do manifesto, mas a idéia não é ruim.

A mercadoria virou sim um fétiche, feitiço... A sociedade em que vivemos é altamente consumista e produtora de fetichismos. Eu não sou a favor desse consumo desarvorado. Tento viver com peças mais básicas de roupa, preservo desesperadamente minhas duas prateleiras de livros, por mais que isso me custe, tento não comprar nada que não seja necessário, mas é muito difícil. A mídia televisiva, impressa está sempre me mostrando um produto melhor que o outro. Seu amaciante tem substâncias inteligentes que penetram nas moléculas do tecido atrás das manchas? Não, então se toca, cara e vai gastar mais dinheiro com esse aqui que faz isso...

Mas, ao mesmo tempo, acho que nem tudo está perdido. A mesma sociedade fetichista pode ser capaz de produzir objetos materiais mágicos que ajudem a melhorar o meio ambiente e a diminuir nossos danos.

Seu amaciante foi feito num processo altamente poluente? Sim? Então se toca, cara e vai gastar mais dinheiro com esse aqui que não faz isso...

Quando essa troca de valores acontecer (e não necessariamente a onda de fetichismo materialista acabar), pode ser que a gente consiga caminhar pra um futuro legal.

Pablo Vilarnovo disse...

Pergunta o que esses caras andam fumando que deve ser bom a beça!