8 de junho de 2007

Reforma disforme

Estava ouvindo o noticiário no rádio do carro quando me deparei com um interessante comentário sobre a reforma política que tramita no Congresso. Interessante, mas poderia dizer polêmico, no mínimo.

O analista dizia mais ou menos isso: " A reforma política está parada no Congresso porque não se chega a um consenso sobre o voto em lista fechada, que é pré-requisito para o financiamento público exclusivo das campanhas, o qual ajudará a evitar algumas brechas para a corrupção atualmente existentes."

Como diria o açougueiro, vamos por partes.

Primeiro: voto em lista fechada só vai servir para eternizar nos legislativos aqueles políticos ligados às cúpulas partidárias. Apenas eles farão parte das listas, sabe-se lá usando quais meios. Além disso, o voto em lista é contra toda uma tradição do nosso povo de votar em pessoas e não em partidos. Iria virar eleição indireta.

Segundo: o financiamento público exclusivo não garante que os partidos e candidatos deixarão de utilizar-se do caixa 2. Aliás, aí é que essa prática iria se generalizar. Sem contar que os grandes partidos é que receberiam a esmagadora maioria do dinheiro vindo dos cofres públicos, já que a distribuição seria proporcional aos votos na eleição anterior. Ou seja, partidos de oposição em qualquer nível ficariam asfixiados economicamente.

Terceiro: juntando o que foi dito nos itens anteriores, só quem lucraria seria essa elite política que, sob quaisquer discursos, protagoniza a crise moral e de legitimidade que assola os parlamentos brasileiros e, conjuntamente, o governo em todas as suas esferas. E ainda chamam de reforma...

Qualquer coisa que não traga o ajuste da proporcionalidade das bancadas entre os estados e algum tipo de voto distrital, não merece ser chamado de reforma política.

Parece muito mais um acordo "deles com eles mesmos".

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